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WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Índice de 2012 --> "Post"
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08/11/12
• "Marco Civil da Internet" e a "Neutralidade da Rede" (2) - Confusão e novo 
adiamento na votação do "Marco" + Matérias de Mariana Mazza
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
Já estávamos sentindo falta da jornalista Mariana Mazza e ela informa, em 
texto de ontem, que o motivo da ausência foi uma cirurgia.
Votos de ótima recuperação e muita saúde!
02.
Mariana vem tratando do tema "Neutralidade da Internet" há um bom tempo e 
voltou ao assunto ontem, "dia de confusão" na votação do Marco Civil da 
Internet.
Aqui estão suas Colunas no Portal da Band sobre a questão, inclusive a de ontem 
(todas transcritas mais abaixo) com a recomendação de "vale conferir tudo":   
:-)
Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[07/11/12] 
Entrevista de ministro derruba votação do Marco Civil - por Mariana Mazza
[11/10/12] 
Neutralidade: o que dói nas teles é o bolso - por Mariana Mazza
[19/09/12] 
Teles assumem  controle do Marco Civil da Internet - por Mariana Mazza
[30/08/12] 
Como não se ofender? - por Mariana Mazza
[11/07/12] 
Neutralidade: governo pressiona e relator cede - por Mariana Mazza
[10/07/12] 
Neutralidade à brasileira - por Mariana Mazza
[06/07/12] 
Teste sua banda larga - por Mariana Mazza
[12/10/11] 
Direito à neutralidade - por Mariana Mazza
03.
No próximo "post", entre outras, vou repercutir estas duas matérias do portal
Convergência Digital:
Leia na Fonte: Convergência Digital
[07/11/12]
Marco Civil: Neutralidade com o governo, copyright em lei específica - por 
Luís Osvaldo Grossmann
Recorte:
(...) O acerto firmado entre o governo e o relator do projeto do Marco Civil da 
Internet, deputado Alessandro Molon do PT/RJ, não foi suficiente para garantir a 
votação no plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira 07/11. O ruído 
foi grande. As negociações foram retomadas e está acertada nova tentativa para 
terça-feira, dia 13/11 - data perigosa, em função do feriado prolongado de 15 a 
20 de novembro. A falta de quórum é uma preocupação.
Para tentar acelerar o trâmite do projeto, Molon acertou as arestas com o 
governo e retirou do texto as menções ao Comitê Gestor da Internet, deixando em 
seu lugar a previsão de que caberá ao Poder Executivo regulamentar a 
neutralidade de rede.(...)
Leia na Fonte: Convergência Digital
[07/11/12] 
Versão do Marco Civil da Internet que foi ao Plenário da Câmara
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[07/11/12]  
Entrevista de ministro derruba votação do Marco Civil
Fiquei afastada nos últimos 15 dias me recuperando de uma cirurgia, mas volto a 
tempo de comentar a retomada de uma das maiores polêmicas do setor de 
telecomunicações: a votação do Marco Civil da Internet. Estava prevista para 
esta quarta-feira, 7, a votação do relatório do deputado Alessandro Molon 
(PT/RJ), com ajustes selados em uma reunião da cúpula do governo realizada 
ontem.
O texto final não era bem o que as entidades civis que lutam pela aprovação da 
nova lei pretendiam: flexibilizava a proposta original do relator sobre a 
neutralidade de rede, cerne do projeto, retirando a previsão de que o Comitê 
Gestor da Internet no Brasil (CGI/br) deveria opinar sobre o assunto. A 
neutralidade, que gera tanta polêmica, é um princípio usado mundialmente para 
impedir que as empresas prestadoras de Internet discriminem os usuários na web. 
A ideia é tratar todos os pacotes da mesma forma na rede, sejam eles pedidos de 
acesso a páginas de texto, vídeos ou serviços de voz sobre IP. A nova redação 
repassa ao Poder Executivo o dever de regulamentar este princípio. E foi ai que 
a votação naufragou.
Satisfeito com o novo texto acertado com o relator, o ministro das Comunicações, 
Paulo Bernardo, não conseguiu se conter. Organizou uma entrevista onde comemorou 
a iminente aprovação do Marco Civil com um texto mais próximo do que ele, 
Bernardo, defendia. Ou seja, sem qualquer citação ao CGI.br. As agências se 
prontificaram em noticiar a vitória do Ministério das Comunicações, que vinha há 
meses rivalizando com a equipe do Ministério da Justiça sobre qual deveria ser a 
redação final da nova lei.
Acontece que Paulo Bernardo falou demais. Disse aos jornalistas que não seria 
necessária a edição de um decreto para cumprir a nova missão de regulamentar a 
neutralidade, como prevê o rito legal. Sua ideia era outra: transferir para a 
Anatel o poder de decidir os limites do princípio da neutralidade. A declaração 
enfureceu os deputados federais, que se preparavam para iniciar a votação do 
projeto.
