WirelessBRASIL

WirelessBrasil  -->  Bloco Tecnologia --> Índice de 2014 --> "Post"

Obs: Os links indicados nas transcrições podem ter sido alterados ao longo do tempo. Se for o caso, consulte um site de buscas.


25/01/14

• "Caladão" nos estádios da Copa + "Rolezinho" sobre o tema "Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados" (1)

Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!

01.
O tema "Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados" foi um pouco debatido nos Grupos em 2012, mas tem continuado nas manchetes e nas preocupações dos engenheiros.
Creio que o momento é oportuno para iniciarmos um "rolezão" didático sobre os aspectos técnicos para que todos, iniciados ou não, possam compreender as dificuldades e as soluções.

02.
Para dar partida, faço um "rolezinho" de matérias recentes e outras mais antigas, mas todas com informações preciosas!

Há poucos dias as teles divulgaram preocupação com um eventual "caladão" nos estádios da Copa.

Recorto um comentário de Mariana Mazza em matéria transcrita mais abaixo:

Leia na Fonte: Band / Colunas
[23/01/14]  Teles avisam: estádios da Copa podem ter caladão - por Mariana Mazza

(...) O alerta feito pelo SindiTelebrasil traz uma mudança de atitude interessante por parte das teles. O protesto antecipado de que as redes podem não estar prontas para os jogos transfere para a administração pública parte do problema, uma vez que uma parcela considerável dos conflitos entre operadoras e empreiteiras poderia ser mitigada com uma mediação feita pelas autoridades responsáveis pelo evento. Essa nova postura é frontalmente oposta ao discurso feito na época da Copa das Confederações." (...)

03.
A notícia que motivou o comentário da Mariana está aqui:

Ler na Fonte: Convergência Digital
[
21/01/14]  Teles travam duelo com estádios e dizem que situação é crítica em São Paulo - por Ana Paula Lobo

Faço um recorte para motivar a leitura (grifos meus):

(...) Segundo Levy, as empresas - Vivo, TIM, Claro, Oi e Nextel - estão atuando no modelo de consórcio e decidiram - em função das críticas da má qualidade do serviço na Copa das Confederações - implantar uma rede Wi-Fi para suportar o tráfego de dados. Essa infraestrutura suportaria os serviços 3G e 4G. De acordo com Levy, acordos operacionais já foram fechados no Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. "Nesses estádios, estaremos com tudo pronto em fevereiro", sustentou.

Mas em Minas, Fortaleza, Recife e Natal, a implantação da rede Wi-Fi está suspensa. Segundo Levy, os administradores dos estádios querem instalar rede própria para cobrar dos torcedores. "Não é esse modelo que as teles estão atuando. Para o bem ou para o mal, as críticas virão para as teles. O serviço tem de ser prestado por nós", frisou. O executivo destacou que para colocar a rede Wi-Fi em funcionamento será necessário um prazo de 120 dias. (...)

04.
Aqui estão os "posts" de 2012 no WirelessBRASIL sobre o assunto "Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados":
22/06/12
Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (3) - Comentário de Ricardo Miguel
21/06/12
Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (2) - Comentário de José Smolka
18/06/12
Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (1) - Uma notícia e um artigo

O destaque vai para o texto do José Smolka que "perpetrou" um ótimo resumo didático (com uma bela figura!)  :-) sobre alguns dos aspectos técnicos. Vale conferir!

05.
E também vale muito reler este artigo citado num dos "posts" acima, que faz um voo panorâmico sobre o assunto:
Leia na Fonte: Teletime - Origem: Revista Teletime - Edição 153 - Abril 2012
[31/05/2012]  WiFi salvador - por Letícia Cordeiro

06.
O nosso José Roberto de Souza Pinto também se interessa muito pela questão e escreveu este artigo em 2013:

Leia na Fonte: Website de José Roberto de Souza Pinto
[27/05/13]  Você acessa a Internet com tablet ou celular via rede 3G ou Wi-Fi? - por Jose Roberto de Souza Pinto

Abaixo estão as transcrições.

Vamos prosseguir no tema, didaticamente?  :-)
Vamos esmiuçar as dificuldades técnicas enfrentadas pelas teles - e as soluções - não só nos citados estádios, mas em outros locais?
Indicações de matérias sobre hotspots Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL


Ler na Fonte: Convergência Digital
[
21/01/14]  Teles travam duelo com estádios e dizem que situação é crítica em São Paulo - por Ana Paula Lobo

Em entrevista à rádio CBN, nesta terça-feira, 21/01, o diretor-executivo do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, deixou claro que há um risco 'potencial' de o jogo de abertura da Copa 2014 ter um 'caladão' de serviços móveis em função da ausência de acordo com a administração do Itaquerão.

"As obras não acabaram e não há nem a sala disponível para a instalação dos equipamentos". Há problemas também em Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Natal e Curitiba. "Não estão deixando implantar uma rede Wi-Fi para melhorar o serviço", disse.

Segundo Levy, as empresas - Vivo, TIM, Claro, Oi e Nextel - estão atuando no modelo de consórcio e decidiram - em função das críticas da má qualidade do serviço na Copa das Confederações - implantar uma rede Wi-Fi para suportar o tráfego de dados. Essa infraestrutura suportaria os serviços 3G e 4G. De acordo com Levy, acordos operacionais já foram fechados no Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. "Nesses estádios, estaremos com tudo pronto em fevereiro", sustentou.

Mas em Minas, Fortaleza, Recife e Natal, a implantação da rede Wi-Fi está suspensa. Segundo Levy, os administradores dos estádios querem instalar rede própria para cobrar dos torcedores. "Não é esse modelo que as teles estão atuando. Para o bem ou para o mal, as críticas virão para as teles. O serviço tem de ser prestado por nós", frisou. O executivo destacou que para colocar a rede Wi-Fi em funcionamento será necessário um prazo de 120 dias.

