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25/09/12
• "Marco Civil da Internet" e a "Neutralidade da Rede" (1) - Comentário de 
Mariana Mazza
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
Crimes Digitais, "Marco Regulatório da Internet", Neutralidade da Internet, 
Marco Civil da Internet... os nomes e os assuntos se entrelaçam.
Estes temas têm sido debatidos à exaustão em nossos Grupos ao longo do tempo e 
muitos registros estão colecionados
aqui, - ou podem ser pesquisados
aqui, no 
WirelessBRASIL.
Transcrevo abaixo mais um bom texto de Mariana Mazza, que retorna ao assunto, 
com a desenvoltura e contundência de sempre:
Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[19/09/2012] 
Teles assumem controle do Marco Civil da Internet - por Mariana Mazza
Três recortes, como aperitivo:   :-)
(...) É escandaloso o que está acontecendo com o Marco Civil da Internet. Estava 
tudo pronto para a votação do projeto nessa terça-feira, mas ao cair da noite o 
pior aconteceu. A deliberação do projeto foi adiada para novembro, após a 
conclusão das eleições municipais. O adiamento veio depois de uma intervenção do 
governo federal, que resolveu pressionar a base aliada. As manifestações cada 
vez mais intensas da sociedade pedindo a aprovação rápida do projeto não 
sensibilizaram o governo. Nem mesmo o apoio das maiores empresas de Internet ao 
texto adiantou.(...)
(...) O cerne da briga é a presença no texto da neutralidade de redes. Para quem 
não está familiarizado com o termo, a neutralidade é um princípio que impede a 
discriminação dos pacotes que são transmitidos nas redes de telecomunicações. 
Com esse princípio em vigor, as companhias telefônicas não podem controlar a 
velocidade de conexão com base no perfil dos consumidores, como muitas vezes é 
feito hoje. A discriminação atinge especialmente os serviços de voz sobre IP 
(VoIP) e downloads. (...)
(...) A briga ficou mais intensa quando o relator do Marco Civil, deputado 
Alessandro Molon (PT/RJ) decidiu incluir no texto que o CGI.br deve ser ouvido 
no momento do estabelecimento das regras para o cumprimento do princípio da 
neutralidade. Prestem atenção: o CGI.br não teria o direito de impor nenhuma 
regra, mas apenas seria consultado na proposta de Molon. Este pequeno detalhe 
foi o suficiente para o governo começar uma campanha de difamação do comitê e 
paralisar toda a votação do Marco Civil. E o quê o governo quer? Que a Anatel 
seja a única a ter poderes para decidir o que é e o que não é neutro na 
Internet.(...)
02.
E aqui, um coleção de matérias recentes, para ajudar na  "ampliação dos 
horizontes" e formação da opinião :  :-)
Leia na Fonte: Teletime
[18/09/12] 
Em carta aberta, gigantes da Internet apoiam Marco Civil - por Helton 
Posseti
Leia na Fonte: Convergência Digital 
[18/09/12] 
Google, Facebook e MercadoLivre lançam carta aberta a favor do Marco Civil da 
Internet 
Leia na Fonte: Teletime
[19/09/12] 
Regulamentação da neutralidade tem de ficar com a Anatel, diz Bernardo - por 
Helton Posseti e Samuel Possebon
Leia na Fonte: Convergência Digital 
[18/09/12] 
Provedores Internet saem em defesa do Marco Civil e da neutralidade - por 
Luís Osvaldo Grossmann
Leia na Fonte: Convergência Digital 
[18/09/12] 
Neutralidade emperra votação do Marco Civil da Internet - por Luís Osvaldo 
Grossmann
Leia na Fonte: Teletime
[18/09/12] 
Governo não quer misturar CGI e neutralidade; Marco Civil deve ficar para 
novembro - por Samuel Possebon
Leia na Fonte: Teletime / Revista - edição 153 - Abril 
2012
[31/05/12]  
Um marco para a Internet (Entrevista com o deputado Alessandro Molon, 
relator do Projeto) - por Helton Posseti e Samuel Possebon
Leia na Fonte: Portal da Band / Colunas
[17/07/12]  
Neutralidade: governo pressiona e relator cede - por Mariana Mazza
Leia na Fonte: Portal da Band / Colunas
[10/07/12]  
Neutralidade à brasileira - por Mariana Mazza
Comentários?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[19/09/2012]
Teles assumem controle do Marco Civil da Internet - por Mariana Mazza (foto)
É 
escandaloso o que está acontecendo com o Marco Civil da Internet. Estava tudo 
pronto para a votação do projeto nessa terça-feira, mas ao cair da noite o pior 
aconteceu. A deliberação do projeto foi adiada para novembro, após a conclusão 
das eleições municipais. O adiamento veio depois de uma intervenção do governo 
federal, que resolveu pressionar a base aliada. As manifestações cada vez mais 
intensas da sociedade pedindo a aprovação rápida do projeto não sensibilizaram o 
governo. Nem mesmo o apoio das maiores empresas de Internet ao texto adiantou.
Ontem, em meio às negociações políticas que minaram a votação, Google, Facebook 
e MercadoLivre divulgaram uma carta aberta cobrando a aprovação do projeto e 
lembrando a importância de ser respeitado o resultado do amplo debate feito com 
a sociedade para o aperfeiçoamento do texto. Na carta, as três gigantes declaram 
franco apoio à filosofia descrita no Decálogo da Internet, um conjunto de 
princípios para a gestão da web produzido pelo Comitê Gestor da Internet no 
Brasil (CGI.br).
O posicionamento público dos grandes portais polariza de uma vez por todas o 
embate que está sendo travado em torno do Marco Civil. No cenário atual está 
evidente que as teles estão de um lado da trincheira e o resto do mundo no 
outro. Mesmo sendo minoria nesta batalha, não se pode subestimar a força da 
tropa telefônica. O adiamento de ontem mostra que, por ora, as teles contam com 
o melhor aliado que poderiam ter: o governo federal.
O cerne da briga é a presença no texto da neutralidade de redes. Para quem não 
está familiarizado com o termo, a neutralidade é um princípio que impede a 
discriminação dos pacotes que são transmitidos nas redes de telecomunicações. 
Com esse princípio em vigor, as companhias telefônicas não podem controlar a 
velocidade de conexão com base no perfil dos consumidores, como muitas vezes é 
feito hoje. A discriminação atinge especialmente os serviços de voz sobre IP 
(VoIP) e downloads.
As teles odeiam a neutralidade, embora digam o contrário em eventos públicos e 
notas oficiais. O jogo das companhias telefônicas tem sido distorcer o conceito, 
alegando que é possível existir neutralidade dentro de determinados limites. Uma 
meia neutralidade, onde elas continuariam discriminando o tráfego na rede, mas 
ainda assim a gestão seria considerada neutra.
A briga ficou mais intensa quando o relator do Marco Civil, deputado Alessandro 
Molon (PT/RJ) decidiu incluir no texto que o CGI.br deve ser ouvido no momento 
do estabelecimento das regras para o cumprimento do princípio da neutralidade. 