Além da precipitação do ministro de comemorar o resultado de uma deliberação que 
sequer havia começado, os deputados não gostaram nada da ideia de o governo já 
estar pensando em transferir o estabelecimento de um parâmetro tão importante 
para uma agência reguladora. Os parlamentares contrários ao Marco Civil fizeram 
a festa e dominaram os debates, acusando o projeto de abrir caminho para a 
censura. A oposição entrou em obstrução e assim a votação foi inviabilizada.
Molon chegou a ser literalmente encurralado pelos assessores do governo quando 
ficou evidente que o acordo estava naufragando. Encostado na parede do Plenário 
da Câmara dos Deputados, o relator ouvia reclamações e pedidos de satisfação dos 
representantes da Casa Civil, da Secretaria de Relações Institucionais, da 
Anatel e das pastas de Comunicação e Justiça. Mas a verdade é que o parlamentar 
pouco poderia fazer naquele momento para reverter a situação criada pela 
entrevista de Bernardo.
Em meio à balbúrdia, Molon chegou a fazer uma reunião com os representantes do 
governo e das demais bancadas na Câmara dos Deputados para tentar fechar um novo 
acordo. Mas, depois de muito confronto, o máximo obtido foi um acerto para que o 
Marco Civil volte à pauta na próxima terça-feira, 13.
O desfecho da sessão de hoje é um exemplo claro de como, na política, não se 
pode comemorar nada antecipadamente. O Ministério das Comunicações estava com o 
jogo ganho, mas a imprudência fez com que as coisas saíssem do controle. Já se 
fala que Bernardo terá que se desmentir, prometendo que não transferirá nada 
para a Anatel, para que a votação realmente ocorra na próxima semana. A promessa 
agora é de que a tal regulamentação prevista na lei será feita por decreto 
presidencial. O que, diga-se de passagem, é o correto. A questão é se os 
deputados vão se convencer de que o compromisso é verdadeiro depois das 
declarações de hoje.
De um jeito estranho, Bernardo conseguiu transformar sua óbvia vitória em uma 
vergonhosa derrota. O ministro pretendia não deixar suas digitais nas restrições 
à neutralidade, mas é exatamente isto que irá ocorrer a partir de agora se o 
governo não conseguir reverter a crise criada entre os parlamentares. A própria 
Anatel, antigo pivô da polêmica, deve estar gostando do novo curso das coisas. 
Afinal, a agência poderá ser a redatora das regras, mas não terá a 
responsabilidade de assinar o documento.
A confusão de hoje também mostra que há muita gente que discorda da ideia de que 
a Anatel deve ser o centro de tudo que, minimamente, envolva as 
telecomunicações. É sempre importante lembrar que o Marco Civil da Internet não 
é apenas uma lei que atinge as teles. É uma legislação sobre direitos civis. 
Mais do que um ambiente de negócios, a Internet é um local de comunicação, de 
cidadania, de liberdade de expressão, de informação. E é o governo eleito quem 
deve se responsabilizar por eventuais restrições a esse ambiente de liberdade de 
comunicação.
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[11/10/12]  
Neutralidade: o que dói nas teles é o bolso - por Mariana Mazza
Mesmo com a votação do Marco Civil da Internet suspensa por pressão das 
companhias telefônicas, diga-se de passagem as grandes teles não conseguem 
dormir tranquilas com o debate sobre a neutralidade de rede batendo à porta. O 
setor continua esperneando contra o princípio que garantirá a todos os 
consumidores de banda larga tratamento isonômico. O debate voltou à tona em um 
painel do evento Futurecom, que está sendo realizado no Rio de Janeiro. E pouca 
coisa mudou no rol de argumentos contra a implementação da neutralidade, fora um 
pequeno detalhe muito bem destacado pelo portal Convergência Digital: tanta má 
vontade tem a ver com dinheiro. Nada mais.
Entre uma reclamação e outra, as teles deixaram escapar que o maior temor é a 
perda de receita no mercado de banda larga caso a neutralidade seja adotada no 
país. O jogo é o seguinte. Hoje, com a prática do traffic shaping jamais 
assumida pelas teles, mas claramente adotada por aqui , as prestadoras de 
serviços de banda larga reduzem a velocidade dos clientes que demandam muito à 
rede, para baixar vídeos ou usar serviços de voz sobre IP (VoIP). Naturalmente, 
este consumidor, se tiver condições financeiras, comprará um pacote mais caro de 
conexão à Internet, na tentativa de, com uma velocidade maior, manter suas 
atividades usuais. E quem lucra com isso são as teles. Com a implementação do 
princípio da neutralidade, esse tipo de controle de tráfego não pode acontecer, 
afetando diretamente o bolso das companhias telefônicas.
Outro efeito doloroso para estas empresas é a necessidade de fazer investimentos 
intensos para manter a qualidade da rede em um mundo onde os clientes não podem 
ser discriminados. No modelo de negócios atual, os executivos podem controlar 
melhor os investimentos, focando os aportes nas áreas em que se encontram os 
consumidores com maior poder aquisitivo. No mundo regulado pelas empresas, os 
ricos podem se dar ao luxo de usar como quiserem a Internet. Afinal, eles estão 
pagando caro por pacotes quase exclusivos. E o resto do povão que se contente 
com uma conexão de baixa velocidade, onde as companhias decidem até onde se pode 
usar a Internet. Nada de vídeo, nada de voz.