Mas a grande preocupação está centralizada no Estádio do Itaquerão, em São Paulo, onde será realizado o jogo de abertura da Copa do Mundo. Segundo o diretor-executivo do SindiTelebrasil, como as obras atrasaram nem a sala de 200 metros - necessária para a instalação dos equipamentos básicos para o serviço das teles - foi disponibilizada. "Não temos nada no Itaquerão. isso nos preocupa muito. Temos que receber essa sala com, no mínimo 120 dias, para testar tudo. E ainda teremos que negociar a rede Wi-Fi", frisou. Em Curitiba, afirmou, a situação é semelhante.

*Com informações da Rádio CBN.

--------------------------------------------

Leia na Fonte: Band / Colunas
[23/01/14]  Teles avisam: estádios da Copa podem ter caladão - por Mariana Mazza

Faltando pouco menos de seis meses para o início da Copa do Mundo no Brasil, as operadoras de telefonia não estão nada confortáveis com o cronograma de instalação das redes 4G nas arenas. Com atrasos nas obras de estádios importantes, como é o caso da Arena da Baixada, em Curitiba, as teles já admitem que é possível que algumas arenas fiquem desconectadas.

O aviso partiu do diretor executivo do SindiTelebrasil, sindicato patronal que representa as companhias telefônicas, Eduardo Levy, em várias entrevistas à imprensa. Segundo Levy, a situação mais crítica é nos estádios Itaqueirão, em São Paulo, e na problemática Arena da Baixada - que inclusive corre o risco de ser retirada do rol da Fifa. Nesses casos, ainda não haveria sequer espaço destinado para a instalação dos equipamentos e as conversas com os administradores dos estádios parecem não avançar. A cada dia o problema fica maior, já que são necessários pelo menos quatro meses para garantir a implantação da rede em cada estádio.

O drama só não é pior pelo fato de metade das arenas escolhidas para os jogos da Copa já terem passado por boa parte do processo no ano passado, com a realização da Copa das Confederações. Sendo assim, seis dos 12 estádios estão com redes operantes, embora ainda sejam necessários ajustes, como a instalação do sistema wi-fi. E, em pelo menos metade desse grupo ainda há controvérsias sobre essa segunda etapa da instalação.

O alerta feito pelo SindiTelebrasil traz uma mudança de atitude interessante por parte das teles. O protesto antecipado de que as redes podem não estar prontas para os jogos transfere para a administração pública parte do problema, uma vez que uma parcela considerável dos conflitos entre operadoras e empreiteiras poderia ser mitigada com uma mediação feita pelas autoridades responsáveis pelo evento. Essa nova postura é frontalmente oposta ao discurso feito na época da Copa das Confederações.

Um ano atrás, as empresas de telefonia encheram a boca para elogiarem sua própria eficiência na instalação das redes, noticiando toda vez que podiam que estavam antecipando os prazos estabelecidos e que a cobertura seria perfeita. Não foi bem assim. Vários problemas foram identificados e até o secretario-executivo do Ministério das Comunicações na época Cezar Alvarez admitiu que seu celular não funcionou nas visitas feitas aos estádios.

Agora, até mesmo Levy assume que as coisas não funcionaram bem em 2013. "As prestadoras aprenderam a lição com a Copa das Confederações, onde ocorreram alguns problemas de comunicação, mesmo colocando 100% da capacidade das frequências detidas", afirmou o diretor executivo do SindiTelebrasil em entrevista ao portal Telesíntese. Uma das lições aprendidas deve ter sido levar mais a sério o tempo para a instalação das redes. No ano passado, o último contrato foi fechado apenas dois meses antes dos jogos, o que pode ter comprometido severamente a qualidade do serviço que foi oferecido durante a Copa das Confederações.

Na época, critiquei as falhas do comunicação entre governo, teles e empreiteiras. Esses três pilares arrastaram as pendências ao limite, cada um cuidando de sua própria agenda de interesses, minimizando a necessidade de cumprir o que havia sido acordado com a Fifa dentro do prazo. Agora a novela recomeça e só nos resta torcer para que o desfecho não seja semelhante ao da Copa das Confederações.

--------------------------------------

Leia na Fonte: Website de José Smolka
[21/06/12]  Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados - Comentário de José Smolka

de: J. R. Smolka smolka@terra.com.br por yahoogrupos.com.br
data: 20 de junho de 2012 20:36
assunto: Re: [wireless.br] Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (1) - Uma notícia e um artigo

Em 14/06/2012 21:39, Helio Rosa escreveu:
Hoje, uma boa parcela da população tem uma ideia, muiiiito simplificada, de como funciona o sistema celular (aparelho e antenas) e um roteador Wi-Fi doméstico.
Será que alguma boa alma poderia tentar resumir qualitativamente (em poucas frases), para os leigos e até iniciados, como o Wi-Fi vai ser (está sendo) usado para desafogar o tráfego de dados do sistema celular?  :-)

Oi Pessoal,

Eu sei que, lá no fundo, o Hélio sabe que eu dificilmente resisto a este tipo de provocação. Que seja. Vamos à explicação - que espero seja sucinta como o Hélio espera (mas não dou garantias).

O sistema de telefonia celular foi concebido para suportar um único serviço: o tráfego de voz com mobilidade. Com o advento da 2ª geração (2G) apareceram o SMS (Short Message Service) e o serviço de dados como complementos ao serviço de telefonia móvel. Em um primeiro momento a banda disponível para o serviço de dados era tão baixa que somente aplicações de baixo throughput podiam utilizá-lo a contento. Foi a época de ouro do WAP (Wireless Application Protocol), e quando a RIM começou a ganhar dinheiro com um aparelho mais "inteligente" que a média chamado Blackberry e o serviço de sincronismo de caixas postais de correio eletrônico operado por ela... Mas isto tudo é história.