Prestem atenção: o CGI.br não teria o direito de impor nenhuma regra, mas apenas 
seria consultado na proposta de Molon. Este pequeno detalhe foi o suficiente 
para o governo começar uma campanha de difamação do comitê e paralisar toda a 
votação do Marco Civil. E o quê o governo quer? Que a Anatel seja a única a ter 
poderes para decidir o que é e o que não é neutro na Internet.
Nesta quarta-feira, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, fez declarações 
fortíssimas para justificar o bloqueio da votação até que a ideia de o CGI.br 
opinar sobre a neutralidade seja retirada do texto. Como é que vai pôr a 
obrigação de ouvir o CGI? Por que o CGI e não a FGV, a Fiesp? Por que nós não 
vamos ouvir a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul? Qual é a lógica?, 
disse o ministro de acordo com o noticiário Teletime. Bernardo teria dito 
inclusive que o CGI.br não teria legitimidade para participar do debate por ser 
, basicamente, uma entidade civil.
Mas, afinal, o que é o CGI? De fato, o comitê não é um órgão de governol. Mas é 
importante lembrar que ele não nasceu apenas da vontade da sociedade (o quê, 
diga-se de passagem, não seria demérito nenhum). O CGI.br foi criado por uma 
portaria do próprio Ministério das Comunicações em 1995 em parceria com o 
Ministério da Ciência e Tecnologia. Mais tarde, em 2003, teve suas atribuições 
ampliadas por decreto presidencial. Na composição do comitê estão representantes 
de todas as pastas que de alguma forma atuam na área de Internet. Inclusive 
representantes da Anatel. Ainda mais importante do que a presença do Estado é o 
fato de o grupo contar com representantes das empresas, da comunidade científica 
e da própria sociedade. Se isso não dá legitimidade para o CGI, não sei o que 
mais é preciso para que um órgão tenha credibilidade no país.
A sociedade deve se perguntar por que ouvir o CGI.br virou algo tão perigoso. 
Não vou questionar a capacidade técnica da Anatel de regular a Internet. A 
questão não é quem baterá o martelo sobre as regras de gestão da web. A 
incógnita é por que tanto empenho em bloquear a possibilidade de um comitê 
democrático emitir sua opinião sobre um assunto com tanto impacto para a 
sociedade. A Internet não é propriedade das teles. Há uma ampla trama econômica 
que funciona sobre a Internet nos dias atuais. E essas empresas já deixaram 
claro que apoiam o texto de Molon. Isso sem contar na enorme mobilização da 
população para que o Marco Civil saia do papel de uma vez por todas. Mas o 
governo tem preferido tratar o assunto como se as teles fossem as únicas 
interessadas neste jogo e sua opinião fosse a única a ser considerada.
Uma coisa é certa: enquanto a votação continuar sendo adiada, os únicos 
vitoriosos são as teles. Questões tão importantes quanto o debate sobre a 
neutralidade continuarão sendo tratadas sem uma regra geral. O Marco Civil da 
Internet abre caminho para a solução de questões muito sérias, como o sigilo de 
dados dos usuários, o combate aos crimes cibernéticos e o papel dos provedores 
no Brasil. Se o projeto for engavetado, tudo isso continuará no limbo das 
decisões caso-a-caso. Muito da proposta se deve ao trabalho feito pelo CGI.br 
nos últimos anos, o que mostra como a opinião deste grupo tem sido importante 
para balizar o uso da Internet no Brasil. Não é possível que todo esse trabalho 
seja perdido porque o governo se acha tão certo que não pode sequer ouvir uma 
segunda opinião. 
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Leia na Fonte: Teletime
[18/09/12] 
Em carta aberta, gigantes da Internet apoiam Marco Civil - por Helton 
Posseti
Diante da iminente aprovação do Marco Civil da Internet em comissão especial da 
Câmara dos Deputados, Google, Facebook e Mercado Livre divulgaram uma carta 
aberta em que manifestam o apoio ao projeto. Para os signatários da carta, o 
Marco Civil é um projeto de lei moderno, com texto composto de princípios 
reconhecidos globalmente como um sólido arcabouço para fomentar uma Internet 
livre e equilibrada.
A carta ressalta que o texto do projeto de lei foi inspirado no decálogo da 
Internet, dez princípios fundamentais criados pelo CGI para embasar o 
desenvolvimento da Internet no Brasil. Também são mencionadas as salvaguardas 
estabelecidas aos provedores de aplicações para que não sejam repsonsabilizados 
pelo contúdo publicado pelos seus usuários.
Em relação à remoção de conteúdo impróprio, a carta explica que o Marco Civil 
deixa aberto aos provedores implementarem as suas políticas de remoção 
voluntária de conteúdo, sem prejuízo de serem punidos por deixarem de cumprir 
ordens judiciais nesse sentido.
Não é feita nenhuma menção direta à polêmica da neutralidade de rede. A carta 
diz apenas que o "Marco Civil contempla adequadamento todos os participantes do 
ecossistema on line". Para Google, Facbook e Mercado Livre, o texto do projeto 
"assegura a proteção da rede, fomenta a inovação on line e protege o direito dos 
usuários, sempre com observância do devido processo legal e, com isso, 
estabelece a imprescindível segurança jurídica necessária para o crescimento da 
economia digital e da Internet no Brasil".
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Leia na Fonte: Convergência Digital 
[18/09/12] 
Google, Facebook e MercadoLivre lançam carta aberta a favor do Marco Civil da 
Internet 
Google, Facebook e MercadoLivre lançaram, nesta terça-feira (18/), uma carta 
aberta de apoio a aprovação do Marco Civil da Internet - que está em processo de 
votação no Congresso Nacional. Para as empresas, a proposta é fundamental; 
aumentaria as possibilidades de investimentos e consequente aumento na geração 
de empregos e renda.
Segundo ainda as gigantes da Internet, o Marco Civil, se aprovado, também 
facilitaria a investigação e punição de crimes praticados via internet, de 
acordo com o devido processo legal, sem perder de vista o objetivo maior: 
estabelecer um sistema equilibrado de preservação de dados e registros que 
possibilite a obtenção de provas sem ofensa à privacidade e à liberdade de 
expressão.
No informe ao mercado, as empresas afirmam: "O Google, o Facebook e o 
MercadoLivre acreditam na Internet e em sua capacidade de trazer melhorias à 
sociedade, e querem que a inovação seja fomentada. Com esse conjunto de leis, 
teremos o alicerce que vai sustentar o crescimento da economia digital do país, 
com respeito à liberdade de expressão, sem controle prévio dos conteúdos online 
e estabelecendo com clareza a responsabilidade de cada voz na Internet".
Veja íntegra da carta:
Carta de Apoio ao Marco Civil da Internet
18 de Setembro 2012
O Google, o Facebook e o MercadoLivre apoiam o Marco Civil da Internet, 
resultado de riquíssimo debate que resultou em um projeto de lei moderno, com 
texto composto de princípios reconhecidos globalmente como um sólido arcabouço 
para fomentar uma Internet livre e equilibrada, preocupada tanto com a inovação 
quanto com direitos fundamentais. Abaixo, destacam-se seus principais pontos:
1) Inspiração no “Decálogo da Internet”: o Marco Civil tem como inspiração os 
dez princípios fundamentais estabelecidos pelo Comitê Gestor da Internet no 
Brasil para embasar as ações para o desenvolvimento da Internet em nosso país.
