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19/04/13

• Mariana Mazza: "Smart Grid" e o projeto "Inova Energia" + "Smart Grid" no e-Thesis e no WirelessBRASIL

Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!

01.
Em 2009 começamos a tratar do tema "Smart Grid" em nossos fóruns:
15/05/09
O que é "Smart Grid"? + PLC (12): Telebrasil: "Smart Grid, PLC e operadoras de telecomunicações podem somar"

O título do "post" impõe lembrar que o assunto "Smart Grid", na mídia, costuma vir associado à outro: o PLC (Power Line Communication).
E já pergunto: informações sobre o PLC?

O citado "post" contém esta longa entrevista, em duas partes:
Fonte: Telebrasil
[24/09/07]   Convergência: utilities com Smart Grid e PLC e operadoras de telecomunicações podem somar – I e II - João Carlos Fonseca
Recorte:
" Por ocasião do VIII Seminário Nacional de Telecomunicações da Aptel, realizado em Brasília (DF), a TELEBRASIL entrevistou Dymitr Wajsman, diretor da entidade que representa as telecomunicações nas empresas de infra-estrutura. Em foco, o relacionamento entre telecomunicações e utilities de energia. Ambas chegam com novas tecnologias ao domicílio do cliente, em suas respectivas redes. (...)    Vale conferir! (sem transcrição neste "post)

02.
O Portal e-Thesis da nossa participante, jornalista Jana de Paula, tem acompanhado o tema "Smart Grid" e seleciono estas matérias, já veiculadas em nossos Grupos:

Leia na Fonte: e-Thesis
[06/12/12]  Smart Grid e a transição nas redes das concessionárias de energia - por Kobi Gol

Leia na Fonte: e-Thesis
[22/08/11]  O quão inteligente a smart grid pode ser - por TM Forum

Leia na Fonte: e-Thesis
[22/08/11]  Smart grid para uma matriz energética mais sustentável - por Nicolau Branco

Obs: Use este link para fazer mais pesquisas no e-Thesis sobre este e outros temas.

03.
Mariana Mazza tratou do assunto em recente Coluna, ao comentar o novo projeto governamental batizado de Inova Energia:

Leia na Fonte: Band / Colunas
[02/04/13]  Investimento nas elétricas pode reforçar telecom - por Mariana Mazza
Recortes:
"Nessa segunda-feira, 1, o governo anunciou um novo plano de investimento voltado para a modernização da rede de energia elétrica. O projeto de cooperação envolve o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Financiadora de Projetos e Estudos (Finep). Batizado pelo governo de Inova Energia, o pacote prevê a liberação de R$ 3 bilhões para empréstimos que deverão ser usados pelas empresas no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a maior eficiência do setor elétrico. Esses recursos devem alimentar os investimentos até 2016.
Uma das peças-chave do projeto é chamada de smart grid ou em bom português rede inteligente (...)

(...) O projeto mais ambicioso de expansão dos serviços de telecomunicações desde o Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU), criado no processo de privatização, é o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Lançado em 2010, o projeto previa inicialmente a conexão de banda larga para ao menos 40 milhões de domicílios até 2014, com investimentos públicos de R$ 13 bilhões por meio de desonerações. Para atingir a meta, o governo contava com a participação maciça de pequenos provedores de Internet, que se conectariam à rede da Telebrás. Mas não era só esta carta que a equipe que traçou o projeto tinha na manga. Já naquela época previa-se a adesão das empresas de energia elétrica, em um movimento sincronizado com o avanço das redes inteligentes.
Mas, passados apenas três anos de PNBL o governo já estuda a reformulação do projeto. O foco do PNBL 2 seria uma maior parceria com as grandes empresas que já atuam no mercado, exatamente o que se queria evitar em 2010 quando a Telebrás foi revitalizada para investir na criação de uma rede que estimulasse a concorrência na prestação de serviços. Até o momento não há sinal de que o fomento à participação das elétricas no mercado de banda larga seja mantido no novo plano. Se as elétricas ficarem de fora será uma oportunidade desperdiçada. (...)

03.
As matérias citadas estão transcritas mais abaixo.

Comentários?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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Leia na Fonte: Band / Colunas
[02/04/13]  Investimento nas elétricas pode reforçar telecom - por Mariana Mazza

Nessa segunda-feira, 1, o governo anunciou um novo plano de investimento voltado para a modernização da rede de energia elétrica. O projeto de cooperação envolve o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Financiadora de Projetos e Estudos (Finep). Batizado pelo governo de Inova Energia, o pacote prevê a liberação de R$ 3 bilhões para empréstimos que deverão ser usados pelas empresas no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a maior eficiência do setor elétrico. Esses recursos devem alimentar os investimentos até 2016.

