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Fonte: Tele.Síntese
[15/01/13]  Com PGMC, Algar Telecom vê recuperação na telefonia móvel (Entrevista com Divino Sebastião de Souza, diretor-presidente do grupo Alvar) - por Marina Pita

Divino comenta impacto do PGMC para Algar Telecom

A CTBC está vivendo um momento importante para seu negócio de telecomunicações. Acaba de emitir debentures, com uma procura 60% maior do que o esperado, e será uma das beneficiadas do modelo de regulação assimétrico das telecomunicações no Brasil, inaugurado com o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), aprovado pela Anatel. Em entrevista exclusiva ao TeleSíntese, o diretor-presidente do grupo, Divino Sebastião de Souza, comenta as mudanças e as expectativas para 2013.

Tele.Síntese – Vocês apresentaram até agora o balanço do terceiro trimestre. Qual a expectativa para o fechamento do ano de 2012?

Divino Sebastião de Souza – O primeiro semestre não foi bom para ninguém, depois houve recuperação. Não podemos adiantar nada, mas os acompanhamentos gerenciais mês a mês foram bons. O último trimestre deve ser melhor do que o terceiro.

Tele.Síntese – Chamou a atenção nos últimos resultados apresentados, o crescimento de UGRs inclusive na telefonia fixa. O senhor poderia comentar essa tendência?

Souza - Sabemos que a receita na telefonia fixa está caindo, mas a demanda por linhas cresce. No nosso caso são dois fatores de crescimento, uma expansão no varejo com as novas localidades atendidas em Minas Gerias, onde fizemos trabalho muito forte em bundling [combinação de produtos em pacote] e o outro fator é a expansão da nossa área de empresas, com novas localidades atendida. Neste caso, temos plano de numeração para cada cliente, com volumes maiores.

Tele.Síntese – Essa atuação como autorizada, voltada ao mercado corporativo, foi melhor do que a de concessionária em 2012? Há planos de expansão?

Souza - Na área B2B, em que atuamos como autorizatária, o primeiro semestre de 2012 não foi muito bem. Fechamos justo, dentro do planejado. Mas, no segundo semestre, já registramos uma recuperação boa. Havíamos planejado crescer em torno de 27% e isso aconteceu no segundo semestre, quase repetindo ano passado que foi de 30%. Mas o primeiro semestre realmente não foi bom.

Tele.Síntese – E em termos de expansão geográfica?

Souza - Estamos sempre expandindo radialmente ao longo do nosso backbone. Expandimos para cidades em torno de Campinas como Valinhos, Jundiaí e também na região de Ribeirão Preto, indo para Rio Preto, Araçatuba e São Carlos. Vamos continuar com essa estratégia.

Tele.Síntese – Alguma área prioritária para expansão da rede em 2013?

Souza - Continuaremos com a expansão radial, concentrada no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Tele.Síntese – Mas neste ano, o maior impacto no negócio da CTBC deve mesmo ser o PGMC. Certo? Vocês já conseguiram avaliar o impacto do plano no negócio?

Souza - Estamos avaliando com muita cautela. Perdemos muito market share no celular nos últimos anos por falta de assimetria, havia um descompasso de competição, com a criação dos clubes exclusivos e as pequenas operadoras sem ter como competir. Já tivemos participação muito grande em alguns municípios onde fomos pioneiros. Hoje, porém tem uma participação pequena e casos como o de Franca [município do interior de São Paulo] onde temos apenas 8% de market share. Agora, com o PGMC, esperamos recuperar um pouco, mas não vamos equilibrar com as grandes.

Tele.Síntese – Mas, já neste momento, o que o senhor poderia afirmar quanto ao PGMC?

Souza - Podemos dizer que agora nossos clientes não precisarão ter vários chips. Não ficaremos com nenhum ganho por conta da redução de custos com o PGMC, repassaremos tudo ao cliente. Isso é uma coisa boa, uma demonstração de como uma política de governo pode beneficiar diretamente o consumidor.