O que achei mais engraçado no discurso das teles foi o cenário apocalíptico que 
está sendo traçado para tentar evitar que a neutralidade entre no Marco Civil da 
Internet. Segundo os executivos das teles, o setor pode entrar em colapso caso o 
princípio seja adotado sem a construção de um novo modelo de negócios. E qual 
seria esse novo modelo? Cobrar dos provedores um pedágio toda vez que os 
clientes acessarem dados considerados pesados para a rede. Se isso não for 
feito, segundo as empresas de telefonia, uma crise financeira seria inevitável. 
É hilário. Dizer que um setor que faturou, apenas no primeiro semestre deste 
ano, R$ 105,4 bilhões não suportará tratar todos os consumidores de Internet com 
respeito e honestidade só pode ser uma piada de mau gosto. Este faturamento, 
aliás, é 4,4% maior do que o obtido no mesmo semestre de 2011, segundo a 
Telebrasil. Ou seja, o setor vai muito bem para estar com tanto medo assim.
Por trás da briga em torno da neutralidade extremamente exagerada, como bem 
lembrado pelo presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR 
(NIC.br), Demi Getschko se esconde também a tentativa das teles de controlar 
todos os níveis da cadeia de consumo da Internet. No fim, o sonho deste segmento 
é ter a absoluta gerência desses clientes, estabelecendo quase um sistema 
pay-per-view na web. Se elas não podem controlar o conteúdo acessado na 
Internet, querem ao menos assegurar que lucrarão com cada movimento de sua 
clientela na rede.
Um ponto que os produtores de conteúdo sempre ressaltam com razão é que cobrar 
dos provedores por conta da demanda que eles geram é uma distorção grave do 
mercado. Isso porque as teles agem como se existisse Internet sem conteúdo. Se 
não fossem estes grupos, ninguém compraria conexão em banda larga simplesmente 
porque não haveria nenhum informação circulando na web para ser acessada. Sem 
contar que os provedores já são grandes clientes das empresas de telefonia. 
Afinal todos eles são obrigados a contratar capacidade de rede para existir.
Mas, como sempre, as teles têm no governo um grande aliado na proposta de um 
modelo onde o internauta só acessará o que puder pagar. A Anatel mandou um 
representante para o evento com a missão de avisar que a agência defenderá na 
reunião anual da União Internacional de Telecomunicações (UIT) a filosofia de 
que diferenciar preço por volume ou velocidade não fere a neutralidade. Lá vamos 
nós passar vergonha internacionalmente. O assessor da Anatel ainda complementou 
seu raciocínio dizendo que o princípio da neutralidade só seria maculado se 
houver diferença na qualidade. É um pensamento intrigante. O que seria a 
qualidade da conexão de Internet se não a entrega do serviço dentro da 
velocidade contratada? Desconectar o cliente caso ele navegue demais? Era só o 
que faltava. Isso seria um absurdo, creio eu, até para as teles.
Os deputados federais prometeram retomar a votação do Marco Civil da Internet 
logo após o fim das eleições municipais. Se cumprirem o acordo, o texto pode ser 
aprovado na Câmara dos Deputados ainda neste ano. A sociedade tem acompanhado de 
perto o debate e se manifestado muito em defesa da proposta reformulada pelo 
deputado Alessandro Molon (PT/RJ), que teve a coragem de incluir a neutralidade 
no marco civil. Garantir que o princípio continue previsto no projeto, sem 
distorções, é o mínimo que se espera de um país que até agora tem uma das 
atuações mais elogiadas em todo o mundo no tratamento da Internet. 
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[19/09/12] 
Teles assumem controle do Marco Civil da Internet - por Mariana Mazza
É escandaloso o que está acontecendo com o Marco Civil da Internet. Estava tudo 
pronto para a votação do projeto nessa terça-feira, mas ao cair da noite o pior 
aconteceu. A deliberação do projeto foi adiada para novembro, após a conclusão 
das eleições municipais. O adiamento veio depois de uma intervenção do governo 
federal, que resolveu pressionar a base aliada. As manifestações cada vez mais 
intensas da sociedade pedindo a aprovação rápida do projeto não sensibilizaram o 
governo. Nem mesmo o apoio das maiores empresas de Internet ao texto adiantou.
Ontem, em meio às negociações políticas que minaram a votação, Google, Facebook 
e MercadoLivre divulgaram uma carta aberta cobrando a aprovação do projeto e 
lembrando a importância de ser respeitado o resultado do amplo debate feito com 
a sociedade para o aperfeiçoamento do texto. Na carta, as três gigantes declaram 
franco apoio à filosofia descrita no Decálogo da Internet, um conjunto de 
princípios para a gestão da web produzido pelo Comitê Gestor da Internet no 
Brasil (CGI.br).
O posicionamento público dos grandes portais polariza de uma vez por todas o 
embate que está sendo travado em torno do Marco Civil. No cenário atual está 
evidente que as teles estão de um lado da trincheira e o resto do mundo no 
outro. Mesmo sendo minoria nesta batalha, não se pode subestimar a força da 
tropa telefônica. O adiamento de ontem mostra que, por ora, as teles contam com 
o melhor aliado que poderiam ter: o governo federal.