Uma das peças-chave do projeto é chamada de smart grid ou em bom português rede inteligente. Este termo é mundialmente usado para classificar as infraestruturas que combinam redes elétricas com serviços de telecomunicações e automatização do fornecimento. Há vários anos discute-se a construção de uma smart grid em larga escala no Brasil. Algumas empresas de energia tomaram a dianteira e investiram pesado nessas tecnologias. Os destaques são a distribuidora paranaense Copel e a mineira Cemig. Essas duas companhias progrediram bastante com suas subsidiárias de telecomunicações graças à implantação de redes inteligentes.

Há muitos benefícios para os consumidores de energia elétrica caso o Inova Energia atinja seus objetivos. Além das redes, o projeto deverá ajudar a desenvolver uma produção nacional de medidores de consumo digitais, de usinas eólicas e carros mais eficientes. Mas o que nem todos sabem é que o projeto pode dar também um novo ânimo no mercado de banda larga se o governo aproveitar todo o potencial da futura smart grid.

Como essas novas redes inteligentes permitem o trânsito de dados na estrutura de fornecimento de energia elétrica, cada distribuidora de energia irá tornar-se uma potencial prestadora de serviços de telecomunicações. Se isso ocorrer, a rede de telecomunicações com maior capilaridade no Brasil passaria a ser comandada pelo setor elétrico e não o de telecom. Afinal, a energia chega mais longe do que a telefonia, especialmente se o assunto é conexão com a Internet. Essa grande expansão do setor elétrico deve-se em boa parte a programas de governo, como o Luz para Todos, que não possui equivalente nas telecomunicações.

O projeto mais ambicioso de expansão dos serviços de telecomunicações desde o Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU), criado no processo de privatização, é o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Lançado em 2010, o projeto previa inicialmente a conexão de banda larga para ao menos 40 milhões de domicílios até 2014, com investimentos públicos de R$ 13 bilhões por meio de desonerações. Para atingir a meta, o governo contava com a participação maciça de pequenos provedores de Internet, que se conectariam à rede da Telebrás. Mas não era só esta carta que a equipe que traçou o projeto tinha na manga. Já naquela época previa-se a adesão das empresas de energia elétrica, em um movimento sincronizado com o avanço das redes inteligentes.

Mas, passados apenas três anos de PNBL o governo já estuda a reformulação do projeto. O foco do PNBL 2 seria uma maior parceria com as grandes empresas que já atuam no mercado, exatamente o que se queria evitar em 2010 quando a Telebrás foi revitalizada para investir na criação de uma rede que estimulasse a concorrência na prestação de serviços. Até o momento não há sinal de que o fomento à participação das elétricas no mercado de banda larga seja mantido no novo plano. Se as elétricas ficarem de fora será uma oportunidade desperdiçada.

Hoje existem vários entraves para que as distribuidoras de energia entrem de cabeça no mercado de telecomunicações. Alguns bloqueios são do próprio setor elétrico para proteger o fornecimento de energia, que deve ser a prioridade no caso dessas concessionárias. Mas também há uma grande resistência no próprio setor de telecomunicações.

Do ponto de vista legal, muitas distribuidoras já poderiam prestar serviços de Internet pois possuem licenças para tal. Ainda assim, poucas entraram no jogo e os resultados não foram tão positivos quanto se esperava. A experiência das elétricas pioneiras mostra que, no mínimo, falta estímulo para que elas se tornem reais concorrentes na oferta de banda larga, dando mais uma opção para os consumidores desse serviço.

A resistência do setor de telecomunicações, ao contrário do que se pode imaginar, não existe apenas pela reação natural das empresas em rejeitar a presença de novos concorrentes. Um dos grandes problemas dessa equação é que as empresas de telefonia muitas vezes são clientes das distribuidoras de energia nas redes inteligentes, usando a infraestrutura das elétricas para oferecer seus serviços de banda larga. Sendo assim, estimular as distribuidoras a incluir seriamente a conexão à Internet em seu rol de serviços poderia comprometer a oferta de banda larga por parte das empresas de telecomunicações, especialmente em áreas menos populosas, como é o caso da Região Norte do país.