O advento da 3ª geração (3G) da telefonia celular trouxe também o início (pelo menos para a comunidade oriunda dos sistemas GSM - o pessoal que usava redes 1xRTT e EV-DO já tinha acesso a isso cerca de dois anos antes) da oferta de bandas razoáveis para o serviço de dados. Razoáveis o suficiente para que um modem 3G permitisse ao usuário de um notebook um acesso móvel à Internet com capacidade semelhante à de um acesso fixo DSL. Isto, mais o aparecimento de aparelhos celulares com capacidade de processamento e interfaces de usuário mais amigáveis - os smartphones (capitaneados pelo iPhone da Apple) - juntamente com lojas virtuais dedicadas a distribuir aplicações para uso neste novo tipo de terminal (as app stores) produziu um frenesi de consumo do serviço de dados, que não para de crescer.

E este excesso de sucesso é a raiz de todo o problema. As redes de telefonia celular possuem dois "calcanhares de aquiles" sensíveis a esta explosão de consumo do serviço de dados. Para entender direito é melhor ver um desenho. A figura abaixo representa um grupo de células (Node-Bs) conectadas a uma RNC (Radio Network Controller). A infra-estrutura de conexão das células com a RNC é denominada backhaul (nada a ver com aquele das discussões - tempos atrás - sobre o PGMU do STFC)



Link da figura: http://www.wirelessbrasil.org/jose_smolka/2012/jun_02.jpg



O primeiro ponto de fragilidade é a própria interface aérea 3G (WCDMA com HSPA ou HSPA+). A capacidade total de transmisssão da célula precisa, primeiro, ser particionada entre os serviços de voz e de dados. Depois disso a capacidade efetiva que será alocada a cada usuário do serviço de dados depende da quantidade de usuários ativos simultaneamente dentro da área de cobertura da célula. A regra é simples: quanto mais gente na célula, menos banda fica disponível para cada um. Em um quadro de grande demanda a solução clássica seria simples: aumentar a densidade das células que cobrem a região problemática, para diminuir a quantidade média de usuários por célula. Só que a confusa superposição de legislação municipal, estadual e federal sobre a instalação de antenas muitas vezes dificulta, ou mesmo impede, esta opção.

O segundo ponto fraco é o próprio backhaul. As operadoras celulares (viajando tranquilamente na maionese colocada diante delas pelos seus fornecedores tradicionais) demoraram demais em substituir a tecnologia TDM típica dos enlaces de backhaul. O resultado disso é que, quando foram confrontadas pela dura realidade da explosão do tráfego de dados, elas descobriram que era inviável continuar a expandir os enlaces de backhaul usando a tecnologia TDM (plesiócrona ou síncrona), seja pelo fator custo ou pela própria inadequação inerente da tecnologia TDM (boa para tráfego de comutação de circuitos) às características do tráfego do serviço de dados (que é baseada em comutação de pacotes).

Entre estes dois gargalos a possibilidade de divergir pelo menos parte do tráfego de dados para uma rede paralela soa como música aos ouvidos das operadoras, porque: (a) como usam bandas não licenciadas, os hotspots Wi-Fi não dependem de autorização prévia da Anatel para sua instalação, e não são atingidos pelas leis que restringem a instalação de antenas celulares, a cobertura Wi-Fi pode ser feita com rapidez e com muito maior densidade que as células convencionais; e (b) o backhaul dos hotspots Wi-Fi pode utilizar enlaces DSL sobre a rede de acesso da telefonia fixa, diminuindo a pressão pela substituição rápida da tecnologia do backhaul das células. E, ainda por cima, ela é barata.

Por isso o Wi-Fi tornou-se a solução mais desejável do momento para desafogar o congestionamento dos serviços de dados das operadoras celulares. O que não quer dizer que isto seja a solução ideal e definitiva. Para o 4G seria desejável que o impasse sobre a instalação de novas antenas celulares seja resolvida (dizem que vão fazer uma Lei federal para disciplinar isso, mas ela ainda está no início do longo e tortuoso processo legislativo), e que a substituição de tecnologia do backhaul celular já tenha atingido massa crítica que permita prescindir de redes de transporte alternativas.

[ ]'s

José Smolka

----------------------------------------

Leia na Fonte: WirelessBRASIL
[22/06/12]  Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (3) - Comentário de Ricardo Miguel

Prezado J. R. Smolka,

Pelo que conheço sobre legislação a respeito de Sistemas de Radiação Restrita ao qual o Wi-Fi está incluso e baseado em seu comentário: "hotspots Wi-Fi não dependem de autorização prévia da Anatel para sua instalação", entendo que isto é verdade desde que a irradiação destes hotspots seja limitada a uma única edificação. Caso seja necessário fazer enlace entre diferentes edificações, que ao que me parece está implicitamente fazendo parte de seu comentário, penso que seja necessário obter licença da Anatel.

Por outro lado, esquecendo meu comentário anterior, imagine uma estação radiobase utilizando um link em 2.4GHz (na banda não licenciada de 2,4GHz a 2,48GHz) e instalada no topo de um edifício. Imagine que neste edifício existam 4 apartamentos de cobertura, cada qual com seu access point WiFi operando o dia todo.

Se todos operarem simultaneamente, provavelmente não haverá canal disponível. Além disso, a potência de RF oriunda dos acces points que está disponível na entrada de RF do hotspot da operadora naquela edificação será muito maior que a potência de RF oriunda do outro hotspot da operadora (em outra edificação), impedindo o uso do canal e podendo dessensibilizar o receptor interferido (quando o acces point estiver operando em outro canal).

