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21/07/12

• Celulares: "Guerra de preços elevou consumo" + "Cliente compra vários chips" + "No celular, usuário é a vítima"

Olá, WirelessBR e Celld-group!

01.
Transcrevo duas matérias de hoje no Estadão.
O conteúdo é bem conhecido de todos mas os detalhes não deixam de ser interessantes:

Leia na Fonte: Estadão
[21/07/12]   Guerra de preços elevou consumo além da capacidade de operadoras de celular - por Marina Gazzoni e Fernando Scheller

Leia na Fonte: Estadão
[21/07/12]   Cliente compra vários chips para pagar mais barato - por Marina Gazzoni

02.
Ainda no Estadão, anoto no setor de Blogs:

Leia na Fonte: Blog de Ethevaldo Siqueira
[19/07/12]  No celular, usuário é a vítima - por Ethevaldo Siqueira

Este outro texto do Ethevaldo (não transcrito aqui) será publicado no Estadão de domingo (22 jul): Uma palavra à presidente

Comentários?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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Leia na Fonte: Estadão
[21/07/12]   Guerra de preços elevou consumo além da capacidade de operadoras de celular - por Marina Gazzoni e Fernando Scheller

Número de linhas subiu 40% em dois anos, mas investimentos em infraestrutura ficaram aquém do necessário

A guerra de preços entre as operadoras de telefonia móvel nos últimos anos puxou uma expansão do consumo acima da capacidade das redes. O número de linhas subiu 40% entre 2009 e 2011, para 242 milhões, e o consumo médio de dados e voz por usuário explodiu no período. Os investimentos em infraestrutura, porém, ficaram abaixo do necessário e afetaram a qualidade do serviço, segundo especialistas.

"O que temos visto são reclamações de pessoas que tentam ligar, mas a ligação cai. Ou a internet que não funciona. As duas falhas são causadas pela superlotação das antenas", disse João Paulo Bruder, analista de telecomunicações da consultoria IDC.

Na semana passada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou uma intervenção no setor. O órgão proibiu que as operadoras líderes em reclamações em cada Estado vendam novas linhas a partir de amanhã. A medida afetou a TIM, a Claro e a Oi.

"A queda de preços estimulou o aumento das vendas e do uso do telefone. As operadoras investiram, mas, em alguns locais, o uso do celular foi maior do que elas estimaram", disse o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude.

A oferta de planos ilimitados para ligações entre números da mesma operadora fez o brasileiro falar mais ao celular. A novidade, introduzida pela TIM em 2009 com o lançamento do plano Infinity, foi copiada ou adaptada pelas concorrentes.

A população aproveitou. Gilmara Cerqueira, por exemplo, trabalha no turno da noite em um restaurante em São Paulo e fala com amigos durante o trajeto do trabalho até em casa - são três horas e meia no ônibus.

O tempo médio que o brasileiro gasta conversando ao celular saltou 33,7% nos últimos três anos, para 115 minutos por mês em 2011, aponta a Teleco. Com o brasileiro mais tempo ao celular e um número de linhas maior, o tráfego de voz disparou cerca de 85% entre 2009 e 2011. O serviço de dados cresce ainda mais rápido. Em 2010, segundo a Cisco, o tráfego via smartphones subiu 112% sobre o ano anterior.

O preço da banda móvel por celular cai junto, à medida que a população "renova" os aparelhos. No ano passado, 9 milhões de smartphones foram vendidos no Brasil, alta de 84% em relação a 2010, segundo a IDC. As operadoras lançaram a "internet pré-paga ilimitada" a custos reduzidos - R$ 0,33 ao dia pela Oi e R$ 0,50 pela TIM, por exemplo.

As operadoras que terão as vendas interrompidas pela Anatel se disseram "surpresas" com a decisão. A TIM entrou na Justiça para tentar reverter a determinação. Em comunicados, TIM, Claro e Oi informaram que investem bilhões todos os anos em infraestrutura. Mesmo assim, as companhias afirmaram que vão apresentar planos de ação para resolver eventuais falhas e que acelerarão investimentos.