A moral da história é que o setor elétrico está na dianteira em comparação com o tão rico ramo das telecomunicações. E o Inova Energia, se bem desenvolvido, pode garantir um novo salto de eficiência para essas empresas e tornar inevitável sua expansão para outros mercados, especialmente nos estados mais ricos. Tudo isso com um aporte de R$ 3 bilhões, valor baixíssimo se compararmos com os R$ 100 bilhões que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, diz ser necessários para a implementação do PNBL 2. O governo conhece soluções mais baratas e eficientes para dinamizar a infraestrutura e o setor elétrico tem sido um exemplo disso. Talvez esteja na hora de as autoridades que cuidam da área de telecomunicações terem uma conversinha com o pessoal do setor elétrico.

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Leia na Fonte: e-Thesis
[06/12/12]  Smart Grid e a transição nas redes das concessionárias de energia - por Kobi Gol

As redes das empresas de energia estão passando por uma transformação revolucionária: a infraestrutura tradicional de comunicações e os dispositivos existentes nas subestações estão sendo atualizados para dar lugar às novas redes de comutação por pacote e de transporte Ethernet e IP de próxima geração. O principal motivo dessa transição para as redes de comutação por pacote é a mudança para as chamadas Smart Grids, devido à necessidade de mais capacidade no transporte dos pacotes para atender ao imenso volume de tráfego gerado pelos avançados aplicativos em grid desejados nessas redes inteligentes das empresas de energia.

Entre outros motivos estão o uso de equipamento de vigilância por vídeo de alta resolução via IP, assim como a oferta de serviços de atacado e Utelco, com acesso em banda larga para empresas locais e provedores de serviços. Praticamente toda empresa de energia do mundo está planejando ou já iniciou a transformação da sua grid de T&D em uma rede de comutação por pacote capaz de lidar com um grande tráfego de comunicação de dados bi e pluridirecional, de forma eficiente e confiável, entre sistemas IP SCADA, dispositivos eletrônicos inteligentes (IEDs) IEC 61850 e outros equipamentos para automação de subestação (SA).

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Utilities Telecom Council (UTC), em 2011, os gastos com tecnologia da informação e comunicações (TIC) pelas empresas de energia nos Estados Unidos chegam a estimados 3,2 bilhões de dólares só em equipamentos e serviços e telecomunicações. O gasto com as redes de transporte vêm em segundo lugar, seguido pela medição bidirecional.

Garantia de comunicação inteligente, mas também confiável

Embora a migração para a Smart Grid pareça ser inevitável, as empresas de energia, sendo que a maioria delas opera a sua própria rede privativa, é prudente com relação a mudanças em seus sistemas críticos de comunicação. Tais empresas relutam em migrar para IP, sem os devidos atributos necessários para atender ao comportamento específico e necessidades de alta disponibilidade das suas redes.

Mais especificamente, determinadas aplicações dessas empresas precisam de comunicação inteligente, via redes de comutação por pacote, que exigem ferramentas de garantia de serviço para assegurar o baixo retardo de ponta a ponta, além de alta disponibilidade e flexibilidade. Felizmente as tecnologias de pacote, mais especificamente a Ethernet, amadureceram, e agora incluem vários mecanismos que asseguram os níveis necessários de desempenho.

Nos últimos anos, juntamente com as operadoras forçando a implantação de novos serviços como geradores de receita e crescimento, o mercado de telecom colocou a Ethernet como um tecnologia de alto nível, com grande desempenho e controle. Como resultado, surgiram vários padrões para oferta de garantia de Qualidade de Serviço, esquemas de confiabilidade e ferramentas para gerenciamento de serviços.

As redes Ethernet e IP são necessárias para cuidar não apenas do tráfego de dados de próxima geração, mas também de tráfego como voz analógica, SCADA serial e sinais de teleproteção, pois os equipamentos "legados" não podem ser substituídos da noite para o dia. Por esse motivo, as operadoras de energia têm à disposição um mecanismo especial, conhecido como emulação pseudowire (PWE). Hoje, PWE é o método mais utilizado para oferta de tráfego entre dispositivos legados em um ambiente baseado em pacotes.

No tempo certo

As redes de comutação por pacote não foram criadas com mecanismos de sincronização internos e, por isso, precisam de soluções complementares para transferência de clock com alto nível de precisão, de modo a garantir uma rede estável, com desempenho previsível. As redes de concessionárias de energia precisam disso para os aplicativos e equipamentos legados mais sensíveis a retardo e interferência como avaliações da qualidade da energia, proteção e SCADA (sincrofasores).