2) Objeto de ampla consulta pública: indagou-se à comunidade de usuários, 
empresas, sociedade civil e ao público em geral quais temas deveriam fazer parte 
de um marco regulatório civil para a Internet no Brasil e, com apoio nessas 
contribuições, um texto-base do projeto de lei foi apresentado à sociedade e 
submetido à consulta aberta, resultando em centenas de contribuições e 
manifestações – todas elas publicadas online no endereço 
http://culturadigital.br/marcocivil.
3) Garantia dos direitos dos usuários: O Marco Civil assegura diversos direitos 
aos usuários da Internet, destacando-se a inviolabilidade e sigilo de suas 
comunicações pela Internet, salvo por ordem judicial; a não suspensão da conexão 
à Internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização; a 
manutenção da qualidade contratada da conexão à Internet; informações claras e 
completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com previsão 
expressa sobre o regime de proteção aos seus dados pessoais, aos registros de 
conexão e de acesso a aplicações de Internet; não fornecimento a terceiros de 
seus registros de conexão e de acesso a aplicações de Internet, salvo mediante 
consentimento ou nas hipóteses previstas em lei.
4) Salvaguardas de responsabilidade: o Marco Civil estabelece que provedores de 
aplicações na Internet não são responsáveis pelo conteúdo publicado por seus 
usuários, modelo regulatório que é igualmente adotado em todo o mundo, com 
destaque para os Estados Unidos e a Europa. Diversos fatores econômicos, sociais 
e jurídicos justificam a isenção de responsabilidade para provedores, pois do 
contrário haveria retração do uso de ferramentas e plataformas online, com 
prejuízos diretos aos usuários. Abaixo destacamos, sinteticamente, alguns desses 
fatores:
a) Provedores de serviços na Internet têm uma importante função social. Serviços 
e plataformas online transformaram o cenário social e político, facilitando a 
comunicação e o acesso ao governo e criando novas possibilidades de interação, 
organização e mobilização social, na maioria dos casos por meio de serviços e 
plataformas gratuitos ou de baixo custo. As recentes reformas políticas e a 
queda de regimes totalitários em diversos países do mundo, parcialmente 
facilitadas pelo uso de ferramentas online, evidenciam o potencial 
democratizante da Internet.
b) A proteção dos provedores promove a liberdade de expressão, o acesso à 
informação, à educação e à cultura. A Internet possibilita que pessoas expressem 
suas opiniões sem interferências, recebendo e compartilhando informações 
livremente, promovendo a integração regional, a inclusão social e o rompimento 
de barreiras sócio-econômicas. O conteúdo gerado por usuários e disponibilizado 
por meio de serviços e plataformas oferecidas pelos provedores representa, hoje, 
uma das principais formas de expressão, fomentando o pensamento crítico e o 
estabelecimento de novas comunidades. Se o risco de responsabilidade forçar 
provedores a fechar espaços ou a desativar ferramentas que viabilizam essas 
formas de atividade, todo o potencial desses espaços e dessas ferramentas é 
desperdiçado, invertendo-se a lógica de que a Internet é uma das maiores 
conquistas tecnológicas da humanidade para presumir, perigosa e falsamente, que 
ela apenas serve para a prática de atos ilícitos.
c) Provedores de serviços na Internet exercem grande variedade de papéis 
econômicos. Além de gerar empregos e tributos por meio de novos modelos de 
negócio e de constante inovação, os provedores fomentam o comércio de bens e 
serviços, ampliam o acesso de consumidores à informação e criam novos canais de 
interação com fornecedores. Os serviços gratuitos ou de baixo custo oferecidos 
pelos provedores inserem na economia digital microempresas, empreendedores e 
pessoas físicas, reduzindo tanto os custos para o empresário quanto os preços 
para o consumidor.
d) A proteção dos provedores fomenta a inovação nacional. A próxima revolução 
online é apenas uma ideia neste momento. A inovação na Internet depende da 
existência de um sistema jurídico equilibrado que proteja provedores de 
responsabilidade pelos atos de seus usuários. A ausência de salvaguardas aumenta 
tremendamente os custos para empreendedores, pequenas empresas e startups 
brasileiras, criando disparidades que inviabilizam a inovação nacional e 
afugentam investimentos estrangeiros. A insegurança jurídica sobre este tema tem 
sido um dos principais obstáculos ao desenvolvimento de serviços e plataformas 
nacionais na Internet por pequenos empresários e empreendedores brasileiros, 
pois salvaguardas se aplicam a todos os provedores - grandes, médios ou pequenos 
- e são essenciais para o oferecimento de novos serviços e plataformas online.
5) Remoção voluntária ou judicial de conteúdo: é fundamental entender que o 
Marco Civil não diz que remoção de conteúdo somente pode ocorrer por força de 
ordem judicial. O texto afirma que o provedor pode ser responsabilizado em caso 
de descumprimento de ordem judicial de remoção forçada de conteúdo e não que a 
remoção de conteúdo somente pode ocorrer por ordem judicial. Cada provedor 
continua livre para implementar as políticas que entender pertinentes para 
remoção voluntária de conteúdo.
6) Combate efetivo a crimes e atos ilícitos online: o Marco Civil permite que 
crimes e atos ilícitos praticados por meio da Internet sejam investigados e 
punidos com efetividade e de acordo com o devido processo legal, estabelecendo 
um sistema equilibrado de preservação de dados e de registros de conexão e de 
acesso que possibilita a obtenção de provas válidas e a proteção da privacidade, 
com exigência de ordem judicial para a revelação de dados dos usuários para fins 
de investigação.
7) Segurança jurídica: O Marco Civil contempla adequadamente todos os 
participantes do ecossistema online. O texto atual do projeto de lei assegura a 
proteção da rede, fomenta a inovação online e protege os direitos dos usuários, 
sempre com observância do devido processo legal e, com isso, estabelece a 
imprescindível segurança jurídica necessária para o crescimento da economia 
digital e da Internet no Brasil. Por esses motivos, pensamos que o Marco Civil 
da Internet é um bom exemplo do melhor caminho a seguir quando se pensa em 
regulação da Internet.
Atenciosamente,
Fabio Coelho, Presidente, Google Brasil
Alexandre Hohagen, Vice-presidente do Facebook para América Latina
Stelleo Tolda, COO, MercadoLivre.com
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Leia na Fonte: Teletime
[19/09/12] 
Regulamentação da neutralidade tem de ficar com a Anatel, diz Bernardo - por 
Helton Posseti e Samuel Possebon
Para o ministro das Comunicações Paulo Bernardo, o governo defende a 
neutralidade de rede, como foi proposto na redação original do Marco Civil da 
Internet enviado ao Congresso. Quanto à regulamentação das condições à 
neutralidade de rede, prevista do Marco Civil da Internet, segundo o ministro, 
elas devem ser elaboradas pela Anatel. E, mais do que isso, o ministro é contra 
qualquer referência ao ao Comitê Gestor de Internet (CGI) nesse aspecto, como 
sugere o relatório do deputado Alessandro Molon. O relatório diz que as 
condições da neutralidade serão dadas por decreto presidencial, "ouvido" o CGI.