O cerne da briga é a presença no texto da neutralidade de redes. Para quem não 
está familiarizado com o termo, a neutralidade é um princípio que impede a 
discriminação dos pacotes que são transmitidos nas redes de telecomunicações. 
Com esse princípio em vigor, as companhias telefônicas não podem controlar a 
velocidade de conexão com base no perfil dos consumidores, como muitas vezes é 
feito hoje. A discriminação atinge especialmente os serviços de voz sobre IP 
(VoIP) e downloads.
As teles odeiam a neutralidade, embora digam o contrário em eventos públicos e 
notas oficiais. O jogo das companhias telefônicas tem sido distorcer o conceito, 
alegando que é possível existir neutralidade dentro de determinados limites. Uma 
meia neutralidade, onde elas continuariam discriminando o tráfego na rede, mas 
ainda assim a gestão seria considerada neutra.
A briga ficou mais intensa quando o relator do Marco Civil, deputado Alessandro 
Molon (PT/RJ) decidiu incluir no texto que o CGI.br deve ser ouvido no momento 
do estabelecimento das regras para o cumprimento do princípio da neutralidade. 
Prestem atenção: o CGI.br não teria o direito de impor nenhuma regra, mas apenas 
seria consultado na proposta de Molon. Este pequeno detalhe foi o suficiente 
para o governo começar uma campanha de difamação do comitê e paralisar toda a 
votação do Marco Civil. E o quê o governo quer? Que a Anatel seja a única a ter 
poderes para decidir o que é e o que não é neutro na Internet.
Nesta quarta-feira, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, fez declarações 
fortíssimas para justificar o bloqueio da votação até que a ideia de o CGI.br 
opinar sobre a neutralidade seja retirada do texto. Como é que vai pôr a 
obrigação de ouvir o CGI? Por que o CGI e não a FGV, a Fiesp? Por que nós não 
vamos ouvir a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul? Qual é a lógica?, 
disse o ministro de acordo com o noticiário Teletime. Bernardo teria dito 
inclusive que o CGI.br não teria legitimidade para participar do debate por ser 
, basicamente, uma entidade civil.
Mas, afinal, o que é o CGI? De fato, o comitê não é um órgão de governol. Mas é 
importante lembrar que ele não nasceu apenas da vontade da sociedade (o quê, 
diga-se de passagem, não seria demérito nenhum). O CGI.br foi criado por uma 
portaria do próprio Ministério das Comunicações em 1995 em parceria com o 
Ministério da Ciência e Tecnologia. Mais tarde, em 2003, teve suas atribuições 
ampliadas por decreto presidencial. Na composição do comitê estão representantes 
de todas as pastas que de alguma forma atuam na área de Internet. Inclusive 
representantes da Anatel. Ainda mais importante do que a presença do Estado é o 
fato de o grupo contar com representantes das empresas, da comunidade científica 
e da própria sociedade. Se isso não dá legitimidade para o CGI, não sei o que 
mais é preciso para que um órgão tenha credibilidade no país.
A sociedade deve se perguntar por que ouvir o CGI.br virou algo tão perigoso. 
Não vou questionar a capacidade técnica da Anatel de regular a Internet. A 
questão não é quem baterá o martelo sobre as regras de gestão da web. A 
incógnita é por que tanto empenho em bloquear a possibilidade de um comitê 
democrático emitir sua opinião sobre um assunto com tanto impacto para a 
sociedade. A Internet não é propriedade das teles. Há uma ampla trama econômica 
que funciona sobre a Internet nos dias atuais. E essas empresas já deixaram 
claro que apoiam o texto de Molon. Isso sem contar na enorme mobilização da 
população para que o Marco Civil saia do papel de uma vez por todas. Mas o 
governo tem preferido tratar o assunto como se as teles fossem as únicas 
interessadas neste jogo e sua opinião fosse a única a ser considerada.
Uma coisa é certa: enquanto a votação continuar sendo adiada, os únicos 
vitoriosos são as teles. Questões tão importantes quanto o debate sobre a 
neutralidade continuarão sendo tratadas sem uma regra geral. O Marco Civil da 
Internet abre caminho para a solução de questões muito sérias, como o sigilo de 
dados dos usuários, o combate aos crimes cibernéticos e o papel dos provedores 
no Brasil. Se o projeto for engavetado, tudo isso continuará no limbo das 
decisões caso-a-caso. Muito da proposta se deve ao trabalho feito pelo CGI.br 
nos últimos anos, o que mostra como a opinião deste grupo tem sido importante 
para balizar o uso da Internet no Brasil. Não é possível que todo esse trabalho 
seja perdido porque o governo se acha tão certo que não pode sequer ouvir uma 
segunda opinião. 
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[30/08/12]  
Como não se ofender? - por Mariana Mazza
Ontem teve início o 56o Painel Telebrasil, um dos grandes eventos de telecom 
patrocinado pelas teles fixas e móveis. O presidente da entidade - que também 
comanda a Telefônica -, Antônio Carlos Valente, fez o discurso mais interessante 
da noite. Além da enorme lista de demandas ao governo federal, que sempre surge 
neste tipo de evento, Valente resolveu aproveitar a festa para criticar a 
neutralidade de rede.