Até recentemente, GPS era a tecnologia mais utilizada para definir o tempo de modo mais preciso. Mas as instalações de antenas GPS são caras e susceptíveis a interferências. No lugar do GPS, há uma série de novas técnicas padronizadas para garantir a sincronização em um ambiente composto por pacotes. O padrão IEC 61850 atende especificamente as necessidades das concessionárias de energia em termos de tempo e sincronização dos pacotes.

Os dispositivos de comunicação de várias gerações que também suportam transferência de clock são bastante econômicos porque eliminam a necessidade de hardware caro e dedicado, mas permitem o monitoramento do desempenho da sincronização em todo o sistema.

Escolhendo a rede certa de pacotes

Ao migrar para as redes de próxima geração, os operadores das redes das concessionárias de energia precisam optar por uma tecnologia e, entre as opções em pacotes, estão Ethernet de alto nível, IP e vários modelos de MPLS (Multi-Protocol Label Switching). Cada uma dessas opções é capaz de atender ao objetivo básico que é transferir as informações de um ponto a outro, mas com diferentes características. IP, por exemplo, oferece um rígido protocolo de segurança (IPsec), mas não possui mecanismos de operações, administração, manutenção (OAM) nem de proteção.

Por outro lado, MPLS agora traz ferramentas de OAM e de proteção automática da comutação (APS), mas não possui segurança integrada. A Ethernet de alto nível traz um poderoso conjunto de ferramentas para ambas, mas é mais indicada para redes menores (comparada com os grandes backbones das operadoras).

Uma combinação de duas tecnologias, por exemplo, rede de acesso Ethernet com núcleo MPLS, oferece menor custo por porta, ferramentas de OAM e desempenho mais poderosos e avançados mecanismos de proteção. Outro benefício é que ela possibilita mensagens GOOSE, um elemento crítico para automação das subestações IEC 61850, que será oferecido diretamente entre as subestações, sem necessidade de passagem pelo núcleo MPLS, atendendo assim aos requisitos padrão de desempenho.

Combining an IP/MPLS core with carrier-grade Ethernet access and aggregation

Rede Ethernet / Smart Grid (RAD)

[Alternatively, utility operators may choose to separate the IT/enterprise network from the operational one. The former – used for delivering VoIP, IP video, internet connectivity, and billing data – can benefit from the scalability of IP/MPLS, while in the latter, carrier-grade]

A Ethernet pode ser utilizada para substituir SDH/SONET e se beneficiar de uma arquitetura e gerenciamento simplificados, maior segurança, menor latência e QoS garantido.

Cibersegurança e redes comutadas por pacote

Outro aspecto que merece atenção quando se fala em redes de comutação por pacote é a cibersegurança. As Smart Grids precisam atender ao grande número de dispositivos interconectados, a maioria deles localizada nas casas e redondezas dos consumidores, onde o acesso é irrestrito. Isso na verdade abre um maior número de pontos de vulnerabilidade que podem interferir negativamente na grid. Por isso é que as redes das concessionárias de energia precisam adotar medidas de segurança sofisticadas e escaláveis para impedir ataques maliciosos.

Um enfoque efetivo seria fazer várias camadas de proteção, sem agregar muitos dispositivos dedicados de segurança. Um enfoque de "defesa profunda" compreenderia elementos como controle de acesso à rede para autenticação física dos dispositivos conectados à rede, rede virtual privativa (VPN) segura dentro das unidades da empresa, com criptografia dos dados, acesso remoto seguro e firewall distribuído com foco nos aplicativos que também valide a lógica do aplicativo nos fluxos de comunicação entre os dispositivos para proteção contra comandos maliciosos.

Conclusão

A migração para Smart Grids e redes de próxima geração para comunicação das concessionárias de energia já está ocorrendo, e exige que essas empresas dediquem atenção especial a suas aplicações críticas. Forte proteção do clock, garantia de QoS, flexibilidade e monitoramento constante do desempenho são elementos essenciais para qualquer rede de próxima geração que estiver sendo considerada pelos operadores de rede de concessionárias de energia. Para responder a esses desafios e necessidades específicas desse mercado, é preciso que uma rede de comunicação inclua gerenciamento de tráfego, recursos hierárquicos de QoS, sincronização e elementos de segurança, além de suporte aos serviços e ao tráfego legados. A esse respeito às concessionárias em todo o mundo estão descobrindo que a Ethernet foi desenvolvida e padronizada com qualidades avançadas e agora é capaz de atender aos exigentes requisitos dos aplicativos críticos dessas empresas.