"Como é que vai pôr a obrigação de ouvir o CGI? Por que o CGI e não a FGV, a 
Fiesp? Por que nós não vamos ouvir a Federação do Arrozeiros do Rio Grande do 
Sul? Qual é a lógica?", questiona o ministro, em entrevista a este noticiário. 
Bernardo afirma que o CGI é um órgão com caráter de organização social, "uma 
ONG", que não tem poder para assumir funções de normatização do Estado. "Tem que 
ser da Anatel (o papel de regular a neutralidade). Não vejo nem por que surgiu 
essa dúvida. A Anatel é um órgão de Estado, com pessoas indicadas pela 
presidenta que passam por sabatina no Senado e quadro técnico de carreira. É um 
órgão caracterizado como de Estado, faz reuniões públicas, se enquadra na Lei de 
Acesso à Informação e toma decisões após consulta pública", argumenta ele.
Por outro lado, para o ministro, a neutralidade não deve permitir que as 
empresas donas da infraestrutura façam acordos com os provedores de conteúdo 
para privilégio de tráfego que acabem por prejudicar empresas menores ou 
concorrentes. "O que é razoável é o gerenciamento técnico. Tirando isso, não 
pode haver nenhum tipo de discriminação", diz ele.
O Marco Civil da Internet estava previsto para ser votado em comissão especial 
nesta quarta, 19, mas o deputado Alessandro Molon (PT/RJ) decidiu cancelar a 
sessão diante da falta de acordo justamente sobre essa questão. A expectativa é 
que o tema volte à pauta do Congresso após o primeiro turno das eleições 
municipais.
Helton Posseti e Samuel Possebon
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Leia na Fonte: Convergência Digital 
[18/09/12] 
Provedores Internet saem em defesa do Marco Civil e da neutralidade - por 
Luís Osvaldo Grossmann
Os provedores regionais de Internet divulgaram nesta quinta-feira, 20/9, uma 
carta aberta em apoio ao Marco Civil da Internet e, especialmente, à garantia de 
neutralidade de rede, como prevista no projeto de lei em – complicada – 
discussão na Câmara dos Deputados.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e 
Telecomunicações (Abrint), Basílio Perez, “é preciso que a lei traga uma 
definição clara do que é neutralidade, de forma que o tráfego não possa ser 
discriminado”.
Para Perez, a clareza na lei também seria uma forma de evitar a leitura da 
Anatel sobre o tema. “Deixar isso com a Anatel seria o pior dos cenários”, 
acredita. Ele insiste que o conceito não pode ser frágil a ponto de permitir 
degradações que fujam a critérios essencialmente técnicos ou que sejam baseadas 
em conteúdo ou mesmo acordos comerciais.
Leia a íntegra da carta da Abrint:
“Tendo em vista o adiamento da votação do Marco Civil 
da Internet, legislação essencial para definir regras comerciais e políticas de 
utilização da rede mundial de computadores, a Associação Brasileira de 
Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT) vem a público reiterar sua 
posição:
No entendimento dos provedores regionais de internet, a neutralidade da rede 
define-se pela não discriminação de tráfego com objetivos comerciais ou dos 
conteúdos acessados. A definição vigente garantiu até hoje o surgimento de novos 
produtos e serviços, numa rapidez nunca experimentada anteriormente pela 
humanidade.
Serviços como VoiP, compartilhamento de vídeos, filmes, redes sociais, dentre 
outros, não teriam surgido se os detentores dos meios de comunicação pudessem 
interferir na rede impedindo sua disseminação. O avanço tecnológico que 
experimentamos poderia criar concorrência com os serviços que essas empresas já 
oferecem.
A população não pode ficar a mercê dos interesses comerciais dos grandes 
operadores de telecomunicação que, em um ambiente sem neutralidade, poderiam 
determinar conteúdos que fossem adequados aos seus negócios e interesses.
A ABRINT defende que o Marco Civil defina claramente a posição da Nação sobre o 
tema com a chancela dos poderes Legislativo e Executivo e por força de lei, sem 
necessidade de regulamentação posterior, garantindo a democracia no uso da 
internet e um ambiente comercialmente justo.
Basílio Perez, presidente da Abrint”
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Leia na Fonte: Convergência Digital 
[18/09/12] 
Neutralidade emperra votação do Marco Civil da Internet - por Luís Osvaldo 
Grossmann
A neutralidade de rede emperrou, novamente, as chances de votação do projeto de 
lei sobre o Marco Civil da Internet. Apesar do movimento de apoio de entidades 
de defesa dos consumidores e provedores de conteúdo a sessão da Câmara prevista 
sobre o tema foi cancelada. Além de não haver acordo, passou a existir o risco 
de a proposta ser desfigurada com alterações substanciais no texto.
A exemplo da tentativa anterior de levar o projeto a voto, a véspera da reunião 
da comissão especial da Câmara que analisa a proposta foi repleta de reuniões e 
articulações. O governo, que nominalmente apoia a neutralidade de rede, fechou 
posição para que o conceito retornasse ao que se previa na versão original do 
projeto, elaborada pelo Poder Executivo.
“Defendemos o texto que enviamos. Se houver acordo, pode ter votação”, disse o 
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta terça. Ao mesmo tempo era 
realizada uma reunião na Subchefia de Assuntos Parlamentares da Secretaria de 
Relações Institucionais da Presidência da República. Ali, o governo decidiu que 
levaria ao relator, Alessandro Molon (PT-RJ) a intenção de mudar o projeto.
Não foi a primeira vez. Em julho, na expectativa de viabilizar a aprovação, 
Molon já aceitara modificar parcialmente o artigo relativo à neutralidade de 
rede, atendendo ao que, para todos os efeitos práticos, só pode ser considerado 
um capricho no teor da menção às orientações do Comitê Gestor da Internet. Mesmo 
assim, como se viu, não houve votação.
O secretário executivo do Minicom, Cezar Alvarez, que participou da primeira 
reunião do dia na Presidência, explicou que a intenção é dar ao projeto uma 
definição menos rígida de neutralidade, de forma que ela possa ser aprimorada 
posteriormente, em fase de regulamentação. A pasta já expressou seu desejo de 
que tal regulamentação fique a cargo da Anatel.
Nesse campo, portanto, o governo da presidenta Dilma Rousseff se mostra alinhado 
com as preocupações das operadoras de telecomunicações, detentoras das redes por 
onde trafegam os pacotes de dados. As teles também já deixaram claro que se 
opõem ao conceito de neutralidade do Marco Civil, por entender que ele prejudica 
seus modelos de negócios – atuais e futuros.
O texto original do projeto tem uma definição até semelhante àquela do relatório 
final, mas é menos abrangente, e deixa claro que a definição da aplicabilidade 
do princípio dependerá de regulamentação posterior, com previsão de exceções a 
serem estabelecidas também em outras leis. Mas, se ajudou, não foi esse o ponto 
que levou ao cancelamento da votação.