Penso que a interferência causada por estes access points pode prejudicar significativamente a recepção do hotspot da operadora, inviabilizando a sua comunicação. Como a proposta me parece ser por um enlace sem licença entre hotspots, o mesmo não estará protegido por lei e, mesmo que estivesse, imagine a quantidade de access points são utilizados pelos usuários de Wi-Fi em uma cidade e, pior, sem qualquer controle da Anatel. Como será que vamos desativá-los ou será que vale a pena fazer isso (do ponto de vista de marketing)?
Agora, imagine o risco de interferências por forno de microondas, telefones sem fio, controles remotos, equipamentos médicos, redes Zigbee, Bluetooth, equipamentos industriais, radioamadores, etc... Trabalhei com telefones em fio e tive todos estes tipos de problemas na prática, nesta banda de frequências. Inclusive, acompanhei os resultados de medições que comprovaram a perda de enlace de link Wi-Fi por interferência de telefones sem fio analógicos 2.4GHz, em condições de uso em uma residência.

Esta proposta me parece uma boa idéia, quando está sendo analisada isoladamente, mas, no mundo real, penso que deixa de ser atrativa pelos riscos impostos tecnicamente, devido à legislação aplicada nesta banda de frequências.

Atte.,
Ricardo J. Miguel

----------------------------------

Leia na Fonte: Teletime - Origem: Revista Teletime - Edição 153 - Abril 2012
[31/05/2012]  WiFi salvador - por Letícia Cordeiro

Operadoras móveis de todo o mundo têm um grande problema nas mãos: rentabilizar os investimentos que precisam fazer em espectro e em suas redes para atender a explosão do tráfego de dados e consumidores ávidos por velocidades cada vez maiores, num cenário em que os preços ao usuário final se mantêm os mesmos, com tendência de redução.

A questão ganhou importância apenas mais recentemente no Brasil, com o início da massificação dos terminais 3G. E de uma hora para outra, a solução mais viável para a equação de tráfego versus capacidade das redes 3G apareceu em uma tecnologia madura, amplamente disseminada em ambientes domésticos, mas por anos ignorada pelas operadoras: as redes WiFi.
É crescente, em mercados desenvolvidos, o uso por grandes operadoras do WiFi em hotspots instalados em locais de grande concentração de usuários para desafogar suas redes de dados móveis, escoando esse tráfego para redes fixas de fibra, HFC ou par metálico. É o conceito de off-load WiFi.
Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Cisco, as teles respondem atualmente por 10% a 20% da demanda mundial por equipamentos WiFi, um mercado que movimenta US$ 3 bilhões ao ano. Apenas há três anos, essa participação era de menos de 5%.

O engenheiro de redes da PromonLogicalis, Fabio Jardim, explica que a maneira tradicional de fazer o atendimento utilizando macrocélulas 3G não é economicamente viável para atender à explosão de dados móveis iniciada em 2010. “A tendência é isso piorar. Entre 2009 e 2014 o consumo de dados deve aumentar 39 vezes e vídeo será 66% disso”, estima. A Cisco prevê que o tráfego global de dados nas redes móveis aumente 18 vezes até 2016. “E nessa projeção estamos considerando as estratégias de off-load WiFi das operadoras. Se não houvesse o off-load, o crescimento seria de 22 vezes até 2016”, calcula o diretor de relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara. Na América Latina, em 2011, apenas em 2% do tráfego móvel foi feito o off-load WiFi. Para 2016, a expectativa da Cisco é de que o volume chegue a 13%.

Assim, seria preciso colocar muitas radiobases 3G, diminuindo o tamanho das células para atender menos usuários com mais velocidade em locais de grande demanda. Além disso, pelos cálculos das operadoras brasileiras, para se construir uma rede 3G com a mesma capacidade de uma WiFi, os custos seriam cinco vezes maiores. “A maior parte dos acessos é feita em ambientes indoor e a penetração da macrocélula 3G nesses ambientes é pior ainda”, complementa Jardim. O diretor de operadoras da Cisco, Rodrigo Diestmann, concorda: “70% do tráfego de dispositivos móveis já são gerados em WiFi, quando o usuário está parado em algum ambiente, em casa, no trabalho, num shopping center etc. É um tráfego nomádico, não móvel. Então, para operadoras que precisam baixar o Capex, o WiFi é uma resposta extremamente econômica, seis vezes mais barata que o 3G e com percepção de qualidade superior”.

Na opinião do engenheiro da PromonLogicallis, empresa que está envolvida nos projetos de integração dessas redes das teles brasileiras, o WiFi não substituirá o 3G ou o LTE, mas permitirá que as operadoras implementem o acesso de forma mais eficiente e com menor custo. “Exatamente por ser uma tecnologia madura, presente em diversos dispositivos e utilizar faixas de espectro não-licenciadas de 2,4 GHz e 5,8 GHz, o WiFi acaba sendo uma solução mais barata para melhorar a experiência dos usuários móveis, oferecendo velocidade e desempenho maiores do que nas redes 3G”, avalia o vice-presidente e Head of Innovation, Partnership and Alliances da Ericsson América Latina, Jesper Rhode.

Um estudo realizado pela Analysys Mason, por exemplo, indica que as redes WiFi podem reduzir em até 50% os custos de transporte de rede e ajudar as operadoras a enfrentar o aumento de até oito vezes nos custos de acesso 3G. “Um hotspot com WiFi na versão 802.11n pode oferecer taxas de download de até 450 Mbps, e a implantação dessa rede em áreas urbanas de alta densidade pode sair até 13 vezes mais barata do que uma rede 3G”, calcula Jardim.