É certo que as concessionárias de energia vão migrar para comunicação inteligente de acordo com o ritmo de cada uma, mas todas compartilham a necessidade de custos menores com essa migração e torná-la á mais eficiente possível.

Gerente de Desenvolvimento de Negócios e Soluções, da área de Transportes e Migração da RAD Data Communications

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Leia na Fonte: e-Thesis
[22/08/11]  O quão inteligente a smart grid pode ser - por TM Forum

"Eu não creio que se possa definir smart grid de forma suscinta", diz Darrin Hill, especialista em energia em gestão e consultoria de TI e tecnologia do Consulting Group. E ele não está sozinho nesta opinião. Medidores inteligentes à parte, a maioria dos comentaristas teria problemas em resumir o conceito que, no entanto, chama a atenção dos governos, utilities, fornecedores e consumidores em todo o globo.

Hill acrescenta: "Para mim a questão gira em torno de como ser capaz de controlar a rede de forma flexível, e imediatamente, em resposta à demanda e geração de energia". Essa capacidade abre as portas para inúmeras possibilidades, como usar a tecnologia para tornar as redes de energia mais eficientes. Ou permitindo a integração eficaz e o uso de fontes renováveis ​​de energia. Ou permitindo que os consumidores gerenciem melhor o consumo e as despesas com energia. Ou incentivando a geração de redes mais distribuída, para encurtar distâncias e aumentar a segurança de fornecimento de energia. Ou permitindo o surgimento de novas idéias, como os aparelhos inteligentes, a rede doméstica que 'fala' para esses aparelhos e os veículos elétricos. Ou, ainda, tornando as fontes de alimentação mais inteligentes - num fluxo bidirecional de informações, além do fornecimento da própria energia elétrica.

A atividade que direta ou indiretamente faz referência ao conceito de smart grid já está em andamento seja no esquema de eficiência de energia proposto pela Shetland do Reino Unido; as iniciativas de integração de utilities em Amsterdam ou os pilotos de grid em Cingapura, Austrália Ocidental e outras regiões.

Em muitos casos, os governos procedem às mudanças necessárias, o caso dos EUA, onde, em outubro de 2009 o presidente Barack Obama anunciou US$ 3,4 bilhões em fundos de Lei de Recuperação para estimular a transição para a rede de energia inteligente, o maior investimento único em modernização de energia na história daquele país.

Para os governos o benefício é comprovado. Os consumidores podem, inicialmente, serem levados a pagar uma tarifa maior, mas provavelmente vão gostar da idéia de controlar e reduzir suas despesas para baixo. Mas qual o benefício para as utilities? Afinal, os custos - não apenas de adaptação de sua infraestrutura, mas na maneira como elas gerenciam o vasto aumento nos dados produzidos pela rede inteligente e na educação dos clientes - será significativo. Hill diz que para as utilities o impulso principal envolve "saber onde é preciso reforçar a rede e onde se pode gerenciar a demanda". É aí que repousa a grande economia, em última instância. "Comprometer bilhões de dólares na construção da usina contra estimular o uso de plantas para apoiar apenas os períodos de pico é, sem dúvida nenhuma, uma economia".

A comprovação disto é que, na maior parte do mundo desenvolvido, o smart grid vai acontecer. Tony Kalcina, fundador e diretor-executivo da empresa de negócios Clarity, de operações de automação, e membro do Conselho Consultivo do Fórum TM, argumenta: "Vivemos atualmente num modelo insustentável de crescimento. Há uma necessidade fundamental para nós, não só em energia, mas de vários segmentos da nossa sociedade em sermos mais inteligente na forma como fazemos as coisas". Mas, esta nova inteligência não sairá barato. Estimativas sugerem que nos próximos 40 anos, mais de US$ 45 trilhões terão de ser investidos em redes de energia, grande parte no smart grid. Mas este investimento também conduzirá a um grande mercado novo. Na verdade pode haver uma oportunidade de mercado US$ 100 bilhões só para a tecnologia de comunicações inteligentes da rede, nos próximos cinco anos. O mercado de telecomunicações em si está maduro e há oportunidades de ele se estabilizar. O ecossistema de redes inteligentes, ao contrário, está em sua infância.