A neutralidade é o princípio que determina que todos os pacotes de dados devem 
ser tratados da mesma forma pelas companhias telefônicas na hora de 
transmiti-los na rede. Nada de restringir downloads, acesso a vídeos e voz sobre 
IP, como frequentemente ocorre nos dias atuais. A inclusão desse princípio no 
Marco Civil da Internet tem gerado muita dor de cabeça nas operadoras de 
telecomunicações.
As empresas têm todo o direito de se manifestar contra a neutralidade. O difícil 
de compreender é a tentativa reiterada de distorcer o conceito e criar uma 
“neutralidade sob controle”, que nada mais é do que a manutenção da 
discriminação dos chamados heavy users na Internet. Deixo que o próprio Valente 
explique o novo conceito que as teles tentam emplacar de qualquer jeito. “Ao 
estabelecer um princípio de neutralidade irrestrita, isso pode impedir as 
empresas de buscar novos modelos de negócio”, afirmou o executivo. “A 
neutralidade de rede será plenamente atendida, como já é hoje.”
Como assim “neutralidade irrestrita”? Existe outro meio de ser neutro? A lógica 
aponta que, para ser neutro, a regra tem que valer para todos, sem 
discriminação. Outra pegadinha do discurso é dizer que “hoje já é neutro”. É 
mesmo? Não faz muito tempo comentei aqui sobre a prática do traffic shaping, o 
vilão da neutralidade. Cada vez mais as empresas malandramente reduzem a 
velocidade de sua clientela quando percebem que o usuário tem feito muitos 
downloads ou usado outras funcionalidades que exigem maior capacidade das redes 
de telecomunicações. Não me digam que isso é tratar de forma “neutra” o acesso à 
Internet. Só se no conceito das teles, neutralidade é restringir a velocidade de 
todos os clientes usando qualquer desculpa. A única “neutralidade” que os 
consumidores brasileiros têm visto é que, salvo raríssimas exceções, ninguém 
recebe a velocidade que contratou.
O mais interessante do discurso de Valente foi a consciência de que o que ele 
estava propondo não desce fácil pela garganta de ninguém que defende uma 
Internet de maior qualidade no Brasil. Tanto que o presidente do Telebrasil 
pediu para que ninguém se ofendesse com o que foi dito. “Não se confunda o que 
se acabou de dizer como uma ofensa à neutralidade de rede”. Desculpe-me, 
Valente, mas é uma ofensa sim ao princípio que todos os engenheiros de 
telecomunicações conhecem muito bem.
O jogo de manipular conceitos é muito usado no setor. Um dos casos mais célebres 
foi a amputação da mobilidade dos serviços de WiMAX. Essa tecnologia sem fio é 
absolutamente móvel desde seu nascimento. Mas no Brasil ela é fixa. Como? A 
Anatel criou o conceito de “mobilidade restrita”, que nada mais é do que tratar 
como fixo um serviço que deveria ser móvel. O motivo dessa manobra foi evitar a 
concorrência com os pacotes de Internet móvel das operadoras de celular, que 
usam outras tecnologias.
Distorcer conceitos não só confunde os consumidores como também tira boa parte 
dos ganhos da evolução tecnológica e da possibilidade de uma regulação mais 
justa em favor da sociedade. Se o Brasil não tem coragem para garantir a 
neutralidade das redes, assuma essa responsabilidade ao invés de manipular um 
princípio tão nobre. A crescente demanda por velocidades maiores é realmente um 
desafio para as teles. Mas é um desafio que se resolve com investimento, não com 
discriminação.
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[11/07/12]  
Neutralidade: governo pressiona e relator cede - por Mariana Mazza
É lamentável o que está acontecendo com o Marco Civil da Internet. O texto do 
projeto deveria ter sido votado hoje na Comissão Especial da Câmara dos 
Deputados, mas boa parte dos parlamentares cabulou a sessão, o que adiou para o 
segundo semestre o desfecho da análise. Apenas nove dos 15 membros do grupo 
compareceram à reunião na tarde de hoje. Em ano eleitoral, a ausência dos 
deputados praticamente inviabilizou a votação ainda em 2012, já que o segundo 
semestre do Congresso será esvaziado pelas disputas municipais.
O mais triste nesta história é que o governo federal resolveu intervir no 
processo de elaboração do texto. E a intervenção não foi nada boa. Como todos já 
esperavam, o golpe foi dado em cima da neutralidade de rede. Comentei o assunto 
ontem e a estranha polêmica sobre a decisão do relator do Marco Civil, deputado 
Alessandro Molon (PT/RJ), de privilegiar o Comitê Gestor da Internet no Brasil 
(CGI.br) nas definições do que pode ser tratado como exceção à neutralidade. A 
polêmica é estranha porque analisar os parâmetros de exploração da Internet no 
Brasil e orientar as autoridades são claramente objetivos do órgão desde sua 
criação. A proposta de Molon, no entanto, magoou muita gente. Especialmente as 
empresas telefônicas, que queriam que a Anatel tivesse a incumbência de dizer, 
após a edição da lei, quando as companhias poderão discriminar os clientes.