Brasil

No Brasil, para operadoras como Algar, Oi e Vivo, a instalação de hotspots WiFi teve início há alguns anos, mas apenas como forma de dar uma certa mobilidade para assinantes da banda larga fixa. Agora, todas as teles já começaram a traçar suas estratégias de off-load WiFi para desafogar as redes 3G.
A capilaridade e velocidade de implantação dessas redes seguirão as redes fixas ligadas às operações móveis. O link fixo dos hotspots WiFi poderá ser feito nas redes de cabo (HFC) e xDSL em pontos de acesso de demanda moderada, como bares e restaurantes. Já para escoamento de tráfego em grandes centros, a tendência é de que sejam atendidos com fibra.
O primeiro movimento nesse sentido aconteceu em meados de 2011 com a disputa entre Telefônica, TIM e Oi pela Vex. A Oi ganhou a disputa e levou em agosto os 1,6 mil hotspots da empresa por R$ 27 milhões. “O WiFi é uma tecnologia de acesso complementar e a aquisição da Vex foi uma consequência da nossa estratégia de oferecer Internet everywhere e com experiência muito melhor aos nossos clientes”, conta o diretor de desenvolvimento e gestão de novos negócios da Oi, Abel Camargo.

A Oi juntou três redes WiFi distintas em uma única, batizada de “Oi WiFi”. Assim, a tele une os 1,6 mil hotspots da Vex no Brasil e mais de 40 mil ao redor do mundo através de acordos de roaming às redes metropolitanas WiFi construídas pela Oi em espaços abertos e ainda à Fon, rede WiFi compartilhada pelos próprios usuários.
O objetivo é alcançar um milhão de hotspots no País até o final de 2013. Pode parecer ambicioso, num primeiro momento, ainda mais se considerarmos que o Brasil tem menos de 5 mil hotspots instalados, mas ela é factível, segundo Camargo, por conta da parceria com a Fon, “que nos dará capilaridade muito rápida em vários pontos de interesse”.

A Fon atua em 11 países e com mais de 4 milhões de hotspots WiFi e sua rede é composta por roteadores em pequenos estabelecimentos comerciais que cedem 1 Mbps de sua conexão fixa para o acesso público WiFi. Quem cede sua rede tem direito a acessar de graça os 4 milhões de hotspots da Fon no mundo. Na Fon, mesmo usuários residenciais podem se juntar à rede, compartilhando sua banda larga para terem o benefício recíproco proporcionado por outros usuários.
No caso do Brasil, a rede da Fon está funcionando em restaurantes e outros estabelecimentos comerciais que usam banda larga fixa da Oi de pelo menos 5 Mbps nos bairros do Leblon e Ipanema, no Rio de Janeiro. “Estamos em teste-piloto com usuários residenciais no Rio. Precisamos fazer alguns ajustes, mas em breve também terão a opção de compartilhar suas conexões”, garante.

No caso das redes metropolitanas, a Oi montou uma primeira rede na orla das praias de Ipanema e Leblon, no Rio de Janeiro, e agora começa a implatação também em locais populares de Salvador, como o Farol da Barra e o Pelourinho. “E sempre que a gente cobre uma área externa, começamos a expandir também a capilaridade com a rede Fon nos estabelecimentos comerciais”, completa.
Aliado à estratégia de Internet everywhere, a Oi também tem o objetivo de desaforgar a rede móvel 3G. “No fundo, o WiFi é uma forma de propagação a partir de uma conexão fixa e é sim um modo de diminuir a necessidade de expansão das redes 3G”, admite o executivo da Oi. “Com o off-load de tráfego 3G na orla do Rio, por exemplo, posso levar muito mais tempo para ampliar a capacidade da cobertura móvel celular”.
Com apenas três meses de operação do Oi WiFi, a tele tem verificado um crescimento exponencial do tráfego nas três redes combinadas. “São 32 terabytes (TB) de dados de tráfego se somarmos os hotspots das três redes e 960 mil sessões nesse período e ainda nem começamos o roll-out no Brasil todo”. A Oi totaliza até o momento cerca de 2,1 mil hotspots no País e o objetivo é chegar às principais capitais brasileiras até dezembro com as redes metropolitanas e Fon.

Os clientes da Oi de banda larga fixa a partir de 5 Mbps e banda larga móvel com franquia de 2 GB têm acesso gratuito à Oi WiFi e a autenticação é feita com login e senha no portal do serviço. “Estamos implantando também outros tipos de autenticação para automatizar o processo com segurança a partir do SIMcard, mas para funcionar o smartphone precisa ter a tecnologia EAP-SIM embarcada”, revela. Ele explica que smartphones com sistemas operacionais iOS, da Apple, e BlackBerry (RIM) já têm a funcionalidade, bem como os mais recentes lançamentos nas plataformas Android e Windows Phone. “Estamos nos testes finais do nosso aplicativo para esses sistemas operacionais, que além de fazer a autenticação automática do usuário, ainda trará serviços agregados, como a distância até o hotspot mais próximo”.

A TIM também decidiu investir em uma rede própria com tecnologia WiFi para desafogar suas antenas 3G. A operadora instalará 10 mil pontos de acesso em áreas públicas com grande concentração de pessoas, como praças, estádios e aeroportos nas principais cidades do Brasil, tarefa que deve estar concluída até o fim de 2012. A RFP para consulta de preços está em andamento e a expectativa é de que até o final de abril sejam anunciados o fornecedor ou fornecedores dos hotspots. Alguns pontos, como em aeroportos, já foram instalados para testes.
“A TIM vem em uma batida forte de crescimento de mercado desde que lançamos em 2010 os novos modelos de tarifação de voz e dados ilimitados, e com o expressivo crescimento da base de usuários, aumentou também o uso médio da rede de dados”, conta o diretor de marketing da TIM/Intelig, Rafael Marquez.
A tele vem observando de perto a movimentação das operadoras internacionais para off-load WiFi há dois anos. “Queríamos uma solução para não ter que ‘tirar o pé’ quando a rede ficasse sobrecarregada, e é mais inteligente em termos de custo utilizar WiFi para expandir capacidade do que o 3G”.
A estratégia WiFi da TIM só começou a ser posta em marcha despois das aquisições da Intelig, em 2009, e da AES Atimus, em 2010, que deram origem no ano passado à divisão TIM Fiber. “Para continuar agressivos no mercado precisávamos não depender tanto de redes fixas dos concorrentes. Hoje temos mais de 20 mil km de fibra no Brasil”, diz Marquez.
A TIM conseguiu grande capilaridade nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo com as redes da Atimus e prevê agora a expansão da rede herdada da Intelig, tanto para atendimento do mercado corporativo quanto para a interligação das ERBs em todo o País. “Vamos usar a fibra para transporte entre as antenas, mas também aproveitando para WiFi, seguindo o caminho das maiores concentrações de usuários da TIM, como em Santa Catarina e no Nordeste”, detalha.
A operadora estuda também acordos de roaming WiFi. “Abriremos nossa rede para receber roamers de outros países e oferecer essa funcionalidade para os nossos assinantes que vão para o exterior”.