Medidores inteligentes ou infraestrutura de medição avançada (AMI) são as manifestações mais antigas e mais óbvias do conceito. Já amplamente empregados, eles oferecem aos consumidores a capacidade de usar a eletricidade de forma mais eficiente (alertando-os para itens que usam energia excessiva ou para tarifas mais baixas em certos momentos do dia, por exemplo) e de serviços públicos com capacidade de detectar problemas em seus sistemas e operá-los de forma mais eficiente. É por isso que, juntamente com as empresas e os serviços de medição de campo que eles implicam, esta vai ser uma grande oportunidade para as empresas, talvez a melhor conhecida pela indústria de TI e telecomunicações. Na verdade, já em maio 2009, a Oracle Utilities anunciou o lançamento de sua própria rede de software inteligente - oferta de software de ponta a ponta, incluindo aplicações de missão crítica e de infraestrutura tecnológica de back-end. Como salientou Bastian Fischer, VP e gerente geral para a região EMEA da Oracle Utilities, "há uma clara convergência deo equipamento eletrotécnico com a tecnologia de informação e comunicação". Em termos de varejo, sugere ele, isso significa a criação de novos produtos "para além de pura energia, para prestar serviços de gestão de energia em casa, para prestar serviços de segurança para casa", insistiu ele.

No lado padronização, um número significativo de players estão envolvidos: órgãos globais como o IEEE, no caso específico da tecnologia, e a Comissão Eletrotécnica Internacional, bem como regionais, como a North American Electric Reliability Corporation e o National Institute of Standards and Technology, ao qual pertence o Smart Grid Advisory Committee.

Um desafio é a padronização que antecede este cenário e que certamente virá da AMI. Isso porque, no curto prazo, Kalcina sugere que "o desenvolvimento chave será na periferia do sistema, ou seja, nos medidores inteligentes: como implantá-los e instalá-los, como coletar os dados em tempo real etc. Em alguns casos, serão gerados 700 terabytes de dados num único dia".

No momento, muitos serviços não são capazes de recolher e utilizar a inteligência criada pela tecnologia do medidor inteligente, porque os seus sistemas de TI são inabilitados para lidar com a vasta quantidade de informação que os medidores inteligentes produzem. No entanto, se os dados do medidor inteligente - como informações de consumo, fatores de potência ou a qualidade da energia elétrica - devem ser acessíveis à corporação mãe, será necessária uma metro rede em todo o sistema de gestão de dados. Fischer salienta que "a adoção de smart grid é mais do que apenas colocar a tecnologia na grade. O que é central aqui é toda a tecnologia que fornece uma enorme quantidade de dados [que precisam ser processados ​​em quase que em tempo real]. É dar aos diferentes operadores e intervenientes o acesso às informações".

De todos os players predispostos a se envolver no processo de normalização de smart grid, o TM Forum provavelmente tem uma idéia mais clara do que a maioria em como a rede inteligente pode beneficiar este novo paradigma.

Keith Willett, presidente do TM Forum presidente, em para o setor de utility, afirmou que " o Fórum não está no nível design da tecnologia da rede. Nossa participação é nas operações de negócios. Como se tomar e processar pedidos, como corrigir os problemas dos clientes, como realizar a cobrança. Como mover os dados não é de muito interesse para nós. Onde vamos ajudar é quando se tem os dados de volta. Podemos ajudar a reduzir significativamente o custo de lidar com isso".

Em outras palavras, trata-se do gerenciamento da experiência do cliente e de gerenciamento em tempo real, controle e otimização da rede inteligente. Isso soa familiar? Deveria. Na década de 1980, o TM Fórum começou a trabalhar neste desafio de gestão social, técnica e operacional do smart grid. O resultado tem sido a documentação de processos de melhores práticas, funcionalidades, modelos de informação e expertise para entregar em larga escala, de forma confiável e inteligente a gestão operacional de redes inteligentes de telecomunicações.

O mercado ainda incipiente da rede inteligente não é tão diverso. Na verdade, o Fórum tem quase pronto os Frameworx para ofertas de mercado para o segmento de serviços públicos, assim como seus membros têm ofertas quase prontas de serviço para o mercado em geral. Enquanto a evolução do smart grid pode eventualmente resultar em modificações de produto, no momento, em muitos casos, Kalcina diz que "os membros do TM Fórum estão vendendo seus sistemas de negócios, de garantia de receita e os seus sistemas de OSS de forma direta e sem qualquer alteração".