Pois saibam que o governo escutou as reclamações das empresas. E decidiu que ele 
próprio, por decreto, regulamentará o que é a neutralidade de redes no Brasil. A 
ordem de mudança no texto foi atendida prontamente pelos deputados governistas e 
nas primeiras horas de hoje Molon apresentou um novo relatório, jogando para a 
Presidência da República a missão de estabelecer os parâmetros da neutralidade. 
Para não excluir completamente o CGI.br, o texto agora prevê que o governo 
deverá trabalhar na regulamentação ouvindo as recomendações do comitê. Mas 
lembrem-se: ouvir não é acatar.
Em entrevista ao portal Convergência Digital, Molon garantiu que a neutralidade 
será preservada apesar da mudança no relatório final. A alteração teria sido 
feito após a interpretação do governo de que dar poderes aos CGI.br para 
administrar o cumprimento do princípio da neutralidade seria inconstitucional. 
As teles também fizeram sua parte, ameaçando levar o caso para a Justiça se o 
texto não fosse alterado. "Eliminei o risco da inconstitucionalidade sem ceder 
um milímetro na proteção à neutralidade", assegurou o parlamentar. Mas Molon 
cedeu.
Os bastidores desta polêmica e a rapidez com que o governo agiu sugerem que 
forças muito poderosas estão se mexendo para garantir que a neutralidade seja a 
mais suave possível no Brasil. Gostaria de ver a mesma agilidade na criação de 
subsídios para a análise dos métodos para implantar o princípio da neutralidade. 
Em 2008, a Anatel editou um cronograma estratégico de ações, batizado de Plano 
Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações (PGR). A 
regulamentação da neutralidade está lá, prevista como uma meta de médio prazo 
(cinco anos contados da edição do material). Quatro anos já se passaram e até 
hoje não há notícias dos estudos sobre o tema.
Com relação ao novo método escolhido para a regulamentação da neutralidade - a 
edição de um decreto presidencial -, dois problemas ficam evidentes mesmo para 
os mais distraídos. O primeiro é o tempo que o governo levará para elaborar esse 
decreto. Tenho certeza de que há questões mais urgentes para serem tratadas pela 
Presidência do que resolver, no campo técnico, quais as circunstâncias em que 
poderá ser feita a discriminação dos usuários na rede. Sendo assim, corremos o 
risco de ficar sem essa regulamentação por muito tempo.
O segundo ponto é com relação ao formato da norma. Definir as exceções à 
neutralidade por decreto é blindar essas exceções. Isso porque não é nada fácil 
mudar um decreto, ao contrário de um regulamento da Anatel ou uma orientação, 
ainda que vinculativa, do CGI.br. O governo já cogita usar o decreto para dar à 
Anatel o poder de regulamentar a questão. Só falta a Anatel completar o jogo de 
empurra e repassar para as teles (como fez com a qualidade da banda larga) o 
trabalho de avaliar como a neutralidade deve funcionar. A essa altura do 
campeonato, não duvido de mais nada.
O mesmo Congresso Nacional que aprovou a Lei de Acesso à Informação - um dos 
mais importantes documentos em vigor no Brasil pela garantia do direito civil à 
informação - agora perde a oportunidade de assegurar a democracia na Internet. É 
realmente uma pena.
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Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[10/07/12]  
Neutralidade à brasileira - por Mariana Mazza
Um dos assuntos mais importantes na discussão sobre as regras para a Internet é 
a neutralidade de rede. Esse conceito, em uma explicação superficial, é a 
garantia de que as companhias telefônicas não poderão discriminar as pessoas que 
usam a rede de Internet com base no seu perfil de consumo de dados. Na técnica, 
é a exigência de que todos os pacotes de dados sejam trafegados na rede com a 
mesma velocidade. Ou como bem definia o ex-presidente da Telebrás Rogério 
Santanna, com seu costumeiro bom humor: "Todos os pacotes são iguais perante a 
rede".
Na última coluna tratei do principal vilão da neutralidade: o traffic shaping. 
Essa prática consiste em reduzir a velocidade de conexão da Internet dos 
clientes que fazem muitos downloads, os chamados heavy users. Hoje não há uma 
regra no Brasil com relação ao tratamento da rede. A única ação efetiva até hoje 
foi tomada pela Anatel, que exigiu que a rede da Oi após a compra da Brasil 
Telecom fosse neutra, sob pena de invalidar o negócio.
O tema da neutralidade voltou a causar polêmica por conta das negociações para a 
aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara dos Deputados. O relator do 
projeto, deputado Alessandro Molon (PT/RJ) incluiu na proposta um artigo que 
deixou o governo de cabelo em pé. Molon colocou no texto que o princípio da 
neutralidade deve ser respeitado pelas empresas que atuam no Brasil. Até ai, 
tudo bem. A crise foi porque o deputado entende que é o Comitê Gestor da 
Internet no Brasil (CGI.br) quem deve recomendar quais os requisitos técnicos 
para o cumprimento da regra e não a Anatel, como as companhias (e, pelo visto, o 
governo também) esperavam.