WiFi popular

Um ponto interessante da estratégia da TIM é que ela se propõe também a “popularizar” o WiFi. “A capilaridade do WiFi hoje é premium, em aeroportos, bares e restaurentes onde circulam pessoas de maior poder aquisitivo. Nossa estratégia é também colocar hotspots em áreas mais populares, como fizemos na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro”, pontua.

O teste-piloto da Rocinha foi lançado no final de dezembro e, após os ajustes necessários na rede, entrou em operação comercial dia 1º de fevereiro. A fibra da Atimus já chegava na borda da comunidade e a TIM usou uma arquitetura Mesh (em que um hotspot serve de conexão a outro hotspot) para espalhar a cobertura. O Complexo do Alemão, também no Rio, receberá o TIM WiFi em breve.
Para o executivo da TIM, o “pulo do gato” é a simplicidade. “O TIM WiFi é uma continuação do 3G sem complicar a vida do usuário: está embutido no custo de dados e usa um modelo de autenticação automática através do SIMcard”. A tele também terá autenticação via portal com uso de login e senha, mas a autenticação primária será com a tecnologia EAP-SIM. “Para garantir que a autenticação automática seja massificada, estamos desenvolvendo um aplicativo em Android e em Java para atender à base legada de smartphones sem EAP-SIM”, revela Marquez.

A operadora regional Algar Telecom, por sua vez, passou a oferecer acesso gratuito WiFi em 130 hotspots em pontos estratégicos de Uberlândia (MG) e se prepara para estender o serviço para Uberaba (MG) e Franca (SP). “A intenção é garantir uma experiência diferenciada para o usuário e promover uma mobilidade parcial de clientes de banda larga fixo”, diz o diretor de operações e tecnologiada Algar, Luis Lima. A meta é chegar a 500 pontos de acesso ainda em 2012 e a 2,5 mil hotspots em dois anos.
“Temos também o Projeto Minas, de ampliação da rede móvel para cidades das áreas que conquistamos com o leilão da banda H e usaremos WiFi para expandir essa cobertura e fazer off-load de tráfego”, conta Lima. O analista de telecom da Algar e engenheiro responsável pelo projeto de WiFi da operadora, Nelson Orozimbo, ressalta, contudo, que a estratégia de off-load ainda está em estudo. “Há questões de interferências, cobertura e locais de instalação que ainda precisamos avaliar”. Uma vez posto em prática o uso do WiFi para off-load, Lima estima que o total de hotspots possa chegar a 10 mil, em vez dos 2,5 mil previstos em dois anos.
Hoje a autenticação nos hotspots da Algar é feita pelo portal da CTBC, mas a tele estuda também fazer a autenticação automática pelo SIMcard e o roaming entre hotspots da própria operadora e de outras, por meio de acordos comerciais.

Estratégia conjunta

Na Claro, a estratégia de WiFi está sendo tocada em conjunto com a operadora de TV a cabo Net Serviço, uma vez que ambas são controladas pela América Móvil.
Os usuários da operadora móvel já podem usar a infraestrutura de WiFi que está sendo instalada pela Net Serviços nas principais regiões metropolitanas do País.
“Utilizaremos a grande capilaridade das redes HFC da Net e a rede IPRAN da Claro para trazer o tráfego dos acess points até o core WiFi da Claro”, afirma o diretor de plataformas e rede da tele, Márcio Mendonça Nunes. Dessa forma, todo o tráfego de dados 2G, 3G e WiFi é incluído no mesmo sistema de billing, permitindo que a operadora aplique, por exemplo, políticas de degustação no 3G ou a gratuidade de acesso a redes sociais.
A prioridade da Claro, entretanto, não é o offload. Para o gerente de SVA da tele, Rafael Lunes, o papel da operadora celular é também de popularizar o consumo de vídeo. “Os smartphones podem ser set-tops de bolso e, com uma cobertura de banda larga móvel de qualidade somada à rede WiFi da Net e uma solução de distribuição de conteúdos proprietária (em referência a conteúdos da Net Serviços e da Claro TV, ex-Via Embratel), podemos trabalhar com tarifas diferenciadas ou mesmo isenção de tarifas para esse tipo de tráfego”, revela Lunes.
A Vivo, por sua vez, líder de mercado em total de usuários móveis no Brasil, ainda não anunciou publicamente sua estratégia para WiFi. O diretor de planejamento técnico da tele, Átila Araújo Branco, reconhece que o WiFi pode garantir melhor experiência do assinante em locais de grande densidade, mas afirma que o modelo de negócios ainda não está definido. “Estamos testando a tecnologia há seis meses e posso dizer que funciona. É o caminho e estamos próximos de lançar o serviço comercialmente, mas ainda não definimos o fornecedor dos equipamentos”, revela Branco.