Por outro lado, este também é um ecossistema complexo, com condutores diferentes para a mudança da uma base de país a país. Governos, ambientes regulatórios, serviços públicos (para não mencionar os varejistas em países onde a desagregação dos serviços públicos tem ocorrido), fornecedores e outros, muitas vezes ainda precisam responder ao desafio da implantação de smart grid. Os consumidores, por sua vez, terão de ser convencidos dos benefícios. Isso não vai acontecer da noite para o dia, diz Hill, sugerindo que haverá alguns anos de "lançamentos contínuos de medidores inteligentes, ensaios e testes de continuidade. Devemos ter maior clareza sobre os padrões de comunicações, as comunicações de rede de área e os protocolos - sobre como eles vão ligar para aparelhos inteligentes, por exemplo. A definição do que é um medidor inteligente irá tornar-se mais concentrada. E eu creio que a partir dos testes as pessoas começaram a realizar o que podemos entregar com as redes inteligentes".

No entanto, há motivos para afirmar que a indústria de telecomunicações tem se esforçado no processo de adaptação BSS/OSS e, mesmo nesta fase inicial, tem muito a ensinar à indústria de energia. Daí os planos do Fórum para estabelecer um Centro de Apoio ao Mercado de Smart Grids. Mas o TM Fórum tem plena consciência de que não pode ditar a mudança para uma indústria que é muitas vezes não está familiarizada com o papel do Fórum. Em vez disso, pretende demonstrar que o pode oferecer e como as utilities, em particular, podem se beneficiar a partir de normas estabelecidas pelo TM Forum.

Um tal alcance visa oferecer os componentes para a indústria numa metodologia e linguagem que possa ser entendida por uma pessoa de oriunda do setor de utility.

Enquanto isso, smart grid pode trazer consigo enormes recompensas comerciais e ambientais. E o incentivo não é apenas em energia. Kalcina diz que isso pode ser um jogo entre indústrias, "Primeiramente, o modelo de crescimento insustentável que temos em energia está sendo jogado fora também na área da saúde onde, em outros 30, 40 anos, não será suficiente que o PIB apóie nossa população em envelhecimento".

Então, como podemos nos tornar inteligentes? A implementação global de sucesso do smart grid pode levar a aplicação do conceito em muitas outras indústrias, melhorando a eficiência e aumentando a atividade econômica: o transporte inteligente, a saúde inteligente, a água inteligente e a educaçã inteligente, por exemplo. Ser inteligente, em outras palavras, pode mudar tudo e todos para melhor. Energia é apenas o primeiro passo.

Autor: Vaughan O'Grady

Leia aqui no original

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Leia na Fonte: e-Thesis
[22/08/11]  Smart grid para uma matriz energética mais sustentável - por Nicolau Branco

As redes inteligentes (smart grids) quebram o paradigma do fornecimento de energia, ao possibilitar que os usuários das redes existentes possam não só consumir como também fornecer energia, independentemente do seu "status quo" na rede - isto é, um consumidor pode ser fornecedor e vice-versa.

Esse conceito é viabilizado por tecnologia digital de dois sentidos, que permite detectar, medir e controlar a produção, distribuição e o consumo de integrantes da rede, que transmitem informações sobre o estado do sistema, seus operadores e dispositivos automatizados. Este controle e intercâmbio de informações permitem uma resposta dinâmica às mudanças verificadas no estado energético da rede, podendo ativar equipamentos em momentos de menor consumo, ou desligá-los em horários de pico.

Do ponto de vista tecnológico, esse conceito é viável e promove a independência energética, além de contribuir para a redução do aquecimento global e para a diminuição do risco de apagão - uma vez que integra novos players em uma matriz energética mais capilarizada e democrática.

Hoje, no Brasil, várias industrias já têm na energia elétrica um de seus subprodutos: por meio da tecnologia existente, "injetam" a energia na rede, tornando-a fonte de renda. Em outros mercados, existem tarifas diferenciadas para horários de pico - mas essa realidade, além de pontual e localizada, depende da consciência individual. É necessário dar o próximo passo, gerando um interesse coletivo, impulsionado por vantagens econômicas que acelerem a implementação de um sistema bidirecional e inteligente, que monitore e mantenha o controle de toda a eletricidade fluindo, otimize o consumo e possibilite a contribuição em massa de pequenos produtores de energia.