Paralelamente foram articuladas pelo menos três propostas de votação em separado 
– ou seja, versões diferentes do projeto – que seriam apresentadas durante a 
sessão desta quarta-feira, pelos deputados Ricardo Izar (PSD-SP) e Eli Correa 
Filho (DEM-SP), além de uma costurada pelo PMDB. O alvo principal seria a 
neutralidade, mas havia outras surpresas.
“O relatório seria desfigurado com mudanças no conceito de neutralidade de rede 
e até mesmo a inclusão de questões relativas a direitos autorais. Seria 
extremamente arriscado, imprudente até, prosseguir com a reunião. O pior dos 
mundos seria fazer a votação e aprovar um retrocesso”, lamentou o relator do 
Marco Civil da Internet, Alessandro Molon (PT-RJ).
O próprio Molon participou de uma segunda reunião com o governo, desta vez na 
Câmara, que só terminou à noite – na qual o governo insistiu em mudanças no 
texto. Sem acordo por enquanto, o resultado mais palpável foi um aceno para que 
haja uma nova tentativa de votação do projeto em outubro, após o primeiro turno 
das eleições municipais.
O relator defende que a lei traga uma indicação clara do que é neutralidade de 
rede – tarefa não será simples. Mas parece haver alguma concordância com o 
prazo, visto que o governo também prefere uma posição brasileira sobre o tema 
antes da realização, em dezembro, da reunião promovida pela União Internacional 
das Telecomunicações, em Dubai, para tratar de Internet.
Se as articulações contrárias ao Marco Civil como está tiveram mais sucesso, 
também houve movimentos de defesa do projeto. O Idec e provedores de conteúdo – 
Google, Facebook e Mercado Livre – divulgaram cartas em apoio ao projeto de lei. 
Curiosamente, em nenhuma das cartas, apesar do apoio ao texto, é feita menção ao 
ponto que paralisou todo processo: a neutralidade. 
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Leia na Fonte: Teletime
[18/09/12] 
Governo não quer misturar CGI e neutralidade; Marco Civil deve ficar para 
novembro - por Samuel Possebon
São grandes as chances de que a proposta do Marco Civil da Internet não seja 
votada nesta quarta, 19, como previsto. A posição do governo é que apesar de ser 
extremamente importante aprovar o Marco Civil, por conta de todas as conquistas 
que ele traz, existe um problema real em relação ao Artigo 9º, que trata da 
neutralidade. O governo está fechado na posição de que o melhor modelo é aquele 
que saiu do Executivo, que não faz nenhuma referência ao Comitê Gestor de 
Internet (CGI). Mas, ainda assim, também há dúvidas se deve ser colocado 
expressamente que o assunto será tratado em regulamentação posterior ou se essa 
referência seria desnecessária, já que independente de qualquer regulamentação, 
caberá à Anatel regular a camada de redes.
Dentro do governo, Ministério das Comunicações e Secretaria de Relações 
Institucionais afinaram discursos e parece que não existe mais nenhum apoio à 
inclusão do Comitê Gestor de Internet no texto do Marco Civil. Caso não seja 
votado nesta quarta, a votação ficaria para depois das eleições, em novembro.
O argumento do governo para não mobilizar a sua base para votar o projeto é que 
existem comissões que tratam de Medidas Provisórias que precisam ter seus 
trabalhos agilizados e que alguns parlamentares que acompanham o tema da 
Internet não estarão presentes para a votação. De toda forma, o deputado 
Alessandro Molon (PT/RJ), relator da matéria, ainda teria uma reunião nesta 
terça, 18, no Palácio do Planalto, para tentar defender a votação rápida da 
matéria.
Ele levará ao governo a manifestação de apoio ao Marco Civil assinada por 
Google, Mercado Livre e Facebook. Da parte do governo, ouvirá que existem duas 
opções na mesa: ou vota a redação que saiu do Executivo; ou tira a parte de 
neutralidade e deixa esse assunto para ser tratado depois. De qualquer forma, a 
melhor opção é por uma votação em novembro.
Na interpretação do governo, colocar o CGI no Marco Civil como forma de 
fortalecer o comitê gestor pode ser ruim, pois só cria mais resistências ao 
modelo de gestão de Internet no Brasil. Segundo fontes ouvidas por este 
noticiário, o pior lugar para tentar institucionalizar o CGI é colocá-lo na 
parte que cabe à Anatel da regulação de Internet.
(Atualização às 21:00) - Ao final da reunião entre governo e o deputado Molon, 
ficou decidido que não haveria mais a reunião para a votação do Marco Civil, que 
só volta à pauta depois das eleições.
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Leia na Fonte: Teletime / Revista - edição 153 - Abril 
2012
[31/05/12]  
Um marco para a Internet (Entrevista com deputado Alessandro Molon, relator 
do Projeto) - por Helton Posseti e Samuel Possebon
O projeto de Marco Civil da Internet, que na Câmara dos Deputados tramita sob o 
número de PL 2.126/2011, vai definir os princípios, garantias e direitos dos 
usuários na Internet. Para além das questões mais relativas à web, entretanto, a 
iniciativa deve gerar o primeiro arcabouço legal do Brasil – e talvez do mundo – 
que trata de temas como neutralidade de rede. O objetivo do seu relator, o 
deputado Alessandro Molon (PT/RJ), é garantir que não haja qualquer tipo de 
ingerência das prestadoras de serviço no tratamento dos dados que trafegam pelas 
suas redes.
Outros debates importantes, como a questão dos diretos autorais ou até a questão 
da tipificação de crimes na web – objeto de dois PLs que já tramitam no 
Congresso Nacional –, na visão do deputado, devem ser deixadas para outros 
projetos de lei. “Se nós trouxermos para dentro do Marco Civil todas as questões 
que de alguma maneira digam respeito direta ou indiretamente à Internet esse 
trabalho não vai terminar nunca”, afirma.
Molon pretende imprimir um ritmo célere e ao mesmo tempo democrático de 
tramitação ao projeto. Serão realizadas oito audiências públicas em sete 
capitais, mas mesmo assim ele está confiante de que o relatório da comissão 
especial possa ser aprovado até junho. Os projetos que tramitam em comissão 
especial vão diretamente ao Plenário da Casa e no caso do Marco Civil esse mesmo 
rito será adotado no Senado, o que, em tese, significaria uma aprovação rápida.
TELETIME: Como você chegou à relatoria desse projeto?
Alessandro Molon: Eu quis muito relatar esse projeto, porque o considero um 
projeto histórico para o Brasil. A Internet é oferecida comercialmente desde 
1995, então são 17 anos e até hoje o Brasil não tem uma lei geral sobre a 
Internet. Temos algumas coisas pontuais, mas não temos uma lei geral, que é a 
proposta do Marco Civil.
TT - Mas Internet se desenvolveu da maneira como ela se desenvolveu pelo fato de 
não ter nenhuma regra, nenhum arcabouço legal.
E acho que é fundamental que agora tenha, até para se preservar suas 
características originais. Os conflitos que existem no mundo real também vão 
surgindo na Internet. E os tribunais, por exemplo, tomam decisões sobre coisas 
que dizem respeito à Internet e se você não tem um parâmetro, pode haver 
decisões conflitantes, contraditórias. Então, acho que o País está maduro para 
tomar uma decisão e criar uma Lei Geral que proteja essas características 
originais da Internet e proteja o futuro dela.