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Leia na Fonte: Estadão
[21/07/12]   Cliente compra vários chips para pagar mais barato - por Marina Gazzoni

Consumidor, que já fala à vontade ao usar várias operadoras, agora almeja um novo passo: o acesso à internet pelo celular

A auxiliar de cozinha Viviane Alves dos Santos, 27 anos, é "viciada" em promoções de operadoras de telefonia. Cada vez que vê uma oferta interessante, compra um chip pré-pago para pagar menos nas ligações -e tenta convencer seus amigos a fazerem o mesmo. Se a promoção acabar ou aparecer outra melhor, ela joga fora o chip. "Já perdi uns 20", conta.

O primeiro celular de Viviane foi da Vivo, comprado há dez anos. Mas, em 2008, quando a Oi chegou a São Paulo, comprou um chip para aproveitar a promoção que dava R$ 20 de bônus por dia. Depois, comprou chips da TIM e da Claro, quando julgou que a promoção valia a pena. Perdeu muitos números por não recarregar a linha, e outros de tanto abrir o celular para substituir o chip para ligar para um número de outra operadora.

Assim como Viviane, muitos consumidores, principalmente da classe C, aproveitaram a guerra de preços das operadoras de telefonia para falar mais ao celular pagando menos. Todas as empresas oferecem desconto para ligações para números da mesma operadora, o que motivou o consumidor a manter mais de uma linha. Isso explica, em parte, porque no Brasil havia em junho 254 milhões de linhas ativas para 190 milhões de habitantes.

"As operadoras entenderam a lógica da classe C e oferecem os produtos certos para eles", disse a diretora executiva da consultoria Plano CDE, Luciana Aguiar. "Mas esse consumidores também não abrem mão da qualidade do serviço. Um dos primeiros fatores que consideram na hora de escolher a operadora é se ela pega no seu bairro", disse.

A estimativa da consultoria é que nove a cada dez jovens de baixa renda tenham telefone celular. E cerca de 20% deles têm mais de uma linha ativa, segundo pesquisa de outubro de 2011 com pessoas de 14 a 30 anos.

Mas não é apenas a população de baixa renda que mantém várias linhas para economizar. O gerente imobiliário Aluizio Delizia e os cinco corretores da empresa mantêm celulares da Claro, Oi, TIM e Vivo. "É um transtorno, mas mantemos as linhas porque as empresas cobram uma tarifa absurda nas chamadas para outras operadoras", disse Delizia, que estima que gastaria o triplo na conta de telefone se tivesse apenas um número.

Uma estratégia agressiva de preço, vendas e marketing puxou o crescimento do mercado de telefonia móvel. A TIM, por exemplo, vende chip de R$ 5 com R$ 10 em crédito. A Oi dá R$ 20 em bônus por dia durante um mês para recarga de R$ 12.

A preferência do brasileiro ainda é pelas linhas pré-pagas, que somam mais de 80% do mercado. Para a executiva da Plano CDE, o serviço se encaixa perfeitamente nas necessidades dos consumidores de baixa renda, que muitas vezes têm renda variável e não querem se comprometer com o pagamento de uma conta mensal. "Esses clientes têm uma percepção de desperdício em relação ao pós-pago. No pré, se não usar, ele não paga nada", explica Luciana.

Rudemberg Costa, que trabalha em uma empresa de eventos, sentiu na pele o que é isso. Ele aderiu a um plano pós-pago da Claro para ligações, mas a conta trouxe também gastos com uso de rádio e web. "Nem sei usar isso", disse Costa, que tentou cancelar a linha e não conseguiu. "Me disseram que só posso cancelar em seis meses. Caí no besteirol da promoção", disse.

