FERNANDO NETO BOTELHO

TELECOMUNICAÇÕES - QUESTÕES JURÍDICAS

Fevereiro  2005               Índice (Home)


01/02/05

Notícia sobre o FUST

----- Original Message -----
From: Fernando Botelho
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br ; Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, February 01, 2005 9:57 AM
Subject: [wireless.br] Notícia de hoje sobre o FUST
Prezados,
Abaixo, notícia de hoje, do "Valor", sobre o Fust.
Embora a experiência vá-nos demonstrando que notícias como esta, que anunciam a iminência de aplicação do FUST, acabam constituindo, infelizmente, etapa de rotina na (ainda triste) "vida do Fust", pois editadas aos borbotões até hoje sem efetiva realização, não deixa de ser um "vento a favor" no abrir do novo ano o anúncio, feito pelo MINICOM.
O problema é que contém a nota uma outra novidade (mais uma, além do antigo formato-edital-ANATEL que não deu certo, e da mais recente proposta SCD, que também não deu certo, segundo o que a própria notícia abaixo indica) e a novidade será, diz a notícia, uma certa realização de licitações estaduais e municipais, para decisão sobre projetos FUST (se é que eu entendi corretamente a proposta descrita abaixo....os colegas poderão conferi-la melhor).
Não sei como, sinceramente, se irá elaborar coisa como essa, do ponto de vista jurídico e regulatório, pois a lei do Fust é clara no sentido de ser ele provido por recursos exclusivamente federais e finalísticos (isto é, não podem ser empenhados em setor ou nível administrativo diverso daquele que se identifique com as telecomunicações, cujos serviços são de competência exclusiva da União, e, não, dos Estados ou dos Municípios) além de haver, já editadas há bastante tempo, normas expressas-regulatórias (da ANATEL) disciplinando todos os passos para a aplicação desses recursos/FUST pela Agência, que não é descentralizada, ao contrário, constitui autarquia federal ligada à administração centralizada da União (em Brasília).
Além disso, a Constituição Federal não permite trespasse de recursos orçamentários federais para níveis dos Estados e Municípios.
Portanto, o ponto, digamos negativo, porque questionável, da notícia abaixo passa a ser esse novo "modus operandi" que terá localizado o Minicom para a realização da proposta/FUST.
Mas a notícia em si é, claro, ótima.
O receio é apenas o de que mais uma novidade conceptiva do FUST acabe por renovar caminhos anteriores: ou deságüe novo na Justiça (como ocorreu com o seu primeiro e único edital, do governo anterior), ou, em impossibilidade (como ocorrido, agora, com o SCD, do governo atual).
Abs.,
Fernando Botelho

Comunicações
Fundo tem R$ 3,386 bi e é destinado à inclusão digital
Ministério prepara projetos para utilizar verbas do Fust
Heloisa Magalhães Do Rio

Lustosa: "Programa de inclusão digital é uma das meninas dos olhos do Lula"

O Ministério das Comunicações está detalhando proposta para que, finalmente, os recursos do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) sejam utilizados. O fundo já conta com R$ 3,386 bilhões. Criado há seis anos, o dinheiro que deveria ser destinado à inclusão digital continuou parado no caixa Tesouro.

A idéia é que, ao invés de serem feitas licitações centralizadas pelo governo federal para implementação de programa de acesso à tecnologia da informação em escolas, hospitais, bibliotecas, na área de segurança e aldeias indígenas, sejam realizadas ações pelos Estados e municípios.

"O programa de inclusão digital é uma das meninas dos olhos do presidente Lula e estamos junto com a Casa Civil elaborando uma solução", explica o secretário-executivo do Ministério, Paulo Lustosa que garante que em 2005 um programa envolvendo os recursos do Fust será executado.

Em 2003, foram arrecadados para o Fust R$ 711,190 milhões, sendo que R$ 489,604 milhões a partir de contribuição de 1% da receita bruta das concessionárias e operadoras de telecomunicações.

Já os restantes R$ 221 milhões vêm de concessões e permissões, receitas de outorgas de serviços de telecomunicações e do direito de uso de radiofreqüência. Em 2005, a arrecadação do Fust prevista pelo Orçamento da União é de R$ 529,298 milhões.

Os atrasos na implantação ocorrem desde o governo passado, quando o Congresso Nacional questionou a proposta apresentada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Nela, a maior parte da implementação do programa ficava a cargo das operadoras de telefonia e o software para os computadores teria de vir de um único fornecedor.

O secretário-executivo do ministério diz que proposta formulada pela Anatel já no governo Lula a partir do Serviço de Comunicação Digital foi um "conceito que acabou não se viabilizando de maneira objetiva".

Tornou-se polêmico e de difícil consenso. Estabelecia, entre outras medidas, várias áreas de concessão para oferta dos serviços e incluía soluções levando em conta o compartilhamento de redes, tema que ainda é motivo de discórdia no setor.

Segundo Lustosa no país há experiências vitoriosas como o governo eletrônico, serviço de atendimento ao cidadão com 3,2 mil pontos instalados e de internet em escolas, com 2,4 mil unidades atendidas. Mas o secretário reconhece que, no país, o universo a ser alcançado ainda é amplo: mais de 180 mil escolas públicas e 18 mil bibliotecas. Na proposta, o Fust irá destinar também recursos para área de segurança que, entre outros projetos, prevê a interligação dos bancos de dados das políticas federal, militar e civil, que hoje atuam isoladamente.

As concessionárias de telefonia fixa, por meio da Abrafix, associação que reúne as operadoras, ainda não foram informadas da solução que o ministério está desenhando visando realizar concorrências regionais. O presidente da entidade, José Fernandes Pauletti, disse que a Abrafix vem sugerindo que ao invés de destinarem ao Fust 1% da receita bruta as próprias empresas sejam encarregadas do investimento definido pelo governo para depois prestar contas.

 


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