Tele.Síntese – Como foi este repasse?

Souza - O nosso cliente que pagava R$ 1,20 ou R$ 1,30 por minuto em chamadas para outra operadora já passou a pagar R$ 0,20 por ligação por tempo indeterminado. Primeiramente esta oferta é só para clientes pré-pagos, mas será estendida também para o pós-pago em fevereiro.

Tele.Síntese – O senhor acredita que o VU-M e roaming são os pontos centrais do PGMC para a companhia? E o que pode falar sobre este segundo ponto?

Souza – Para nós, estes são os pontos centrais do plano. Sobre o roaming, ainda estamos esperando as ofertas de referência das operadoras, que devem ser apresentadas até maio para que a Anatel possa mediar a oferta. Se as operadoras não apresentarem nada até lá, talvez a Anatel tenha que atuar.

Tele.Síntese – Mas o que deve mudar para a CTBC?

Souza – Hoje há um descompasso muito grande neste quesito [roaming]. Nós só vendemos celulares para quem mora dentro da nossa área e não viaja. Para quem viaja é complicado vendermos porque o custo é muito alto. Atualmente devolvemos dinheiro para os nossos clientes porque sabemos que não há condição de pagar a conta. Além do custo que tenho de pagar para as operadoras, temos este custo extra de deixar de cobrar o cliente que recebe conta de R$ 6 mil de dados. Sabemos que ele não vai pagar.

Tele.Síntese – E como o senhor vê o impacto dessa mudança na competitividade da Algar Telecom?

Souza - Esperamos que as operadoras ofereçam o preço que cobram de seus clientes. Não queremos benefício maior do que esse: o preço que cobram dentro da rede para seus clientes. Queremos apenas justiça. A redução de custo, repassaremos integralmente para nosso cliente

Tele.Síntese – No terceiro trimestre vocês já registraram uma queda no Arpu por conta do VU-M. O que podemos esperar para o próximo período?

Souza - Teremos uma queda da receita pela interconexão, mas esperamos que os benefícios com as novas regras do PGMC compensem. Uma coisa é clara. Não adianta manter receita e ter um custo muito maior. Espero equilibrar essas coisas. Espero não haver queda em lucro.

Tele.Síntese – Com os benefícios do PGMC, vocês pensam em dar um outro salto em telefonia móvel e avançar no sentido de um MVNO, por exemplo?

Souza - A lei de MVNO ficou meio complicada porque depende muito dos dois lados quererem. Nós sempre tivemos interesse em nos tornarmos operadoras virtuais, para complementar planos e pacotes empresariais. Nunca pretendemos atuar no varejo. O problema é que não temos oferta, o que as operadoras apresentam hoje torna impossível ser operador virtual. A legislação deixou essa negociação apenas entre empresas, não há obrigação de empresas que têm rede cederem para outras. E como as operadoras nos enxergam como competidoras, fica difícil.

Tele.Síntese – E em termos de TV paga?

Souza - Estamos fazendo testes do ISP TV com três pequenos provedores até fevereiro, é uma oportunidade de garantir a esses provedores de internet regionais a oferta de pacotes. Para nós agregaria como um canal de distribuição da nossa TV, já que nossa autorização é nacional e precisamos de volume para negociar custo com as distribuidoras.

Tele.Síntese – Quantos pequenos provedores estão interessados?

Souza - Temos 400 provedores interessados em serem distribuidores. Estamos fazendo piloto para testar billing, qualidade do serviço, transações e etc porque este projeto não pode dar errado. No final de fevereiro vamos fazer uma avaliação para ver se vai em frente ou se serão necessários ajustes. O certo é que precisamos olhar tudo nos detalhes.

Tele.Síntese – Enquanto isso, como vocês têm se adaptado à lei do SeAC?