É bom, mas não é perfeito

Ao mesmo tempo em que operar em faixas não-licenciadas de espectro torna o WiFi uma solução economicamente atraente, também o torna frequentemente sujeito a interferências.

A faixa mais poluída é a de 2,4 GHz, frequência em que também funcionam, por exemplo, fornos de micro-ondas, fones Bluetooth e telefones sem fio, além de operações de banda larga com a tecnologia spread-spectrum e centenas de milhares de redes domésticas. Hoje, a maior parte dos rádios para access points e novos smartphones tablets e laptops já vêm com a opção de usar também WiFi na faixa de 5,8 GHz. A faixa é mais “limpa”, mas como toda frequência mais alta, tem raio de cobetura menor e demanda um número maior de antenas.
“Existem soluções de análise e otimização do uso do espectro que selecionam os canais mais limpos para a transmissão WiFi, ajustes de potência e outras funcionalidades, mas ainda assim há um limite e pode ser que em um lugar de alta demanda em que várias teles instalem seus próprios equipamentos WiFi haja colapso do espectro e interferências entre os equipamentos de forma que nenhuma consiga prestar o serviço”, alerta Jesper Rhode, da Ericsson, que no início do ano anunciou a aquisição da fabricante de equipamentos WiFi canadense BelAir.

“A interferência nas redes não-licenciadas é uma realidade. Verificamos muito problemas hoje mesmo nas redes WiFi domésticas de nossos clientes, o que acaba prejudicando a percepção de qualidade da banda larga fixa”, reconhece o diretor da Algar, Luis Lima. Mas na opinião dele, as interferências podem ser minimizadas. “Está havendo um forte movimento na indústria de protocolos e características dos access points para mitigar essa interferência, usando canais mais limpos em 5,8 GHz, soluções de beam forming e antenas MIMO que direcionam o sinal para os dispositivos que estão utilizando a rede WiFi”.
Para Márcio Nunes, da Claro, o uso de access points mais inteligentes que consigam detectar a interferência e trocar a frequência utilizada automaticamente é importante para garantir a qualidade nas redes WiFi. “É importante também ter um controller que possa fazer a administração centralizada dos access points de forma que qualquer problema seja rapidamente identificado e resolvido”, complementa.
Outra solução para eliminar a interferência, segundo Rhode, seria o compartilhamento da infraestrutura sem fio em grandes centros de demanda, mantendo as redes WiFi de diferentes operadoras separadas apenas em nível lógico. Isso já acontece nos aeroportos brasileiros, cuja infraestrutura wireless é da própria Infraero. “Esse tipo de compartilhamento está sendo adotado nos Estados Unidos e na Europa, mas por aqui, tirando o caso dos aeroportos, o compatilhamento ainda não está na pauta imediata das operadoras,” avalia Jardim, da PromonLogicallis. “As empresas estão apenas iniciando suas implantações e ainda buscando estratégias individuais. Podemos fazer uma analogia às ERBs: tecnologicamente é possível, mas ainda não vemos um movimento de compartilhamento de infraestrutura por ser tudo ainda embrionário”, reconhece Abel Camargo, da Oi. A diferenciação entre as operadoras em um cenário de compartilhamento de acess points, complementa Nunes, se daria pelos serviços oferecidos por cada uma.

A única iniciativa que parece estar tomando forma para o compartilhamento de infraestrutura WiFi diz respeito à cobertura dos estádios que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014. Existe ainda o grande risco de que os equipamentos de hotspot WiFi de uso profissional, instalados pelas operadoras em postes e em elementos de rede externa, acabem causando interferências e inviabilizando o uso doméstico do WiFi. Nesses casos, o melhor é torcer para que o off-load WiFi não aconteça no poste em frente à sua casa.

Tecnologia em evolução

Ao que tudo indica, os benefícios do off-load WiFi não devem ficar restritos ao tráfego de dados. Soluções para o escoamento de voz móvel e SMS para as redes fixas já começam a aparecer no mercado. Um exemplo é a solução da Syniverse WiFi Talk & Text (WiTT). O vice-presidente sênior para Caribe e América Latina da Syniverse, Pablo Mlikota, explica que a WiTT é uma solução baseada em software que permite que, ao entrar em um hotspot WiFi, os smartphones passem a realizar e receber chamadas e enviar mensagens utilizando o protocolo SIP. A migração entre redes é transparente para o usuário, feita automaticamente pelo dispositivo a partir de um aplicativo instalado no smartphone. “No momento, temos o aplicativo desenvolvido apenas para o sistema operacional Android, mas já estamos trabalhando no desenvolvimento para BlackBerry e iOS”, conta Mlikota. O aplicativo não funciona sozinho, contudo. A operadora precisa instalar uma plataforma em sua rede para permitir a conversão da voz e do SMS para o protocolo IP.

Outro desafio importante das redes WiFi, sobretudo em ambientes doméstico em que cada vez mais dispositivos estarão conectados, é ampliar a velocidade para algo equivalente à das redes Gigabit Ethernet, hoje já comuns em roteadores residenciais. A evolução do protocolo WiFi para o padrão 802.11ac parece ser o próximo passo. A ponto de empresas como a Qualcomm, tradicional fabricante de chipsets para redes móveis, ter recentemente adquirido a empresa de WiFi Atheros para desenvolver a tecnologia e integrá-la em seus chips.

---------------------------------------

Leia na Fonte: Website de José Roberto de Souza Pinto
[27/05/13]  Você acessa a Internet com tablet ou celular via rede 3G ou Wi-Fi? - por Jose Roberto de Souza Pinto

Caro amigo Hélio e pessoal dos grupos

Escrevi este texto há cerca de uns dois meses, mas resolvi não publicar.