O governo acendeu a luz vermelha. Fez uma reunião emergencial com vários 
ministérios na última sexta-feira e com a Anatel para corrigir o que consideram 
um "erro" no relatório do deputado. Alegam que deixar o poder com o CGI.br seria 
uma inconstitucionalidade, ainda mais sendo o comitê um órgão civil onde as 
companhias telefônicas também estão representadas. Honestamente, não entendo a 
crise.
O CGI.br é mesmo uma entidade civil, mas criada pelo governo exatamente para 
orientar o uso da Internet no Brasil. Sendo assim, nada mais justo do que ser 
ele o fiscal da neutralidade. Com relação à presença das teles no comitê, esse 
aspecto deveria ser considerado uma virtude e não um problema. As teles não 
controlam o comitê. A presença delas torna o grupo democrático e dá ainda mais 
força a suas recomendações. Levantar o fato de que as teles compõe o comitê, 
como se ele fosse uma confraria das empresas privadas, é reduzir o mérito dos 
demais participantes do grupo, pessoas com indiscutível conhecimento técnico da 
área e dedicadas à ajudar o Brasil a ter uma Internet de qualidade. E se a 
presença das teles é realmente um problema, o que dizer da decisão da Anatel de 
colocar na mão das companhias telefônicas (e só delas) o controle da empresa 
aferidora da qualidade na Internet? Não vi o governo reclamando neste caso.
O problema aqui é outro. Não é de hoje que o CGI.br é a ovelha desgarrada do 
rebanho, produzindo relatórios e recomendações sobre a Internet que nada tem 
agradado as autoridades do setor. O processo de esvaziamento do comitê começou 
no debate sobre a qualidade da banda larga quando a Anatel preteriu o sistema de 
medição desenvolvido pelo grupo para adotar um programa importado, com menos 
parâmetros técnicos para a avaliação da velocidade de conexão.
Como tudo leva a crer que o CGI.br também perderá essa batalha, levanto aqui uma 
questão: existe neutralidade de rede se criarmos regras permitindo que, de vez 
em quando, as empresas discriminem os consumidores? Faço a pergunta porque será 
este o desfecho do impasse sobre a neutralidade. Provavelmente a Anatel ficará 
com o papel de controlar o cumprimento da regra. E, como é praxe, editará um 
regulamento definindo as exceções ao princípio da neutralidade. Podemos acabar 
vendo a validação do traffic shaping em "circunstâncias especiais". E assim, a 
neutralidade existirá só por escrito. Será uma neutralidade à brasileira, onde 
todos são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros.
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Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[06/07/12]  
Teste sua banda larga - por Mariana Mazza
Inspirada em meu amigo Luiz Queiroz - que também compartilha a missão de 
acompanhar as peripécias do setor de telecomunicações à frente do portal 
Convergência Digital - resolvi testar a velocidade da minha conexão de banda 
larga nesta sexta-feira. Queiroz postou hoje em seu blog 
(www.capitaldigital.blog.br) a descoberta de que a GVT não está entregando a 
velocidade que ele contratou. Então, lá fui eu checar se meu colega era um 
azarado ou se as empresas relaxaram mesmo na oferta de banda larga. E, 
infelizmente, constatei que o problema na entrega não é exclusividade do meu 
amigo.
Assino hoje um plano de 15 Mbps de download e 1 Mbps de upload. No teste, só 
estão me entregando 4 Mbps e a velocidade de upload atingiu risíveis 78 kbps. A 
situação descrita por Queiroz é ainda pior: em um plano contratado de 35 Mbps, a 
GVT está entregando apenas 8 Mbps de download. O divertido da história é ouvir 
as atendentes da empresa - muito educadas e bem treinadas, vale dizer - se 
desdobrando para encontrar uma desculpa para a falha. Vale tudo: problemas no 
modem; roteador que não foi fornecido pela companhia, oscilação na rede em 
horário de pico... Menos a admissão de que a empresa não está entregando o 
serviço pelo qual pagamos. E pagamos caro!
Depois de meia hora de conversa, meu problema foi resolvido em parte. O de 
Queiroz, não. Quando o assunto é banda larga, os pacotes seguem uma lógica 
triste: quanto mais alta a velocidade, mais problemas. Da jornada de testes, 
fica a impressão de que as empresas podem estar vendendo pacotes que não são 
compatíveis com a rede que possuem nas cidades, confiando que os clientes não 
perceberão a queda na velocidade. E, de fato, é difícil perceber o "roubo" 
quando estamos apenas navegando na Internet, sem precisar da conexão para 
serviços mais complexos como subir vídeos ou baixar programas pesados.