TT - Qual o espaço acha que haverá para debater esse projeto no Congresso, 
considerando que ele já foi bastante debatido em consultas públicas ainda quando 
ele estava no Executivo?
O nosso desafio é aperfeiçoar o que já é bom. Acho que o Poder Executivo fez um 
trabalho muito importante de consulta pública, de recebimento e processamento de 
dezenas de milhares de contribuições. Acho que essa é uma inovação muito 
importante do ponto de vista do processo legislativo brasileiro. Mas isso não 
dispensa uma nova fase de debates no Parlamento, porque aqui é a casa por 
excelência do confronto de ideias e de posições. Acredito que nós vamos 
conseguir fazer o projeto avançar ainda mais. É como que para conseguir ver mais 
longe, subir nos ombros de alguém que já é alto.
TT - E como vai ser a metodologia de trabalho?
Vou propor que a gente faça oito audiências públicas em sete lugares diferentes. 
Na verdade o termo correto é seminário, audiência pública é apenas quando 
acontece dentro do Congresso. Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, 
Salvador e João Pessoa, além de Brasília onde vão acontecer a primeira e a 
última.
TT - E com que cronograma?
A ideia que eu vou propor é dedicar os meses de abril e maio a essas audiências 
públicas e o mês de junho ao debate final na comissão e aprovação do relatório.
TT - Então acha que vai dar tempo de aprovar o relatório até o meio do ano?
Eu acho que sim, sinceramente. Veja bem, eu estou em outra frente de trabalho 
que é a reforma do Código Penal. Em uma reforma de um código, há milhares de 
pontos para serem vistos e discutidos. Esse é um projeto de lei que não é muito 
extenso, é enxuto e acho que deve assim permanecer. Deve ser um núcleo do que 
devem ser os direitos, garantias e os princípios da Internet. Então, acho que é 
bem razoável fazer esse debate no primeiro semestre.
TT - Você mencionou que é possível aprimorar o projeto. De antemão, você 
consegue listar alguns princípios que não estão e que poderiam ser incluídos?
Vou dar o exemplo de um avanço que eu considero que seja possível e sobre o qual 
vale a pena a comissão refletir. Eu acho que é possível avançar mais na proteção 
dos dados dos usuários. O governo estuda a apresentação de um projeto que trate 
da proteção de dados do consumidor em geral, não apenas para a Internet. Eu 
acredito que a gente possa avançar nessa questão já no Marco Civil, no que diz 
respeito apenas à proteção dos dados dos usuários na Internet. Ainda que venha 
um outro projeto mais amplo.
TT - Mas quando você fala em proteção dos dados, é proteção dos dados cadastrais 
dos usuários para que não haja compartilhamento de banco de dados e venda de 
informação reservada ou proteção dos dados de navegação, dos logs de registro da 
atividade do usuário?
Eu me refiro às duas coisas. Eu entendo que o usuário da Internet deve ter pelo 
menos a possibilidade de autorizar ou não que as informações sobre a sua 
navegação sejam vendidas. Me parece que é no mínimo razoável que ele seja 
consultado se ele aceita que as suas informações, que valem dinheiro, sejam 
repassadas para alguém. Isso me parece que merece um debate na comissão 
especial.
TT - Recentemente a gente viu a atualização das políticas de privacidade do 
Google e do Facebook. É por isso que você quer tratar desse assunto?
Não, essa é uma questão de princípio. Quando se trata de uma informação a seu 
respeito, é preciso que você saiba que ela está sendo usada, e que você autorize 
que ela seja usada, ou não. E isso tem que ser feito de uma maneira explícita. 
Eu diria que 90% das pessoas sequer sabem que isso existe. E isso não é 
razoável, afinal de contas diz respeito à privacidade das pessoas.
TT - De que maneira você acha que esse projeto vai se combinar com o projeto do 
Eduardo Azeredo (hoje deputado pelo PSDB/MG)?
Eu entendo que o próprio nome do projeto demarca bem as fronteiras de cada um. 
Esse é um marco civil, de forma que esse não é um projeto que verse sobre crimes 
e nem deve versar. Essa discussão sobre crimes é uma outra discussão importante 
aqui no Congresso, mas que deve se dar no confronto entre esse PL do deputado 
Azeredo e o projeto de autoria dos deputados Paulo Teixeira, João Arruda, 
Manoela D’Avila, entre outros, que é o projeto de cybercrimes. Acho um equívoco 
trazer essa discussão de crimes para dentro do Marco Civil. Se nós trouxermos 
para dentro todas as questões que de alguma maneira digam respeito direta ou 
indiretamente à Internet esse trabalho não vai terminar nunca.
TT - Basicamente ele vai ser um projeto de garantias dos usuários. Sem entrar 
nessa discussão específica em relação ao conteúdo dos serviços, ou do que está 
sendo ofertado ou consumido...
Eu entendo que sim, porque se a gente for entrar no debate do acesso a obras que 
estejam protegidas por direitos autorais, por exemplo, nós vamos trazer para cá 
todo o debate sobre direitos autorais. Isso sim, me parece que tem que ser 
objeto de um outro debate. Esse debate é urgente. Acho que a gente tem que 
discutir o papel do Ecad, por exemplo, que eu considero que vem prestando um 
serviço muito ruim para a população brasileira como um todo, inclusive para os 
autores. Não há nenhuma transparência no recolhimento e na distribuição desses 
direitos, mas eu entendo que o locus dessa discussão não é o Marco Civil. Sob 
pena de a gente não conseguir aprovar nada nunca.
TT - O projeto dá um balizamento sobre a neutralidade de rede. Ele faz uma 
proposta de neutralidade plena, mas prevê que haja uma regulamentação. Como você 
acha que essa questão deve ser tratada?
Eu acho que o princípio da neutralidade da rede é fundamental para o futuro da 
Internet tal como ela existe hoje. Ao contrário do que alguns podem imaginar, 
isso é uma das maiores garantias da livre concorrência e da livre iniciativa. Se 
não houvesse neutralidade da rede, talvez hoje algo como o Facebook não 
existisse. Para que a gente tenha inovação, para que a livre iniciativa possa 
apresentar novidades, para que a concorrência possa de fato acontecer, é 
fundamental garantir essa neutralidade. Eu vejo isso como a defesa de algo que é 
o coração da Internet, a alma da Internet. A possibilidade do usuário escolher o 
que ele quer acessar por critérios seus, em vez de permitir que alguém escolha 
por ele o que deve passar na frente e o que deve passar depois. É uma defesa da 
livre iniciativa e do mercado e não em detrimento do mercado.
TT - A problematização que se faz sobre essa questão é que a rede não é 
infinita. Para que você garanta que tudo continue trafegando, você precisa de 
investimentos e atualizações dessa rede que talvez não se paguem no modelo 
tradicional. O que as empresas de telecom colocam é: Porque eu não posso 
oferecer um conteúdo diferenciado mediante pagamento›? Como você vê isso?