Souza - Quanto ao SeAC, neste momento, temos dificuldade de incluir os canais regionais porque a nossa provedora de satélite, a Midia Networks, não tem esse espaço para comportar canais. Estamos à espera de rever a posição de satélite.

Tele.Síntese – Mas então vocês estão com problemas em cumprir com as obrigações estabelecidas na lei?

Souza - Algumas emissoras autorizaram a gente a ter o canal nacional, mas teve uma emissora que não permitiu, que quer que coloquemos no lineup o canal regional e isso tem dificultado.


Tele.Síntese – Mas isso tem gerado problemas com a agência reguladora?

Souza - Se eu tiver problemas técnicos, eu psso subir um sinal só. Mas, se a operadora contestar, também tenho que obedecer a quem gera o sinal. Estamos obedecendo a lei, bem dentro do que foi regulamentado. Até o final de fevereiro, não conseguiremos subir algumas emissoras, não tem viabilidade técnica.

Tele.Síntese – Isso vai gerar elevação de custo?

Souza - Sim e não vamos repassar o custo. Nossa expectativa é que ao transmitirmos todos os canais abertos, consigamos mais clientes e, com isso, diluir este custo adicional de satélite e de operação.

Tele.Síntese – O governo tem lançado uma série de iniciativas para incentivar a economia e o setor de telecomunicações. O Grupo Algar já está recebendo benefícios da desoneração de folha de pagamento, no caso de contact center, conforme citado no balanço do terceiro trimestre. Além disso, a CTBC será beneficiada de algum outro programa?

Souza - A desoneração em TI é provisória, torcemos para não terminar porque os clientes não vão querer recompor preço e estamos trabalhando como se fosse algo permanente. Esta medida ajudou muito na operação da empresa. Agora estamos pleiteando financiamento para alguns projetos de infraestrutura pra telecom e TI com uma taxa menor do BNDES. Já estamos com autorização, não deve haver problema na liberação dos recursos.

Tele.Síntese – Poderia falar quais seriam estes projetos de infraestrutura?

Souza - Não posso. Acabei de emitir debentures, estou no mercado aberto, então não posso falar.

Tele.Síntese – E qual sua avaliação deste processo?

Souza - Tivemos 60% acima do que estavamos propondo de investdores querendo comprar o nosso papel. Isso é muito bom, mostra que há confiança na empresa.

Tele.Síntese – Falando em companhia aberta, vocês divulgaram um comunicado sobre a possibilidade de reestruturação societária.

Souza - O SeAC proporciona que você possa juntar operações de cabo e satélite no CNPJ da companhia e estamos analisando isso. Já temos autorização da Anatel, mas podemos fazer ou não. Em vez de dois CNPJs seria um dentro da mesma natureza do serviço. Nessa situação que estamos trabalhando aqui.

Tele.Síntese – Qual a importância do cabo para a CTBC?

Souza - Dos 220 mil clientes de TV, 39 mil são clientes de cabo, concentrados em Uberlândia e Araguari.

Tele.Síntese – Pensa em ampliar a rede de cabo?

Souza - Em Uberlândia estamos fazendo expansão por cabo e entregando de 10 Mbps a 100 Mbps. Já tínhamos uma rede boa no município, mas ampliando para toda cidade. Além disso, implantamos um parque de antenas e estamos oferecendo 44 canais HD em satélite. Isso já estamos começando a distribuir no cabo e cabo coaxial juntamente com os 10 Mbps. Em breve, teremos a oferta suprassumo em Uberlândia,Uberada, Franca e Patos. São as primeiras cidades.

Tele.Síntese – E a CTBC está realizando testes em LTE?

Souza - Estamos testando HSPA+ e em varias localidades já temos a oferta de acesso a dados apelidada de 3,5 G funcionando.

Tele.Síntese – Então trabalhando com quais fornecedores?

Souza – Huawei, em geral, mas Ericsson em Minas Gerais, onde fizemos uma expansão de HSPA+.