Outra impressão é que o traffic shaping continua sendo utilizado sem nenhum 
pudor. Para quem não está familiarizado com o termo, trata-se de uma política de 
redução da velocidade dos clientes quando muitos downloads são feitos no mesmo 
endereço IP. Funciona como uma espécie de punição dos chamados heavy users, 
especialmente lan houses que conectam muitos usuários ao mesmo tempo. Apesar de 
não ser proibido, o traffic shaping é uma prática condenável por limitar 
veladamente a navegação dos clientes. Sempre que me vejo vítima dessa prática, 
me vem a pergunta: pra que uma pessoa vai contratar uma velocidade alta de banda 
larga se não é para fazer downloads mais rápidos? E se é tão óbvio que, tendo 
uma banda larga de 15 Mbps vou fazer downloads, por que a empresa se acha no 
direito de se surpreender com isso e me "censurar", reduzindo minha velocidade? 
Não faz sentido.
Ou melhor, faz sentido apenas para as companhias telefônicas, que cobram o mesmo 
preço no fim do mês, independentemente da velocidade ter sido entregue como 
combinado no contrato. A experiência de hoje me deixou ainda mais curiosa sobre 
o funcionamento da aferição da banda larga que a Anatel pretende fazer, em 
parceria com as empresas, diga-se de passagem. Serão as próprias companhias quem 
dirão se a banda larga no Brasil tem qualidade ou não. Particularmente, não 
consigo ver como isso vai dar certo.
A moral da história é que o cliente de banda larga tem que ficar de olho na 
qualidade do serviço que contratou e periodicamente testar a velocidade da 
conexão. Há vários sistemas para avaliar a conexão. O recomendado pela Anatel é 
o SpeedTest (www.speedteste.net). A Vivo (ex-Telefônica) encaminha o cliente 
para o SpeedTest. No portal da Oi, a empresa recomenda outro teste, o do Brasil 
Banda Larga (www.brasilbandalarga.com.br). Já a GVT possui um medidor próprio, o 
TestePower (www.testepower.com.br). O meu favorito ainda é o Sistema de Medição 
de Tráfego Internet (SIMET), elaborado pelo Grupo Gestor da Internet no Brasil 
(CGI.br) e que pode ser acessado no endereço simet.nic.br. Quanto mais testes o 
cliente fizer, melhor. Afinal, se estamos pagando pelo serviço, as empresas têm 
que entregar o combinado, não é mesmo?
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Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[12/10/11]
 Direito à neutralidade - por Mariana Mazza
Existem muitas discussões mundo afora sobre regular ou não a Internet. Mas 
provavelmente a mais polêmica é a sobre neutralidade de rede, conceito 
desconhecido de muitos navegantes da web. Basicamente, a neutralidade das redes 
é a proibição de que as empresas que prestam os serviços de acesso dêem 
tratamento diferenciado aos clientes de acordo com o que eles acessam na 
Internet. Um exemplo simples é reduzir a velocidade de quem gosta de baixar 
vídeos na Internet.
Essa prática de controlar a velocidade para conter os usuários que fazem muitos 
downloads chama-se traffic shaping ou controle de tráfego, priorizando alguns 
clientes em detrimento de outros. O traffic shaping é uma política empresarial 
condenada em muitos países. Aqui no Brasil, as autoridades criticam essa 
prática, mas não há nada que proíba as empresas de executá-la.
As teles negam, mas a realidade mostra que o traffic shaping já faz parte do 
nosso mercado. Tenho certeza que muitos leitores já perceberam que sua conexão 
na Internet acaba caindo de qualidade ao longo do mês. Como a qualidade do 
serviço não é lá as mil maravilhas, os consumidores acabam achando que isso é 
uma simples falha de rede. Não, não é. É controle de tráfego.
Especialmente as empresas de telefonia móvel que vendem banda larga 3G colocam 
no contrato um "limite de download". Se a pessoa ultrapassa esse teto, a empresa 
pode reduzir a velocidade de conexão. Isso é traffic shapping. Por incrível que 
pareça, essa prática foi chancelada pelo Ministério das Comunicações neste ano, 
quando o governo assinou acordos com as teles para o projeto de banda larga 
popular, já comentado aqui na coluna.
Mas as empresas querem mais. O SindiTelebrasil, sindicato patronal que 
representa as teles, quer que a Anatel coloque em regulamento regras que deixem 
claro que as empresas podem discriminar os clientes da Internet e escolher para 
quem oferecerá seus melhores serviços. Segundo a entidade, é preciso adotar 
medidas para controlar o consumo, pois as redes não agüentariam o uso "ilimitado 
e desordenado" dos clientes. Ora, era só o que faltava. A grande maioria da 
população do Brasil sequer tem acesso à Internet e as empresas já estão falando 
em colapso? Não é possível.
O ex-presidente da Telebrás Rogério Santanna tem um lema que gosto muito e que 
representa bem o princípio que deve ser seguido nessa discussão. "Todos os 
pacotes são iguais perante a rede", dizia ele. É isso mesmo. Não tem cabimento 
dar o direito às empresas de decidir se vamos ou não baixar um vídeo na 
Internet, se podemos ver um filme no computador, se estamos consumindo 
informação digital demais. É importante que os internautas se informem e se 
manifestem sobre o assunto, exigindo do governo que a neutralidade seja um 
princípio legal no Brasil. Senão, vamos acabar deixando que as teles decidam até 
como navegaremos na Internet.