Mas hoje, com os recentes dados publicados sobre a qualidade do acesso das operadoras móveis as redes de dados (Tele.Síntese: Acesso a rede de dados das operadoras móveis ainda é deficiente, após 6 meses de acompanhamento), vejo que vale gerar algum tipo de incentivo para a disseminação das redes Wi-Fi.

Neste período algumas iniciativas de Empresas de TELECOM e do governo de São Paulo, que está fazendo uma licitação para implantar uma rede de Wi-Fi, foram divulgas, o que indica que este pode ser um caminho.

Apesar de ser um texto simples sem muita tecnologia, vale conferir pelo ganho que esta solução pode propiciar no acesso a Internet em alta velocidade. Adiciono também a diferença de qualidade de acesso que pude pessoalmente observar em recente viagem ao Peru, onde esta solução Wi-Fi está muito mais difundida que no Brasil.

Vejam a seguir.

sds
Jose Roberto de Souza Pinto

-------------------------------------------------

Leia na Fonte: Website de Jose Roberto de S. Pinto
[27/05/13]   Você acessa a Internet com tablet ou celular via rede 3G ou Wi-Fi? - por Jose Roberto de Souza Pinto - por Jose Roberto de Souza Pinto

Se você ainda não percebeu, verifique qual dos dois acessos, a Rede 3G das operadoras celulares ou um ponto de acesso Wi-Fi, você se utiliza mais.

Mas verifique também em qual dos dois acessos você tem maior velocidade e qualidade no serviço.

Mesmo em casa quando você quer ver uma mensagem que está esperando ou mesmo uma notícia e não está perto do seu laptop ou desktop, você consulta do seu celular a Internet via Wi-Fi, que está disponível no seu roteador e ligado a um provedor via um acesso de banda larga,que é fornecido por uma operadora, como por exemplo a NET, GVT, TELEFONICA,Oi e muitas outras.

Quando você está viajando, em aeroportos, ou em pontos de grande circulação, como shopping centers, restaurantes, cafés e locais públicos, você não tem dúvida que está usando uma rede Wi-Fi.

No Brasil a qualidade dos serviços prestados pelas redes móveis celulares tem deixado a desejar, seja para a simples comunicação telefônica ou principalmente para a utilização da rede para acesso a Internet.

Quando você tem dificuldade para completar uma ligação telefônica ou a taxa de transmissão de dados para uso da Internet é baixa é porque tem muitos usuários tentando fazer o mesmo naquela área de cobertura de uma estação radio base (ERB) da operadora celular. Pode-se dizer então que existe um congestionamento quando a oferta de serviço é inferior a demanda requerida pelos usuários.

Se você está em um local onde existe um ponto de acesso Wi-Fi, você nem nota este congestionamento e faz o acesso a Internet sem grandes dificuldades.

Certamente as Operadoras do Serviço Móvel Celular estão ampliando as suas redes e a sua capacidade de oferta de serviços nas tecnologias 3G já disponível e em breve na 4G, mas este serviço custa caro ainda porque requer grandes investimentos fora o custo das licenças de radiofrequência que foram adquiridas junto a ANATEL e o acesso Wi-Fi é gratuito. Não temos dúvida que a instalação de uma rede de pontos de acesso Wi-Fi também é custosa e certamente para quem investiu, deve haver algum tipo de retorno desse investimento. Seja num aeroporto ou num shopping center, de alguma forma este investimento está tendo retorno, pela comodidade com que o estabelecimento está atendendo aos seus clientes consumidores.

Mas realmente aonde pretendemos chegar com estes comentários?
As redes Wi-Fi 802.11ac, seguindo este novo padrão, estão chegando e poderão oferecer velocidades de Gibabit com várias vantagens.

Hoje, o padrão 802.11n é o adotado na grande maioria das redes, mas a nova tecnologia wireless vai permitir velocidades de até 1.300 Mbps na frequência de 5 GHz, duplicando a atual especificação que garante produtos operando a até 600 Mbps.

A utilização de laptops, tablets e terminais celulares para acesso a Internet já é uma realidade e todas as previsões indicam crescimento vertiginoso destes em número de aparelhos.

Penso que as necessidades da sociedade em termos de acesso a informações são crescentes e a Internet se tornou o veiculo de comunicação, que está sendo utilizado para as mais diversas aplicações envolvendo serviços públicos providos pelos governos, atividades privadas, sem falar no mercado eletrônico para aquisição de produtos e serviços via Internet.

Estas necessidades são crescentes em termos de serviços e principalmente em termos de banda de passagem ou taxa de transmissão.

Desta forma, se queremos prover toda a sociedade de acessos em banda larga, porque então não investir maciçamente em redes de pontos de acesso Wi-Fi, como forma de disponibilizarmos este acesso e assim estaremos criando uma universalização que é um objetivo, diria indiscutível.

Estamos aí diante de um possível plano ou programa de investimentos que seria objeto de incentivos da Agencia Reguladora e do Ministério das Comunicações. Falta contudo, um pouco de planejamento e gestão que poderia vir na forma de organização, no sentido de promover, conhecer e divulgar todas as iniciativas de projetos de redes Wi-Fi.

Todos os provedores de serviços de Telecomunicações e Internet poderiam participar da construção e ampliação desta rede, considerando que o interesse é comum de ampliação do mercado e da melhoria da qualidade dos serviços prestados.

A questão dos recursos seria objeto de uma analise mais detalhada dos interesses e possíveis retornos destes investimentos, podendo-se até em algumas situações utilizar recursos públicos e o FUST.

De forma alguma estamos imaginando que a rede de 4G não vai ser um grande avanço para o acesso a Internet, mas uma cobertura ampla de Wi-Fi, pode ser sem dúvida complementar e de grande utilidade para criamos uma sociedade conectada e em banda larga de alta velocidade.

Jose Roberto de Souza Pinto, engenheiro, mestre em economia e consultor.