A maioria dos clientes de baixa renda ainda não tem internet no celular. Pesquisa da Plano CDE aponta que o acesso à internet é a sétima na lista de uso, atrás de fotos, mensagens e música. Mas a função é a mais desejada por esses consumidores.

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Leia na Fonte: Blog de Ethevaldo Siqueira
[19/07/12]  No celular, usuário é a vítima - por Ethevaldo Siqueira

Em toda essa crise do celular, os maiores prejudicados somos nós, usuários e consumidores. Mas é preciso analisar o problema com o máximo de objetividade e o mínimo de emoção e de viés político.

A suspensão das vendas de novas assinaturas de celulares, como forma de punição às operadoras, era uma tragédia anunciada. E uma ópera com três protagonistas: a agência reguladora, as operadoras e o Procon. O episódio, por mais triste que seja, nos permite fazer uma radiografia do verdadeiro papel e do desempenho de cada um dos players envolvidos. E pode mostrar-nos o que deve ser feito, daqui para frente, para corrigir todos os problemas nas três áreas.

Comecemos pelas operadoras. Sabemos que elas são odiadas, com razão ou sem razão, especialmente em um país em que a maioria acredita, ingenuamente, nas soluções estatais. Mas não há a menor dúvida de que elas precisam, mais do que nunca, melhorar os serviços e o atendimento. Não podem ceder apenas ao apelo da conquista de novos assinantes e da maior fatia de mercado. Precisam, antes de tudo, sim, evitar a degradação dos serviços pelo congestionamento e a inevitável instabilidade do sinal.

Para alcançar esse objetivo, os investimentos devem preceder a expansão. Vale lembrar que o Brasil cresce hoje a um ritmo de 2,5 milhões de novos clientes por mês, ou 30 milhões por ano. Isso significa incluir mais cidadãos do que a Telebrás o fez em 25 anos de existência.

E, por último, mas não menos importante, devem as operadoras tratar o assinante com maior respeito, em especial nos famigerados call centers e não cobrar nada em duplicidade.

Que faz a Anatel?

O segundo problema a ser resolvido é o da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que, a rigor, não fiscaliza os serviços de forma sistemática nem preventivamente. Essa é a verdadeira fiscalização: essencialmente proativa e não reativa. É assim que fazem as melhores agências reguladoras do mundo. Até na área de radiodifusão, a fiscalização da Anatel é precária. Estima-se que o Brasil tenha hoje cerca de 20 mil rádios piratas, funcionando como se fossem rádios comunitárias.

É claro que a Anatel teria que se estruturar para fazer a fiscalização que, por lei, tem o dever de fazer. Mas seu orçamento é insuficiente, visto que corresponde a menos de 20% dos recursos arrecadados anualmente para o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Os 80% restantes são confiscados e canalizados para o ralo do superávit fiscal.

Isso prova que não faltam recursos no governo para essa a fiscalização, previstos pela lei que criou o Fistel. No entanto, a maior parcela desse fundo é desviada para outras finalidades, o que enfraquece a agência e lhe reduz sua eficiência. E pior: o governo não tem nenhum projeto de modernização da agência, nem de aprimoramento de seu papel fiscalizador em âmbito nacional. Na filosofia de um governo que tem como ideologia combater a privatização, é mais fácil esperar a bomba estourar do que prevenir o problema.

A missão do Procon

O terceiro errado nessa história é o Procon, que divulga estatísticas incompletas e distorcidas. De forma primária, ele apresenta números absolutos sem relacioná-los com a base instalada ou com o universo coberto pelos serviços.

Outras vezes, usa números ridículos para retratar uma situação de congestionamento insuportável como a de Porto Alegre, para justificar a punição aplicada contra as operadoras, imagem, com base em 800 reclamações, numa cidade que tem mais de 2 milhões de celulares em serviço. Um índice de 0,04%.