Se isso existisse antes de o YouTube, ele não teria sido criado. Porque quando o 
YouTube foi criado, ele não era do Google e se ele tivesse que pagar pedágio 
para começar a existir, ele não teria crescido como cresceu. Cobrar pedágio de 
quem pode pagar significa inviabilizar quem não pode pagar. Quem não pode pagar 
não vai crescer nunca, porque sempre vai estar preterido na velocidade de 
carregamento. E nós sabemos que velocidade na Internet é um critério decisivo. 
Se você entra em um site para ter acesso a uma informação e ela não vem, você 
vai para outro imediatamente.
TT - Existe o risco de uma possível regulamentação dessa questão transcender o 
que você está colocando?
Essa é uma reflexão que nós vamos ter que fazer para saber até onde vai o nosso 
dever de legislar e a partir de onde vai se tratar de matéria regulamentar. Essa 
fronteira, de fato, precisa ser avaliada para ver até onde a gente deve 
explicitar em que consiste essa neutralidade e aquilo que pode ser deixado para 
matéria de regulamentação. Essa é uma reflexão necessária, até onde nós temos 
que chegar para evitar que a regulamentação desvirtue o que nós garantimos por 
lei.
TT - Os grupos de comunicação brasileiros têm uma posição bastante clara de que 
os portais de Internet deveriam ser entendidos também como veículos de 
comunicação social e, portanto, sujeitos às mesmas restrições que existem hoje 
para a radiodifusão e para a imprensa na Constituição. Você entende que essa 
discussão é válida no âmbito do Marco Civil? Você já se deparou com esse 
problema?
Não. Para ser sincero ainda não. Acho que é uma reflexão que eventualmente pode 
ser feita no debate na nossa comissão. Me parece que ao contrário dos demais 
meios de comunicação, a Internet tem determinadas características que a 
diferenciam. Se formos comparar com televisão e rádio nem se fala, porque nesses 
casos temos uma limitação de oferta, o que não existe na Internet. O segundo 
ponto é que não se trata de uma concessão, ao contrário das TVs e das rádios que 
são concessões públicas, portanto, devem ser fiscalizadas etc. Mas vamos pensar 
os jornais. Os jornais têm um problema grave que é a distribuição. Esse problema 
não existe hoje na rede, enquanto houver neutralidade. Se a gente perde 
neutralidade, a distribuição passa a ser um problema. Pequenos blogs ou pequenos 
sites passam a ter dificuldade para chegar ao seu leitor, porque vão estar em 
último lugar na fila daquilo que precisa ser transmitido. Mas acho que pode ser 
uma reflexão válida, ainda que não seja para nenhuma mudança concreta no Marco 
Civil.
TT - Você mencionou na abertura da comissão especial que a discussão brasileira 
poderia influenciar esse debate que está sendo travado também em outros países. 
Em que medida você acha que isso pode acontecer?
Me parece que esse debate nos EUA agora enfrenta um impasse. O país não consegue 
avançar nem recuar. Eu acredito que o Brasil está caminhando em uma direção 
diferente. Nosso debate é muito menos restritivo e muito mais de garantia de 
direitos, de princípios, sem que o foco seja na restrição, na vigilância, na 
proibição, na criminalização de condutas. O Brasil, em primeiro lugar, tem peso 
na Internet mundial, em quantidade de usuários, por exemplo. Para além disso, o 
mundo inteiro olha com atenção para o Brasil em razão do que aconteceu aqui nos 
últimos dez anos do ponto de vista econômico e social. Por essas razões 
combinadas, acredito que a nossa legislação possa influenciar positivamente a 
legislação de outros países, inclusive a norte-americana.
TT - Teria uma crítica ao modelo da Internet brasileira? Alguma coisa que 
poderia ser melhorada ou corrigida? 
Acho que sim. Como ampliar o acesso, que é papel do poder público. Embora a 
gente tenha cada vez mais gente acessando a Internet, muitos ainda estão fora, e 
essa é uma questão sobre a qual o Marco Civil vai tratar também. O marco também 
fala das atribuições do Poder Público e inclusão digital é hoje um dos desafios 
que estão colocados para o Brasil. A gente está falando em melhorar a qualidade 
da educação brasileira e parte disso é inclusão digital. Para fazer matrícula em 
escola pública, por exemplo, no meu Estado, só se faz pela Internet. Como você 
compatibiliza isso? Universalizar o acesso à Internet é um dos desafios, ela não 
é universal.
TT - Quando você fala em universalizar, você se refere a massificação ou ao 
conceito da universalização dos serviços públicos?
A ideia é garantir o acesso a preços acessíveis. Esse é outro problema que nós 
temos que discutir aqui no Brasil. Não só garantir acesso físico, fazer a rede 
chegar, mas também com preço que possa ser pago pela população.
TT - Existe um debate sobre a inclusão do acesso à banda larga como um serviço 
público, assim como é a telefonia. Você concorda com essa visão ou acha que deve 
ser mantido no regime privado?
A princípio, a minha visão é de que deve ser tido como um serviço público. 
Porque eu não consigo distinguir a importância de se garantir o acesso à 
Internet do acesso ao telefone. Acho que cada vez mais a Internet vai ter esse 
papel. É nessa direção que a gente deve caminhar sim. Entender que isso é um 
serviço público que deve ser prestado à população.
- por Helton Posseti e Samuel Possebon
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Leia na Fonte: Portal da Band / Colunas
[17/07/12]  
Neutralidade: governo pressiona e relator cede - por Mariana Mazza
É lamentável o que está acontecendo com o Marco Civil da Internet. O texto do 
projeto deveria ter sido votado hoje na Comissão Especial da Câmara dos 
Deputados, mas boa parte dos parlamentares cabulou a sessão, o que adiou para o 
segundo semestre o desfecho da análise. Apenas nove dos 15 membros do grupo 
compareceram à reunião na tarde de hoje. Em ano eleitoral, a ausência dos 
deputados praticamente inviabilizou a votação ainda em 2012, já que o segundo 
semestre do Congresso será esvaziado pelas disputas municipais.
O mais triste nesta história é que o governo federal resolveu intervir no 
processo de elaboração do texto. E a intervenção não foi nada boa. Como todos já 
esperavam, o golpe foi dado em cima da neutralidade de rede. Comentei o assunto 
ontem e a estranha polêmica sobre a decisão do relator do Marco Civil, deputado 
Alessandro Molon (PT/RJ), de privilegiar o Comitê Gestor da Internet no Brasil 
(CGI.br) nas definições do que pode ser tratado como exceção à neutralidade. A 
polêmica é estranha porque analisar os parâmetros de exploração da Internet no 
Brasil e orientar as autoridades são claramente objetivos do órgão desde sua 
criação. A proposta de Molon, no entanto, magoou muita gente. Especialmente as 
empresas telefônicas, que queriam que a Anatel tivesse a incumbência de dizer, 
após a edição da lei, quando as companhias poderão discriminar os clientes.
Pois saibam que o governo escutou as reclamações das empresas. E decidiu que ele 
próprio, por decreto, regulamentará o que é a neutralidade de redes no Brasil. A 
ordem de mudança no texto foi atendida prontamente pelos deputados governistas e 
nas primeiras horas de hoje Molon apresentou um novo relatório, jogando para a 
Presidência da República a missão de estabelecer os parâmetros da neutralidade. 