Modernização

Os impactos das redes inteligentes são transversais na sociedade e, a médio e longo prazo, podem produzir importantes efeitos positivos, uma vez que promovem a otimização de recursos naturais e integram os vários atores envolvidos na geração, distribuição e utilização de energia elétrica. Esse fato faz com que os governos sejam os principais motores deste conceito - a Smart Grid é um dos principais programas da administração Obama. Por meio dos organismos reguladores do setor elétrico, os governos pressionam os vários integrantes do sistema atual para modernizar e prover as condições básicas visando a implementação efetiva das redes inteligentes. Mais do que isso, os governos precisam rever e inovar os conceitos fiscais e tributários por trás da economia, de modo a tornar viável a integração de pessoas jurídicas e físicas no modelo de Consumidor/Produtor, incentivando pequenos projetos de geração de energia limpa e renovável e beneficiando os indivíduos que venham a contribuir com o modelo.

Esta modernização implica em alguns macroprojetos, envolvendo, entre outros:

Planejamento de rede e negócios.
Renovação das infraestruturas de transmissão, distribuição e medição.
Implementação de sistemas inteligentes de gestão da rede.
Implementação de sistemas de gestão e controle da distribuição e comercialização e, ainda, de portais de cliente.

Nossa visão

A Neoris é uma companhia de soluções em consultoria e tecnologia especializadas nos segmentos de Utilities, Indústria, Comunicações e Serviços Financeiros - alguns dos setores que serão diretamente beneficiados pela implantação de redes inteligentes. O portfólio da Neoris inclui produtos e serviços que viabilizam as várias fases necessárias para adequar a operação dessas empresas à nova realidade do mercado, como, por exemplo, consultoria estratégica, desenvolvimento de soluções sistêmicas de billing, co-billing, medição de fronteiras, gestão empresarial, portais de clientes e Business Transformation Outsourcing.

Acreditamos que, por meio de uma aproximação estruturada a este desafio, as companhias do setor não só vão se adaptar às regulamentações públicas como também poderão obter vantagens para o seu negócio, ao conseguir implementar estruturas e sistemas que viabilizarão a integração de clientes com a rede, de forma a normalizar o suprimento de energia e a integrar pequenos produtores de energia elétrica.

Nesse ambiente, existem as condições necessárias para o estabelecimento de uma relação matricial entre os setores de Utilities, Comunicações e Tecnologia, por exemplo, visando a geração de valor para os envolvidos e a sociedade, estabelecendo um ecossistema auto-sustentado e viável no longo prazo, com soluções integradas de serviços em uma mesma rede física e lógica de abastecimento ao consumidor final.

Um grande exemplo consiste na otimização dos ativos de redes de distribuição de energia elétrica para suprir a última milha de banda larga, TV paga e telefone fixo, tornando possível a entrega simultânea de múltiplos serviços ao consumidor final, gerenciados sob um único contrato, que proporcionará a redução de despesas administrativas e da inadimplência, entre outras vantagens. Essa estrutura permitirá, ainda, que pequenos produtores de energia - domésticos, comerciais ou industriais - possam participar da matriz energética, diminuindo a dependência dos meios tradicionais e finitos de geração de energia, ao mesmo tempo em que reduzem os seus custos, gerando maior capacidade de consumo e de investimento em bens e negócios, movimentando a economia em geral e garantindo uma melhor distribuição de riqueza.

Mais verde

Essa integração de novos agentes geradores de energia elétrica vai contribuir para a redução dos gases de efeito de estufa, ao tornar viável a integração de energia limpa e renovável - como a solar e a eólica - proveniente de pequenos produtores, diminuindo a dependência de uma matriz energética abastecida por meios convencionais, ecologicamente incorretos e até perigosos (carvão, gás natural, nuclear e hidrelétricas), em prol de fontes sustentáveis no longo prazo.

Para quando?

Há um consenso entre os vários analistas de mercado de que, na segunda década deste século, teremos a capacidade técnica para operar sistemas inteligentes de gestão de redes de energia. Até lá, vários movimentos são necessários e barreiras precisam ser quebradas, sendo que as mais complexas são de ordem fiscal e tributária. Veremos mercados mais maduros e regulados a ter maior agilidade na implementação das Smart Grids, grandes e pequenos investimentos de todas as partes, com a garantia de uma matriz energética mais sustentável, democrática e justa, que trará muitos benefícios para o planeta, a Humanidade e para cada um de nós. Este pode ser o legado da nossa geração, uma geração que vem usufruindo das riquezas e oportunidades geradas no século 20, mas que sofre com os impactos sociais e ambientais da política do progresso a qualquer custo.

VP de Operações da Neoris Brasil