A situação de Porto Alegre mostra um pouco do quadro kafkiano que o País vive nessa área. Lá, uma lei municipal proíbe a instalação de novas antenas pelas operadoras de celular. A lei é tão demagógica que chega a proibir que as antenas sejam voltadas para a fachada dos prédios. Sobre o assunto, nem o Procon gaúcho nem a Anatel mencionam esse absurdo.

A mesma hipocrisia estatística domina o Procon de São Paulo, que registra um total de 78 mil reclamações em todo o primeiro semestre deste ano numa rede de mais de 65 milhões de celulares durante o primeiro semestre deste ano. E se baseia nessas 78 mil queixas registradas em todo o Brasil, no ano passado, para eleger a telefonia celular como o setor “campeão” de reclamações – sem considerar a base instalada, de 253 milhões de celulares em serviço.

Essa é a prova de que o Procon e o Ministério da Justiça usam as estatísticas de forma distorcida, por razões políticas ou ideológicas, para desacreditar o modelo das telecomunicações privadas no Brasil.

O Procon se comporta como um órgão essencialmente chapa branca, que defende o consumidor pela metade, pois só aceita queixas e críticas contra operadoras e empresas privadas – ignorando pura e simplesmente os péssimos serviços públicos estatizados, de saúde, previdência, segurança, educação pública, estradas federais, a burocracia, a corrupção e outros.

E ainda há o caso de operadoras que oferecem ligações com tempo ilimitado pelo preço uma única chamada, como promoção, sem considerar que a infraestrutura existente não comporta o aumento de tráfego. Em alguns casos, como em Porto Alegre, a promoção atraiu centenas de milhares de novos clientes e vem causando um dos maiores congestionamentos no tráfego de ligações. Alguns grandes usuários, como os call centers, passaram a utilizar, ininterruptamente, linhas celulares durante 23 horas por dia. Assim, não há rede capaz de suportar tal insanidade. Que fez a Anatel diante desse quadro? Nada.

A demagogia

Com a punição draconiana da suspensão das vendas de novas assinaturas, o governo quer jogar para a torcida, porque sabe que isso dá ibope, sugerindo que está defendendo o consumidor.

No passado, esse jogo para a torcida não deu nenhum resultado. Em 2009, governo federal iniciou ação administrativa, movida pela Advocacia Geral da União, pelo Ministério Público Federal, pelo Departamento Nacional de Proteção do Consumidor (DNPC), do Ministério da Justiça e pelos Procons de 24 Estados e propôs a punição de duas operadoras de telefonia (Claro e Oi, na área da Brasil Telecom), com uma multa de R$ 300 milhões contra cada uma, acusando essas empresas de terem “descumprido reiteradamente as novas regras de funcionamento dos call centers ou Serviços de Atendimento ao Consumidor (SAC), estabelecidas pelo Decreto nº 6.523, de julho de 2008”.

Alguém pagou essa multa? É claro que não, pois, entre outras razões, a legislação de telecomunicações não permite multa superior a R$ 50 milhões. Daí se conclui que a “punição” foi anunciada para impressionar a opinião pública e dar a ideia de que o governo estava castigando seriamente as operadoras.

Dessa forma, tanto o Ministério da Justiça entra o teatro do celular. Enquanto isso, a Anatel esconde sua omissão como órgão fiscalizador, pois sua obrigação essencial é realizar um trabalho constante e preventivo, supervisionar e diagnosticar permanentemente a qualidade do serviço, a intensidade do sinal, a cobertura e todos os deveres fundamentais das operadoras. Aliás, como fazem as boas agências reguladoras do mundo. Esse diagnóstico pode ser feito até por amostragem, com a medição do sinal e dos níveis de congestionamento, ao longo de cada dia.

Mas, a filosofia dominante do governo parece ser assistir tudo passivamente, esperar que tudo se agrave e só então entrar em cena, para posar de herói e defensor da sociedade. Pobre sociedade.