WirelessBRASIL

WirelessBrasil  -->  Bloco Tecnologia  -->  MVNO - Mobile Virtual Network Operator  -->  Índice de artigos e notícias --> 2011

Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo


Leia na Fonte: e-Thesis
[07/02/11]  MVNO no país: oportunidade não imediata, mas real - por Jana de Paula

Desde os idos de 2002 se fala na implantação das redes móveis virtuais no Brasil. Assim, quando a 18 de novembro passado, o Conselho Diretor da Anatel aprovou o Regulamento Sobre Exploração de Serviço Móvel Pessoal por meio de Rede Virtual (MVNO) deveria haver uma verdadeira corrida para o lançamento destas redes, certo? Nem tanto.

Até agora, nenhuma MVNO foi lançada e os nomes da operadora GVT e da rede de varejo Carrefour ainda encabeçam a lista dos primeiros candidatos, lista esta a que foi acrescida a Nextel que, especula-se, deve se interessar em vender parte do espectro recém adquirido (banda H) para operadores virtuais móveis. Mas, esta aparente apatia pode ser enganosa e há movimento junto aos clientes e prospects dos grandes fornecedores de soluções. "É inegável que as MVNOs têm impacto importante no mercado, pois faltam serviços de qualidade", avalia Renato Osato, vice-presidente da Amdocs, multinacional que atua há 25 anos no negócio de MVNO.

O fato, acrescenta Osato, é que os interessados deixaram a fase das perguntas genéricas e agora partem para as específicas, o que demonstra, segundo o executivo, que o interesse pode não ser imediato, mas é real. Assim, o mercado brasileiro já deve conhecer as primeiras MVNOs daqui a seis a oito meses e, em dois anos, a expectativa é de que haja uma dezena de operadoras móveis virtuais no país. A aparente morosidade se deve, entre outros fatores, ao conservadorismo típico dos setores mais interessados, ou seja, bancos e varejo.

"Uma empresa que quer ser MVNO pensa, primeiro, na qualidade do serviço ao qual vai associar sua marca. Além disso, ninguém quer um mercado menor do que 1 milhão. Ao contrário, a maioria quer um mercado de 4 a 5 milhões de clientes", acrescenta Osato.

Mas, as candidatas a MVNO devem avaliar a realidade do mercado local. Dos 190 milhões de celulares no país, em média 2 milhões devem ser atingidos pelas MVNO. E este cenário não é exclusivo do Brasil. No mercado global, as MVNO representam 2% do total de conexões móveis, ou 4,8 milhões de conexões.

MVNO e M2M

E, embora a rede móvel virtual represente a chance de empresas de outros segmentos que não o de telecom, são as operadoras móveis proprietárias das grandes marcas as detentoras do maior número de MVNOs: das 602 operadoras de redes móveis no mundo, 162 estão nas mãos das grandes MNOs [dados da SVP Advisors, GSMA e Telegeography].

Mas, os mesmos dados apontam para uma tendência interessante: dos oito segmentos avaliados (financeiro, telecom, varejo, étnico, mídia/entretenimento, negócios, roamimg e M2M), o segmento de máquina a máquina (M2M) é o único onde não existe uma única operadora de telecom entre as 11 MVNOs em operação no mundo. Se levarmos em conta que a tendência é de o mercado de M2M pular de 4 bilhões de dispositivos conectados em 2010 para 7 trilhões em 2015, se vê a importância que este segmento deve adquirir. E, de acordo com Osato, não será surpresa se muitas das grandes operadoras se esforçarem para atuar, também, neste segmento, altamente competitivo.

Nos EUA, a operadora Sprint, desde o ano passado, avalia a possibilidade de oferecer serviços para a prestação de M2M, de modo a proporcionar aos consumidores novas maneiras de gerenciar e monitorar seus negócios, vida e saúde. Empresas na Europa, Ásia e em todo o mundo consideram a rede móvel virtual na oferta de serviços M2M, como fator importante e um forte motivo para a formação de parcerias.

Mas, no Brasil, as tendências mais fortes são de uso das MVNO nos segmentos financeiro, de varejo e dos migrantes (ou segmento étnico, quando uma MVNO atua para atender a um grupo específico de habitantes de uma área urbana). E o crescimento do mercado das redes móveis no país justificou, inclusive, a abertura de um novo escritório da Amdocs, no Rio de Janeiro.

O cenário de negócios

Embora ainda represente apenas 2% das conexões móveis em todo o mundo, muitos analistas de mercado inserem as MVNOs como elemento facilitador para os grandes problemas enfrentados pelas operadoras de telecom. Na América Latina, está previsto um acréscimo de 146 mil usuários de internet móvel (banda larga móvel e celular), sendo 60% destas conexões serão realizadas pelo celular.

Como atenta o Pyramid Research, a transferência de dados móveis tende a crescer ininterruptamente nos próximos anos. Diante da constatação de que a tarifa fixa (flat rate) é um tiro no pé; e de que os dados móveis consomem 30% de toda a capacidade da rede, fornecedores de soluções apostam em saídas como a chamada ‘monetização' dos dados móveis (ou seja criação de novos serviços que tragam mais receita) e a otimização e expansão das redes de 3G/4G (LTE, WiMAX, FTTx etc.). Neste cenário, as vendas dos smartphones têm o seu lugar. Dados do Pyramid apontam que em 2015 38.7% do total das vendas de dispositivos na América contra 8,6% em 2010.

É sob este cenário que a Amdocs aposta no crescimento dos serviços gerenciados em geral e das MVNO em particular. De acordo com Manuel Briseño, diretor de Marketing da companhia para a América Latina e Caribe, as operadoras buscam o serviço gerenciado por uma série de fatores, dos quais os principais são a necessidade de geração de receita, melhoria da competitividade, redução do Opex, migração tecnológica, eficiência operacional e, sobretudo, para se modernizar e melhorar a experiência do usuário

Mas, para que a disseminação das MVNOs ocorra sem maiores sobressaltos, dois fatores devem ser avaliados com cuidado. O custo do handset é o primeiro deles. Como uma grande loja de varejo poderá colocar um dispositivo móvel na mão de cada cliente seu, se a tendência é de o subsídio dos dispositivos inteligentes se tornar cada vez mais custoso para as operadoras?

A segunda equação a ser resolvida é quanto ao modelo de cobrança. Como manter a tarifa fixa num serviço de dados sem ser penalizado? Renato Osato concorda que é preciso "um modelo equilibrado de cobrança" que passa pela otimização da capacidade das redes [HSPA+?] e por sistemas de billing modernos e atualizados. E, embora reconheça que as redes de 4G tenham características mais ideais para este tipo de modernização da capacidade da rede e da forma de cobrança, Osato afirma que já é possível se implantar estas inovações nas atuais redes 3G. "3G já é banda larga. Já se pode fazer um preço diferenciado", conclui ele.