Para não excluir completamente o CGI.br, o texto agora prevê que o governo 
deverá trabalhar na regulamentação ouvindo as recomendações do comitê. Mas 
lembrem-se: ouvir não é acatar.
Em entrevista ao portal Convergência Digital, Molon garantiu que a neutralidade 
será preservada apesar da mudança no relatório final. A alteração teria sido 
feito após a interpretação do governo de que dar poderes aos CGI.br para 
administrar o cumprimento do princípio da neutralidade seria inconstitucional. 
As teles também fizeram sua parte, ameaçando levar o caso para a Justiça se o 
texto não fosse alterado. "Eliminei o risco da inconstitucionalidade sem ceder 
um milímetro na proteção à neutralidade", assegurou o parlamentar. Mas Molon 
cedeu.
Os bastidores desta polêmica e a rapidez com que o governo agiu sugerem que 
forças muito poderosas estão se mexendo para garantir que a neutralidade seja a 
mais suave possível no Brasil. Gostaria de ver a mesma agilidade na criação de 
subsídios para a análise dos métodos para implantar o princípio da neutralidade. 
Em 2008, a Anatel editou um cronograma estratégico de ações, batizado de Plano 
Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações (PGR). A 
regulamentação da neutralidade está lá, prevista como uma meta de médio prazo 
(cinco anos contados da edição do material). Quatro anos já se passaram e até 
hoje não há notícias dos estudos sobre o tema.
Com relação ao novo método escolhido para a regulamentação da neutralidade - a 
edição de um decreto presidencial -, dois problemas ficam evidentes mesmo para 
os mais distraídos. O primeiro é o tempo que o governo levará para elaborar esse 
decreto. Tenho certeza de que há questões mais urgentes para serem tratadas pela 
Presidência do que resolver, no campo técnico, quais as circunstâncias em que 
poderá ser feita a discriminação dos usuários na rede. Sendo assim, corremos o 
risco de ficar sem essa regulamentação por muito tempo.
O segundo ponto é com relação ao formato da norma. Definir as exceções à 
neutralidade por decreto é blindar essas exceções. Isso porque não é nada fácil 
mudar um decreto, ao contrário de um regulamento da Anatel ou uma orientação, 
ainda que vinculativa, do CGI.br. O governo já cogita usar o decreto para dar à 
Anatel o poder de regulamentar a questão. Só falta a Anatel completar o jogo de 
empurra e repassar para as teles (como fez com a qualidade da banda larga) o 
trabalho de avaliar como a neutralidade deve funcionar. A essa altura do 
campeonato, não duvido de mais nada.
O mesmo Congresso Nacional que aprovou a Lei de Acesso à Informação - um dos 
mais importantes documentos em vigor no Brasil pela garantia do direito civil à 
informação - agora perde a oportunidade de assegurar a democracia na Internet. É 
realmente uma pena.
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Leia na Fonte: Portal da Band / Colunas
[10/07/12]  
Neutralidade à brasileira - por Mariana Mazza
Um dos assuntos mais importantes na discussão sobre as regras para a Internet é 
a neutralidade de rede. Esse conceito, em uma explicação superficial, é a 
garantia de que as companhias telefônicas não poderão discriminar as pessoas que 
usam a rede de Internet com base no seu perfil de consumo de dados. Na técnica, 
é a exigência de que todos os pacotes de dados sejam trafegados na rede com a 
mesma velocidade. Ou como bem definia o ex-presidente da Telebrás Rogério 
Santanna, com seu costumeiro bom humor: "Todos os pacotes são iguais perante a 
rede".
Na última coluna tratei do principal vilão da neutralidade: o traffic shaping. 
Essa prática consiste em reduzir a velocidade de conexão da Internet dos 
clientes que fazem muitos downloads, os chamados heavy users. Hoje não há uma 
regra no Brasil com relação ao tratamento da rede. A única ação efetiva até hoje 
foi tomada pela Anatel, que exigiu que a rede da Oi após a compra da Brasil 
Telecom fosse neutra, sob pena de invalidar o negócio.
O tema da neutralidade voltou a causar polêmica por conta das negociações para a 
aprovação do Marco Civil da Internet na Câmara dos Deputados. O relator do 
projeto, deputado Alessandro Molon (PT/RJ) incluiu na proposta um artigo que 
deixou o governo de cabelo em pé. Molon colocou no texto que o princípio da 
neutralidade deve ser respeitado pelas empresas que atuam no Brasil. Até ai, 
tudo bem. A crise foi porque o deputado entende que é o Comitê Gestor da 
Internet no Brasil (CGI.br) quem deve recomendar quais os requisitos técnicos 
para o cumprimento da regra e não a Anatel, como as companhias (e, pelo visto, o 
governo também) esperavam.
O governo acendeu a luz vermelha. Fez uma reunião emergencial com vários 
ministérios na última sexta-feira e com a Anatel para corrigir o que consideram 
um "erro" no relatório do deputado. Alegam que deixar o poder com o CGI.br seria 
uma inconstitucionalidade, ainda mais sendo o comitê um órgão civil onde as 
companhias telefônicas também estão representadas. Honestamente, não entendo a 
crise.
O CGI.br é mesmo uma entidade civil, mas criada pelo governo exatamente para 
orientar o uso da Internet no Brasil. Sendo assim, nada mais justo do que ser 
ele o fiscal da neutralidade. Com relação à presença das teles no comitê, esse 
aspecto deveria ser considerado uma virtude e não um problema. As teles não 
controlam o comitê. A presença delas torna o grupo democrático e dá ainda mais 
força a suas recomendações. Levantar o fato de que as teles compõe o comitê, 
como se ele fosse uma confraria das empresas privadas, é reduzir o mérito dos 
demais participantes do grupo, pessoas com indiscutível conhecimento técnico da 
área e dedicadas à ajudar o Brasil a ter uma Internet de qualidade. E se a 
presença das teles é realmente um problema, o que dizer da decisão da Anatel de 
colocar na mão das companhias telefônicas (e só delas) o controle da empresa 
aferidora da qualidade na Internet? Não vi o governo reclamando neste caso.
O problema aqui é outro. Não é de hoje que o CGI.br é a ovelha desgarrada do 
rebanho, produzindo relatórios e recomendações sobre a Internet que nada tem 
agradado as autoridades do setor. O processo de esvaziamento do comitê começou 
no debate sobre a qualidade da banda larga quando a Anatel preteriu o sistema de 
medição desenvolvido pelo grupo para adotar um programa importado, com menos 
parâmetros técnicos para a avaliação da velocidade de conexão.
Como tudo leva a crer que o CGI.br também perderá essa batalha, levanto aqui uma 
questão: existe neutralidade de rede se criarmos regras permitindo que, de vez 
em quando, as empresas discriminem os consumidores? Faço a pergunta porque será 
este o desfecho do impasse sobre a neutralidade. Provavelmente a Anatel ficará 
com o papel de controlar o cumprimento da regra. E, como é praxe, editará um 
regulamento definindo as exceções ao princípio da neutralidade. Podemos acabar 
vendo a validação do traffic shaping em "circunstâncias especiais". E assim, a 
neutralidade existirá só por escrito. Será uma neutralidade à brasileira, onde 
todos são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros.